sábado, 16 de março de 2024

Coisas (muito) boas

 




Rancho à Transmontana e pataniscas de bacalhau no restaurante Vale Velho, em Caldas da Rainha.




Idiotas criminosos

Estes idiotas usam à sua vontade o dinheiro dos contribuintes dos países da União Europeia, não têm (felizmente!) armas nem munições nem exércitos com que possam ir para qualquer campo de batalha, apoiam o extermínio dos ucranianos que está a ser criminosamente conduzido pelo governo de Kiev contra um adversário militar e político imparável e... estão em pânico perante a hipótese de o financiamento americano ao regime de Kiev poder cair.

É para esta porcaria que existe a União Europeia?!







Amor-ódio

Há qualquer coisa de loucura nesta cruzada (aqui, só do "Expresso" desta semana) contra o Chega e o seu milhão e cem mil eleitores.

É um jornal, nesta edição, claramente nascido da obsessão com o Chega... sem que os seus cruzados percebam que estão a promover o partido e os seus dirigentes, que tanto abominam e de que, afinal, tanto gostam.


























EDP/e-Redes: a Crónica das Trevas (110): 5h35 e 9h57


Mais apagões. Porque é que a EDP/e-Redes deixa que esta merda aconteça?!






sexta-feira, 15 de março de 2024

A greve falhada dos jornalistas

 

Jornais impressos de hoje: a greve só impediu a saída do malogrado "DN"


A greve, convém sempre que o recordemos, tinha (e ainda tem, quando é inteligentemente concebida) um único objectivo: parar a produção nas empresas e, bloqueando a saída dos produtos que devem ser vendidos, prejudicar os seus donos, no pressuposto de que não ganham dinheiro se não venderem os seus produtos.

A pouco inteligente criatividade sindical tem, às vezes, desviado o sentido da greve, voltando-a contra o público. Como se o público pudesse fazer alguma coisa para pressionar o patronato que, com o não pagamento dos dias de greve, ainda poupa dinheiro.

Depois das greves terroristas e cínicas do famoso Sindicato dos Maquinistas, há mais de trinta anos, tivemos (e ainda devemos ter) o caso do pessoal da empresa CTT: fazem greves que bloqueiam a entrega de correspondência, prejudicando directamente o público e beneficiando objectivamente a empresa, que acaba por gastar menos dinheiro.

A greve dos jornalistas, anunciada com grande espavento pelo Sindicato dos Jornalistas (que, como outras entidades do sector, serve às vezes de "sopa dos pobres" para "has beens" e jornalistas sem emprego), andou por estas águas mas numa perspectiva ainda pior. 

O serviço noticioso  não foi, verdadeiramente, interrompido. 

Ninguém foi, ontem, impedido de ver, ou ler, notícias e também não vejo que, a existir esse impedimento, houvesse muita gente a sentir-se prejudicada por isso. As empresas jornalísticas também não foram prejudicadas e, no caso dos jornais impressos, lá os têm hoje nas bancas para satisfação dos seus anunciantes, que são quem paga a imprensa escrita.

O único jornal que não saiu foi o malogrado "Diário de Notícias", onde se vai vivendo um verdadeiro PREC ao sabor das perturbações empresariais vingativas decorrentes da sua precária situação económica. Aliás, a greve parece ter sido feita em função do "Diário de Notícias", o que é uma triste ironia político-jornalística: o jornal diário mais querido do Estado Novo transformou-se num cadáver sucessivamente adiado cinquenta anos depois do 25 de Abril.

Mais do que a greve, esta ou outra, os jornalistas deviam dedicar os seus esforços a tentarem compreender o buraco financeiro e profissional em que se foram deixando enfiar. 

A crise da imprensa, real e insanável mesmo no recurso ao dinheiro dos nossos impostos, ainda pode ser ultrapassada se os seus protagonistas perceberem como o mundo mudou (e, com ele, os mecanismos de formação da opinião da população). A começar pelos jornalistas.

 



terça-feira, 12 de março de 2024

Fantasporto, 44 anos: notas de uma visita a um grande festival escondido


O Batalha, lá ao fundo

Sobe-se rua após rua, por entre turistas europeus e imigrantes hindustânicos. Não há placas toponímicas que ajudem a que um "estrangeiro" se oriente nesta zona tão central do Porto. Nem, tão pouco, o que é de espantar, cartazes ou outros suportes visíveis que nos digam que está em curso o Festival Internacional de Cinema do Porto/Fantasporto (entre os dias 1 e 10 de Março) no cinema Batalha, agora pomposamente designado Batalha Centro de Cinema. 

