sábado, 31 de dezembro de 2011

Cinema português em tempo de crise

Vale a pena atender a este comentário, Mas não há ninguém que veja isto?, de Pinho Cardão, no blogue Quarta República, sobre a afluência de público ao cinema que se faz em Portugal e a polémica a que deu origem, a partir do próprio texto. Não esquecendo - que é essencial - que nos encontramos em crise e citando, já agora, o antigo provérbio: "quem não tem dinheiro não tem vícios"...

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Porque não gosto dos CTT (10)

Hoje não tive correio - não me apareceu um dos jornais regionais de que sou assinante (a "Gazeta das Caldas"). Deve ter sido castigo por andar a criticar a empresa CTT e seus os funcionários.
Aliás já não é a primeira vez que considero a hipótese de estar a ser vítima de represálias quando não me aparece alguma correspondência em datas aproximadas de reclamações que faço.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Apontamentos sobre o "romance policial" (2)

Parece-me, às vezes, que os editores se movem por modas. O exemplo mais pertinente, neste caso, será o dos "policiais" escandinavos.
O êxito da trilogia de Stieg Larsson parece ter servido de mote a uma série de aquisições onde até pode acontecer que todas as obras sejam efectivamente boas. Mas é uma opção de vários editores que tem todo o aspecto de ser ditada pela convicção de que se o público gostar de uns nórdicos de nome esquisito também irá gostar de outros nórdicos de nomes igualmente esquisito. Ao mesmo tempo, também se verifica (o reforça a ideia das tendências de moda) que os romances "policiais" de escritores começam a ter menos presença.
Este comportamento contrasta com a sistemática ausência de autores (justamente) consagrados de outras nacionalidades e, muito em especial, de portugueses. Ou seja, daquilo que não está na moda.
E é mau que a moda se sobreponha à qualidade, sobretudo num género onde me parecem existir leitores fiéis e com interesses bem definidos.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Apontamentos sobre o "romance policial" (1)

Pessoa amiga mostrou-me há dias um livro cuja história tinha um assassínio, ou talvez vários, dois inspectores da PJ de nomes e comportamentos bizarros, uma prostituta, incursões no "submundo" e um título curioso.
Não o li (e confesso que não fiquei com vontade de o ler) e não vou por isso citar título, autor e editor para não cometer o erro de tomar a proverbial nuvem por Juno.
Não pude deixar de pensar que esta versão de "serviços mínimos" literários pode ser suficiente para contentar certas pessoas, editores incluídos, que pensam que o "romance policial" é apenas uma soma de ingredientes mais ou menos interessantes metidos numa espécie de Bimby vagamente intelectual mas muito pedante na esperança de que o resultado seja uma iguaria "gourmet". Só que nunca é.

sábado, 24 de dezembro de 2011

Nem feriados, nem mais férias, nem "pontes", nem "tolerância de ponto"...



... mas nos CTT, empresa do sector público onde os trabalhadores até gozam de um "subsídio de incómodos", já nem se trabalha na segunda-feira. Rica vida, hem?

Boas Festas em tempo de crise

FLZ NTL...!

Defendem a Constituição mas só quando lhes dá jeito...

É estranho que os sindicatos insistam tanto na defesa da Constituição (e do Estado de Direito, onde os processos disciplinares nas empresas estão sujeitos ao contraditório dos visados e dos seus defensores e em última instância aos tribunais) e depois estimulem uma greve monstruosa como a dos maquinistas, que é unicamente uma forma de pressão para que a empresa CP anule processos disciplinares (pormenores aqui).

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

O PCP no seu labirinto

O PCP idolatra a Coreia do Norte e a China. Lamenta a morte do ditador coreano. Não quer uma empresa estatal da República Popular da China (a Three Gorges - onde começou a epidemia dos zombies na "Guerra Mundial Z"...) a comprar 21% da EDP. E o seu próprio Kim Jong-Il desaparece do Parlamento na altura da votação de um voto de pesar pela morte de Vaclav Havel. Que confusão!...

Petição pela defesa da Lagoa de Óbidos

A Lagoa de Óbidos, que une os concelhos de Caldas da Rainha e Óbidos, está condenada a uma morte lenta pelo assoreamento que as obras tardiamente iniciadas há poucas semanas não vão impedir.
Esta petição é uma forma de tentar salvar um pouco do património natural (e turístico) do País.
Eu já a assinei.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

"The Hobbit": já só falta um ano...