Mas é aí que, depois do Auditório Nacional de Carlos Alberto, o seu berço histórico, e do Rivoli (muito mais central e muito mais aprazível), esteve realmente a funcionar a 44.ª edição do Fantasporto, que deve ser o mais antigo festival de cinema a sério que ainda existe em Portugal.

O Batalha é da Câmara Municipal do Porto, parece, mas esta entidade nem sequer publicita uma mostra internacional que oferece ao Porto uma visibilidade extraordinária. 

Nesta cidade de novos hotéis de luxo e de fluxos incansáveis de turistas, as entidades oficiais parecem olhar com desprezo para o impressionante desfile de personalidades estrangeiras que vêm acompanhar os seus filmes e a não menos impressionante, e extensa, cobertura noticiosa da comunicação social estrangeira. A desatenção é de estranhar.

O sítio escolhido parece, a quem vem de fora, quase clandestino. O Batalha fica numa espécie de uma colina, sem transportes públicas e com uma pouco convidativa "sopa dos pobres" à beira. As duas salas de cinema estão bem equipadas, tecnicamente, mas o bar funciona de forma irregular. E a legião de adolescentes fardados a negro e de seguranças, todos sem jeito nem formação para lidar com o público, não ajuda.

Talvez estas circunstâncias e a chuva que ia castigando quem andasse a pé expliquem a impressão que, por vezes, tive de que o público não parecia tão interessado. Mas é inegável que o Fantasporto continua a ser um festival de cinema com duas, ou três, coisas essenciais: filmes (e já estive em festivais de cinema onde não havia nada para ver...), público e qualidade. 

Os seus directores, Beatriz Pacheco Pereira e Mário Dorminsky, podiam ter desistido do festival que criaram, mas não o fizeram. A escassez de interesse da miserável imprensa nacional e o desprezo objectivo das entidades oficiais a isso convidaria. Mas eles não desistiram. Melhores são por isso.

Conheço este festival, e outros, desde 1983 e tenho-o acompanhado, embora nos últimos anos com alguma irregularidade. Nesta jornada portuense, em que vi cerca de 40 filmes, sem conseguir acompanhar toda a programação e as suas várias secções, regressei também ao mundo de cinema (onde resido, no concelho de Caldas da Rainha, não há salas de cinema dignas). 

E desse regresso ficam aqui alguns destaques, com dois apontamentos.

Se houve cinema de grande qualidade, houve dois pormenores menos interessantes. Por um lado, encontrei diversas longas-metragens e curtas-metragens cujos autores pareceram mais interessados em expressar inquietações esotéricas em exercícios formalistas quase sem história. E o cinema, como a literatura, precisa de histórias, de ficção com princípio, meio e fim (mesmo que em aberto). Por outro lado, também passaram pelo Porto os ventos do "wokismo" (que levaram a que uma actriz fosse premiada por ser índia, representar uma mulher maltratada pelo marido e ter tendência para a obesidade...).

Do que vi, os meus destaques vão para as seguintes obras:




"Creation of the Gods I: Kingdom of Storms", do realizador chinês Wuershan, é um dos melhores exemplos contemporâneos do cinema de grande espectáculo, inteligentemente concebido e concretizado, numa festa coerente de efeitos visuais e interpretações notáveis.





"Cold Meat", de Sebastian Drouin, foi um filme surpresa, económico na narrativa, mas extraordinariamente eficaz no modo como conta a história, com sobressaltos e reviravoltas que prendem o espectador e num registo minimalista, beneficiando de actores sem falha (onde se destaca Allen Leech, um actor de rosto angelical, que entra em cena como personagem frágil e insegura, capaz de fazer das fraquezas forças para enfrentar o marido abusador de uma mulher em aflição para depois fazer pior…) e da construção de um ambiente opressivo com argumento virtuoso e de poucos diálogos, que dá o devido relevo a um dos mais importantes pressupostos das histórias de terror: o que não se vê é o que mais medo causa. 



 


"The Complex Forms", de Fabio d'Orta,  é o filme experimental por excelência, indispensável num festival de cinema. A história, e há história!, podia ser contada de uma maneira banal, mas não foi essa a opção do realizador, que preferiu o caminho mais difícil: o recurso à cenografia e aos grandes planos, a construção mecânica das criaturas ameaçadoras, uma fotografia irrepreensível a preto e branco e uma duração ainda mais difícil para a divulgação da obra: 74 minutos. É um trabalho exemplar de realização.






"Clawfoot", de Michael Day, é uma obra modesta de crime e de engano(s) que começa com obras numa casa de banho e acaba numa orgia de sangue. A história está bem construída, até ao ponto em que não é possível brincar mais com a boa fé do espectador, que também é bem enganado, e a sua actriz principal, Francesca Eastwood (filha de Clint Eastwood) é a personagem com quem os espectadores mais se identificarão, revendo-se nos seus olhos luminosos e na expressão corporal com que tenta navegar por entre os desejos violentos que nem conseguimos adivinhar e os homens ameaçadores de quem quer vingar-se. Não há personagem feminina mais forte nesta selecção de obras.






"Bayan the Assassin, MD", por agora com dois filmes no que parece ser uma série japonesa, traz-nos um assassino profissional na época dos samurais que é médico (de acupunctura) e que mata com agulhas as suas vítimas. O actor Toyokawa Etsushi, que já não é novo, interpreta esta figura perturbada com uma "gravitas" soberana. A realização é de Shunsaku Kawake.






"The Last Ashes", de Loïc Tanson, foi também uma surpresa. É um filme do Luxemburgo, com uma história de obscurantismo religioso e opressão familiar no quadro histórico das convulsões políticas do século XIX. É uma história épica com uma mulher vingadora em luta contra uma tribo familiar. As facilidades narrativas em que por vezes cai não o prejudicam.






Finalmente, a curta-metragem "Stabat Mater", de Hadrien Maton, Quentin Wittevrongel, Arnaud Mege, Coline Thelliez, William Defrance, é um elogio angustiado a uma das mais difíceis expressões culturais, a escultura, combinando a exemplaridade visual com a música, que sustenta adequadamente a narrativa.



Se os encontrarem, no cinema, na televisão ou em qualquer site, vejam-nos. E lembrem-se de que, em Portugal, foi o Fantasporto que os apresentou.


A informação sobre o Fantasporto 2024 e sobre os filmes exibidos está toda aqui.











segunda-feira, 11 de março de 2024

As eleições de 10 de Março: responsabilidade e irresponsabilidades

 



1. "Responsabilidade" tem de ser a palavra de ordem no seio da "maioria de direita" que saiu destas eleições. 

Luís Montenegro (AD/PSD) não pode excluir os mais de um milhão eleitores que deram ao Chega 48 deputados (contra os 79 da sua coligação) e o seu "não é não" tem de evoluir, mesmo que já tarde, para a responsabilidade de respeitar as opções do eleitorado. Porque o eleitorado não lhe deu maioria absoluta. O eleitorado deu maioria absoluta ao conjunto PSD + CDS + Chega + Iniciativa Liberal.


2. O Chega tem de ser responsável e André Ventura tem de apoiar (naturalmente, negociando) um governo presidido por Luís Montenegro. 

Se o fizer, sem o derrubar, poderá crescer ainda mais. Se, por birra, o derrubar... ficará mal visto entre o eleitorado que confiou nele.


3. A IL, que não cresceu como queria, tem de apoiar (tentando negociar) um governo presidido por Luís Montenegro. 

A maneira de crescer e de se afirmar um pouco mais é ficar dentro da solução governativa, de preferência com presença no Governo.


5. O PSD, o CDS, o Chega e a IL têm de fazer tudo para confirmar os seus bons resultados nas eleições europeias de Junho.


6. Se, à direita, se exige responsabilidade, o que à esquerda se vê é o resultado das desvairadas irresponsabilidades de muitos.


7. O PS foi corrido do poder, por indecência e má figura. E saiu tarde. Este afastamento era o seu destino desde 2015 e foi mais do que merecido. Quis dominar, controlar e explorar o Estado a seu bel-prazer, lucrando com a sua posição dominante e dando tudo aos seus amigos e cúmplices, e a maioria absoluta de há dois anos não lhe serviu de nada. É um partido onde convivem a sede de poder e a irresponsabilidade.


8. O BE e o PCP pagaram o custo da coligação informal com o PS. 

Bem podiam anunciar que conseguiam obter isto e mais aquilo que o eleitorado soube sempre perceber que era o PS quem tinha a chave do cofre. Portanto, para quê desperdiçar votos noutros partidos, se era mais rápido dispensar esses intermediários? A irresponsabilidade de que deram provas ignorou as lições do eurocomunismo reformista suicidário em França e em Espanha.


9. Se não tivessem amigos na imprensa e no "jornalismo de causas, nem o PAN nem o Livre teriam conseguido eleger deputados. Valem o que valem: a expressão vagamente política da opinião publicada.