Pode "The Hobbit", o filme em duas partes sobre a obra de J. R. R. Tolkien que antecede "O Senhor dos Anéis", ser tão bom ou melhor do que a adaptação que Peter Jackson fez da trilogia?
O filme-anúncio (que pode ser visto através do IMDB aqui) é sugestivo e, com o devido respeito por Guillermo Del Toro, talvez a sua saída do projecto tivesse sido proveitosa. "The Hobbit" tinha de ser mesmo realizado por Peter Jackson.
A estreia está prevista para Dezembro de 2012.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

O PCP e a Coreia do Norte: nada que a psicoterapia não resolva

A explicação para o triste derriço do PCP pela Coreia do Norte reside, em grande parte, no estado de orfandade geopolítica deste partido e na falta de um país que possa ser apontado aos seus fiéis como o paraíso político na Terra.
Para se distinguirem dos utopistas e sobreviverem ao trauma da destruição do Muro de Berlim, pelos próprios habitantes dos antigos "países socialistas" que deixaram de querer ser "defendidos" por essa versão europeia da Muralha da China, os comunistas portugueses precisam de um país em que possam dizer que (ainda) existe o "socialismo real". O capitalismo chinês já se nota tanto que se tornou um problema e a Coreia do Norte acaba por ser o melhor que se pode arranjar. Com a vantagem de estar longe.
Enquanto acreditarem que ainda há um paraíso ao virar da esquina, os comunistas portugueses e os seus aspirantes a "querido líder" manterão a sua fé religiosa nos "amanhãs que cantam" e a fé, como se sabe, é essencial à sobreviência de qualquer liturgia e de qualquer igreja.
Acredito que o problema se resolveria com psicoterapia mas o "Serviço Nacional de Saúde" já anda pela hora da morte...

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

A lei da bala

No concelho de Caldas da Rainha, onde resido, não há uma rede de transportes públicos que ligue as freguesias do interior entre si ou à cidade.
Onde moro não passa um único autocarro. E é frequente ver idosos ao volante de carros velhos ou dos popularmente designados “papa-reformas” porque não têm outro meio de se deslocarem.
Não é caso único em todo o país.
Até há pouco tempo eu e todos os outros habitantes desta região estávamos a subsidiar, indirectamente, todos os transportes públicos de Lisboa e dos seus subúrbios, o STCP e o Metro do Porto. Espero que o aumento dos bilhetes (que só por si, não resolve o problema da dívida acumulada que gestores e trabalhadores deixaram alegremente aumentar) tenha reduzido um pouco o nosso contributo.
Também estivemos a ajudar a pagar as SCUT, um pouco por todo o País, apesar de não as usarmos. E os que sempre as usaram e que agora protestam contra a cobrança de portagens nunca se devem ter preocupado muito com os que andavam a subsidiá-los.
E se agora sublinham os seus protestos à bala e com actos de vandalismo mais me desagrada ter andado a subsidiá-los
Estamos todos financeiramente "à rasca", não estamos?
Então que pague cada um as suas dívidas em vez de terem atitudes malcriadas "de criança" com acesso a brinquedos perigosos.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Pois, não parece que seja este o "estripador de Lisboa"...

Um investigador criminal diz, e muito fundadamente, que o enigmático (ou perturbado) José Guedes não é o famoso e ainda desconhecido "estripador de Lisboa". A ler aqui.
Como já escrevi, de facto não me parece nada.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

[risos]

Generalizou-se na imprensa portuguesa, como uma praga de ervas daninhas, a utilização da expressão "[risos]" para significar que o(a) entrevistado(a) se riu, deu uma gargalhada ou umas risadas.
Quando vejo - mesmo nos jornais mais sisudos - a dita expressão, e por mais séria que seja a pessoa entrevistada, fico sempre com a ideia de que essa pessoa começou a agitar-se e a rir-se de modo completamente palerma e descontrolado como se estivesse afectada pela doença de São Vito.

sábado, 10 de dezembro de 2011

A Touriga Nacional sabe a violeta...?!

Os vinhos feitos com a casta Touriga Nacional têm "aromas florais" e sabem a violeta; os da casta Trincadeira/Tinta Amarela sabem a ameixa-passa e a compota; os da casta Castelão/Periquita sabem a groselha, frutos silvestres e compota; os da casta Aragonês sabem a ameixas, frutos e flores silvestres; e os da casta Alvarinho sabem a avelã e a noz.
Esta sabedoria está derramada num folheto de uma campanha dos supermercados Pingo Doce que parece ter o objectivo de vender vinhos. E digo "parece" porque os exercícios de imaginação a que tanta gente se entrega para pôr os vinhos a saber a tudo menos vinho sugere que a intenção não será bem vender vinho mas talvez... compotas?

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Sessão sobre o romance policial na Festa de Natal do Comércio de Caldas da Rainha e Óbidos

No próximo sábado, dia 10, às 21h30, falarei sobre o romance policial na feira do livro do Projecto Olha-Te (um movimento da Liga Portuguesa contra o Cancro de apoio às mulheres afectadas pelo cancro da mama) no âmbito da Festa de Natal do Comércio de Caldas da Rainha e Óbidos.
A feira do livro realiza-se na Rua de Camões, 53, nesta cidade, até ao dia 1 de Janeiro, mesmo ao lado da Pastelaria Machado, e tem o apoio dos municípios de Caldas da Rainha e de Óbidos e de outras entidades públicas e privadas.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

"Estripador de Lisboa": não me parece que seja este...

... mas isto é, claro, uma mera suposição.

Mais um número da "MUDA magazine"

Já está on line aqui mais um número, o 8, da "MUDA Magazine". Em tempo de escassez de publicações culturais abrangentes e não alinhadas, a "MUDA" é um projecto a acarinhar. E é grátis!
Eu escrevo aqui (e na página seguinte) sobre a ausência de séries "policiais" portuguesas. 

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

E o carro de 86 mil euros foi comprado pelo secretário de Estado... quem?

Um indigitado ministro foi de "vespa" para a tomada de posse, como ministro (portanto, ainda não era), e saiu da cerimónia num carro oficial (depois de já ser ministro).
E apareceu agora num carro que terá o PVP de 86 mil euros. Como se costuma dizer, caíram o Carmo e a Trindade!
Os serviços do seu ministério, o MSSS, esclareceram:
"Pouco depois da tomada de posse o Ministro deixou de ter viatura oficial, em virtude da anterior ter terminado o seu Aluguer Operacional de Veiculo (AOV). O MSSS solicitou por isso à Agência Nacional de Compras Públicas (ANCP), uma viatura, tendo sido indicado que a única disponível de imediato era a viatura referida na notícia, uma vez que, já tinha o necessário concurso de aluguer, lançado e concluído por ter sido efectuado pelo Governo Anterior, sendo na altura, destinada ao então Secretário de Estado da Energia".
O esclarecimento caiu em saco roto. É costume, nestas coisas.
Mas há nele um aspecto que torna mais bizarro o silêncio que o rodeou: é aceitável que um secretário de Estado encomende (e faça o Estado comprar) um carro de 86 mil euros?
E, já agora, quem foi o excelentíssmo secretário de Estado que demonstrou um tão refinado gosto pelo luxo? Sabem? Foram à procura?
Pois foi Carlos Zorrinho, o actual presidente do grupo parlamentar do PS.
As boas almas dos vários "indignados" sectores da nossa "esquerda" parece que fizeram um esforço para não reparar. E a imprensa, que coisa tão bizarra, também não se mostrou nada interessada em, pelo menos, ir saber dos requintados gostos do ex-secretário de Estado.
É estranho, não é?

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Porque não gosto dos CTT (9)

Há alguns anos parei - convém, não é? - antes de entrar numa rotunda, numa via onde só podia entrar um carro de cada vez.
Atrás de mim vinha uma motoreta com um carteiro, que se esgueirou por entre os carros para se pôr à frente do meu, já em parte enfiado na rotunda e quando eu já levava o pé ao acelerador para poder avançar.
O carteiro avançou para a rotunda e travou de repente porque estava um carro a dar a volta e dentro da rotunda. Eu não consegui parar a tempo e dei-lhe um "toque" na motoreta. Nem ele nem a motoreta caíram. Mas lá fez a representação de estar muito magoado e que até tinha de ir para o hospital.
A PSP tomou conta da ocorrência e a coisa foi, como tinha de ser, participada à seguradora. E eu fui dado como culpado... apesar de ele se ter metido à minha frente, de ter entrado na rotunda e parado abruptamente.
A explicação da seguradora foi a do costume: "Quem bate por trás é que é culpado." Se tivessem as más experiências que tenho com  os CTT poderiam ter acrescentado: "... e ele é dos CTT, faz o que quer e safa-se impunemente".

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Um depoimento imprescindível sobre o ensino superior privado e a política

Intitula-se "O Processo 95385 - Como Sócrates e o poder político destruíram uma universidade" e é da autoria de Rui Verde, vice-reitor da Universidade Independente (mandada fechar pelo anterior governo quando se começou a perceber o tipo de licenciatura que poderia ter o anterior primeiro-ministro), numa edição Publicações Dom Quixote/Exclusivo Edições.
É um depoimento imprescindível sobre o ensino superior privado e a política, focado num "case study" tristemente exemplar e escrito com desassombro.
O Público tem aqui e aqui pormenores e alguns excertos da obra.
Já li e gostei muito. 

terça-feira, 29 de novembro de 2011

EDP – A Crónica das Trevas (1)

Apagões em Agosto:
1 de Agosto - manhã, 22h, 23h30
2 de Agosto -10h10
5 de Agosto - 21h30
17 de Agosto - 1h30

Apagões em Setembro:
12 de Setembro - 10h40
13 de Setembro - 2h30

Apagões este mês:
11 de Novembro – das 8h30 às 11h
22 de Novembro – começaram às10h07 e repetiram-se durante o dia todo
29 de Novembro (hoje) - de manhã e ao anoitecer (18h15) - por enquanto...

(Comentário aqui:EDP - incompetência, conversa da treta e incapacidade)

EDP - incompetência, conversa da treta e incapacidade

De vez em quando fico às escuras. Não há electricidade.
Os electrodomésticos queixam-se. Se não estou disposto a sacrificar uma bateria no computador portátil, tendo-a sempre a carregar, arrisco-me a perder trabalho. Parece que estou no princípio do século XIX, quando a electricidade era uma experiência.
Mas não estou. Estou em 2011, numa zona rural. Os "apagões" agora duram menos. Mas acontecem quando menos se espera e faça o tempo que fizer - sol, chuva, frio, calor, tempo seco, tempo quente, trovoadas, céu limpo, vento, ausência de vento, ondas, mar calmo, no Inverno, no Outono, na Primavera, no Verão...
Já lá vai o tempo em que a EDP justificou por carta os apagões com misteriosas e poderosíssimas trovoadas que assolariam o concelho de Caldas da Rainha. 
E também já deixou de o fazer com o pretexto dos roubos de cobre... quando eu lhes comuniquei que não havia queixa nenhuma formalizada na GNR ou na PSP locais. Tinha sido um lapso, garantiram-me. Pois, mas a justificação do cobre roubado desapareceu-lhes da ementa das justificações idiotas.
Depois de queixas pormenorizadas à Entidade Reguladora do Sector Energético, a EDP foi forçada a dizer a verdade: as infra-estruturas estavam podres e não era feito investimento na sua manutenção.
Consta que, depois de as suas infra-estruturas terem sucumbido a temporais violentos, que a EDP começou a fazer algum investimento na Região Oeste. É certo que os apagões são menos demorados (mas no passado dia 11 estive três horas e meia sem electricidade) mas continuam.
Apesar da conversa da treta (e em 2007 já tive de estar meia hora a ouvir um imbecil da dita empresa a garantir-me que os apagões eram uma coisa perfeitamente natural), a EDP continua a demonstrar a sua incompetência e a sua incapacidade de assegurar uma coisa muito simples - o fornecimento de energia eléctrica ao País todo... e não apenas aos principais centros urbanos.
Há por aí gente que se mostra muito escandalizada por a EDP ir ser privatizada a, dizem, "preço de saldo". É provável que quem acha o valor da EDP muito baixo resida numa cidade onde a alegada competência da dita empresa não sofre tantos apagões...

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Porque não gosto dos CTT (8)

É o "crime perfeito": como é que eu sei que a correspondência que me era dirigida foi desviada se não a recebo, se quem a envia não me avisa porque acredita que ela me chega e se eu não sei que alguém ma enviou?

domingo, 27 de novembro de 2011

"State of Play" - uma série admirável sobre o jornalismo e a política

Em 2003, a BBC transmitiu uma mini-série escrita por Paul Abbott e realizada por David Yates, em seis episódios, intitulada "State of Play".
A história começa com a morte a tiro de um jovem suspeito de estar ligado ao tráfico de droga e com a morte, no Metro de Londres, de uma assistente de um deputado.
O caso chega às mãos de um jornalista que já tinha trabalhado com o deputado e o assunto começa a ser investigado, quer na Polícia quer por esse jornalista, a que se associam outros quando o assunto começa a parecer demasiado complexo e mais importante do que de início parece. E, entretanto, sabe-se que a jovem era amante do deputado que preside a uma comissão parlamentar sobre política energética e o partido agita-se.
"State of Play", que salvo erro não foi exibida em Portugal, é um dos mais prodigiosos trabalhos no domínio do audiovisual (e deixem-se englobar aqui o cinema e a televisão) sobre o jornalismo, a sua dependência do poder político e a sua capacidade de ser independente. É também uma história admiravelmente construída e que cresce em interesse e tensão ao longo das quase seis horas que dura e devia ser de visão obrigatória - cá como noutros países - para jornalistas, empresários da comunicação social, políticos e agências de comunicação.








Em 2009, "State of Play" foi objecto de um "remake" nos EUA, com o mesmo título (intitulando-se cá "Ligações Perigosas"), realizado por Kevin Macdonald e interpretado por Russell Crowe. Pareceu-me interessante, na altura, mas depois de ter visto agora o original... enfim, já não.

sábado, 26 de novembro de 2011

Vinho novo

Há poucos anos, havia empresas que por esta altura lançavam no mercado vinho novo. Lembro-me de um Dão (talvez da Sogrape), de um tinto da Vidigueira (talvez da adega cooperativa local) e de um do Ribatejo. O Dão (designado por "Dão Novo") era o melhor. Agora já não há vinho novo e é pena.
Para matar saudades tenho aqui um "Beaujolais Noveau", comprado num supermercado da cadeia de origem francesa E. Leclerc, que cheira bem...

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Porque não gosto dos CTT (7)

Depois de ter visitado a estação de correios de Caldas da Rainha por duas vezes (nos passados dia 9 e 11 deste mês) e de ter passado quase uma hora nos dois dias à espera de poder levantar um registo (é a única estação do concelho para onde vão ós registos), devolvi a um serviço da dita empresa chamada "ACL - Apoio a Clientes" o aviso da correspondência, perguntando se haveria alguma possibilidade de essa correspondência ser encaminhada para um posto dos CTT na periferia da cidade´, onde há muito menos afluência de público.
Uma semana depois, recebi uma extraordinária resposta do tal "ACL" onde me garantiam que "o tempo médio de atendimento no dia 9 foi de 13 minutos e no dia 11 foi de 13 minutos e vinte e sete segundos"! E sobre o reencaminhamento... nada.
Há uma piada sobre estatísticas que diz que se eu tiver duas galinhas e o meu vizinho nenhuma, há uma distribuição equitativa de galinhas: cada um tem uma galinha.
A piada tem graça, a resposta idiota dos CTT não tem e até estou a pensar em devolvê-la com uma citação do antigo primeiro-ministro Pinheiro de Azevedo ou, então, do ex-deputado José Eduardo Martins. Ou dos dois?

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Uma bizarra greve "geral"


Bizarra greve "geral" esta que junta sindicalistas profissionais, políticos que berram muito e que trabalham pouco, trabalhadores privilegiados e gente realmente desesperada e outra muito assustada, contestatários das mais variadas colorações e confissões e, num extraordinário pico de excitação, o venerando dr. Soares e outros "compagnons de route" de José Sócrates que, em companhia de Teixeira dos Santos, também deve vir, muito naturalmente, juntar-se aos grevistas...

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Porque não gosto dos CTT (6)

Sempre duvidei do regime do “não atendeu” para os carteiros não entregarem certo tipo de correspondência, nomeadamente volumes.
Pode haver motivos muito objectivos (muitos volumes, muita carga, etc) mas isso é-me indiferente.
Há clientes (designação que a empresa CTT não compreende) que pagam um serviço e esse serviço, com frequência, não existe. Muitas vezes, a visita do carteiro é demasiado rápida para preencher o aviso de entrega e, noutras, há gente em casa. Mas “não atendeu”.
Durante vários anos tive de lidar com uma manada de carteiros que achavam suficiente espalmar uma mão em cima do conjunto de campainhas do prédio para que os interessados na correspondência, que talvez adivinhassem que eles lhes traziam, lhes abrissem a(s) porta(s).
Comprovei-o, à vista desarmada, quando o fecho da porta do prédio em que morava ficou avariado e os carteiros continuaram a fazer o mesmo, sem se preocuparem subir os cerca de vinte degraus que separavam a porta do prédio da porta do meu andar.
A coisa foi tão recorrente, e envolvendo uma carta tão imbecil cheia de “alegados” aplicados ao serviço não efectuado, que acabei por escrever ao “provedor do cliente”, enviando fotografias da distância entre a minha porta e a porta do prédio e propondo-me disponibilizar uma cadeira para o funcionário repousar, depois de subir essa monstruosidade de degraus. O “provedor do cliente” não respondeu. Não tinha, decerto, argumentos.
Curiosamente, pouco tempo depois, a estação dos CTT que utilizei para enviar, no mesmo dia, correspondência para uma empresa e para o “provedor do cliente” deve ter baralhado os registos e o certo é que o serviço do “provedor do cliente” assinou sem a menor dúvida e eventualmente com alguma expectativa o “aviso de recepção” de uma carta dirigida a uma imobiliária.
Isto coincidiu com o famoso caso do prédio dos CTT de Coimbra que foi vendido e revendido no mesmo dia e que está, ou há-de estar, para julgamento...

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Obsceno

É obsceno reduzir o problema dos acidentes mortais nas estradas ao excesso de velocidade.
Alinhar nesta filosofia é branquear a realidade e os outros problemas todos: estradas mal construídas, vias com buracos, sinalização inexistente, inadequada ou desaparecida, transformação das autoridades policiais em caixas registadoras de caça ao dinheiro das multas, fiscalização técnica, médica e policial absolutamente desadequada, limites de velocidade desajustados da vida real, impunidades diversas, legislação sem pontaria. 
Dá vontade de dizer: metam os radares onde as costas mudam de nome! 

domingo, 20 de novembro de 2011

Do blogue As Leituras do Corvo, uma apreciação a reter sobre "Vermelho da Cor do Sangue"

Com algum atraso, eis na íntegra uma apreciação feita no blogue As Leituras do Corvo, da autoria de Carla Ribeiro, sobre "Vermelho da Cor do Sangue":

"O objectivo do assalto à casa do banqueiro era apenas roubar as jóias do cofre. Mas as coisas complicam-se quando um dos envolvidos decide levar consigo um passaporte da União Soviética pertencente a um homem desaparecido. Um homem cuja filha tem procurado incessantemente informações sobre o seu paradeiro. O problema é que esse passaporte é também o símbolo físico de um segredo comprometedor para algumas figuras poderosas, que estarão dispostas a tudo para o recuperar.
Destaca-se, desde cedo, nesta leitura, a forma como o autor percorre os pontos de vista das diferentes personagens. Que são muitas. Assim, é necessário um certo esforço, na fase inicial, para captar as posições e ligações dos muitos intervenientes neste mistério e isto resulta num ritmo de leitura que começa por ser bastante pausado. Contudo, assimiladas as circunstâncias das diferentes personagens e estabelecido um ritmo de acontecimentos, cedo a leitura evolui para um ritmo cativante (por vezes, viciante), onde há muito a acontecer, um interessante segredo por desvendar e situações que, de um momento para o outro, podem alterar-se por completo.
Havendo tantas personagens a interagir ao longo da narrativa, é natural que algumas delas tenham um maior desenvolvimento, enquanto que outras permanecem, de certa forma, na sombra. Em termos de construção de personagens, destaca-se de forma notória o misterioso Ulianov, interveniente relutante, mas crucial em todo o enredo. Trata-se de uma personagem com um passado que se evidencia nas suas escolhas e até no seu normal modo de agir. Razões pelas quais também Joel Franco vai cativando a atenção do leitor, tanto através da sua posição no caso como pelas breves referências ao incidente do seu passado.
Fica, pois, uma impressão muito positiva deste livro que, apesar de um início mais lento, rapidamente evolui para uma história envolvente e cheia de surpresas. Uma boa leitura, em suma."

sábado, 19 de novembro de 2011

Porque não gosto dos CTT (5)

Talvez há uns dez anos, com a presença efusiva do então primeiro-ministro António Guterres e do então ministro da Ciência Mariano Gago, foram montadas pelo menos nas principais estações dos CTT umas máquinas que serviriam para a população navegar na internet. Não eram grátis, claro, e o teclado era de manuseio difícil mesmo para quem sabia mexer em computadores.
A experiência – a coisa foi experimental mas há-de ter custado alguma coisa – foi um fracasso.
As máquinas de venda automática de selos, que permitiriam desanuviar os balcões, também foram outro fracasso.
A caixa de correio electrónica anunciada há uns dois anos sob a designação de “Via CTT”, completamente supérflua para quem usa regularmente a internet e inútil para quem não a usa, também não foi um êxito e não acredito que tenha havido um número significativo de adesões quando as Finanças começaram a fazer pressão para que os contribuintes utilizassem essa bizarria.
Tudo isto há-de ter custado algum dinheiro. Mas ninguém presta contas. É um “serviço público” que todos nós pagamos, directamente através dos (maus) serviços que pagamos e indirectamente através dos nossos bem pesados impostos.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Porque não gosto dos CTT (4)

Ser-se remunerado pelo trabalho que se presta é uma coisa normal.
Depois há subsídios que certos sectores vão tendo, em especial em domínio da administração pública, que servem para compor o salário mensal.
E, acima de tudo isto, nos CTT, há uma coisa extraordinária chamada “subsídio de incómodos”.
Não sei se, na origem, este pitoresco “subsídio de incómodos” teve outra designação. Mas é assim que ele aparece, é assim que o designam, é assim que o Bloco de Esquerda, pelo menos, o defende, achando que os trabalhadores dos CTT são mais do que quaisquer outros trabalhadores. Está aqui, num documento de 17 de Agosto de 2010 deste movimento político:
“Tendo em conta a situação profissional que está a afectar todos os trabalhadores dos CTT do distrito de Leiria, a Comissão Coordenadora Distrital do Bloco de Esquerda vem publicamente expressar o seu apoio às formas de luta que os trabalhadores dos CTT, em vários pontos do distrito (Caldas da Rainha, Marinha Grande, Leiria, Óbidos etc) têm decidido encetar em resposta à ameaça de verem os seus ordenados reduzidos, através de cortes quer no subsídio nocturno, subsídio de pequeno-almoço e em alguns casos no subsídio de incómodos, em resultado da tentativa de impor uma alteração dos horários de trabalho.”
É um incómodo ter de trabalhar, não é?

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Porque não gosto dos CTT (3)

Quando é que o aviso de pagamento foi metido no correio? Não estou a referir-me à data que consta do papel que está dentro do envelope. Estou a falar do próprio envelope… que não tem data.
A maior parte das empresas, e outras entidades, fornecedoras de serviços expede a sua correspondência por franquia, em lotes, sem o carimbo individual do balcão dos CTT.
Acontece isso com a água, a electricidade, a internet, os telefones e os mais variados serviços. E as contas chegam com prazos bem claros de pagamento. Que, ultrapassados, ainda podem ser pagos. Ou não. Ou com juros.
Às vezes, essas contas chegam todas juntas à caixa do correio. E são expedidas todas juntas? Não me parece. Até porque, dentro dos envelopes, vêm documentos com datas diferentes.
Vendo como, em alguns dias, o carteiro não circula (numa zona onde há sete casas, onze adultos e três sedes de empresa), é impossível não pensar que, às vezes, uma ou duas cartas não justificam a deslocação. E, sem carimbo, tanto pode ter saído da origem na véspera ou há uma semana. Portanto… pode esperar.
E se o aviso de pagamento, que está discretamente lá dentro, chega atrasado? E não pode ser satisfeito? Ou obriga ao pagamento de juros?
Os CTT assumem a responsabilidade? Daquilo que lhes é confiado (num serviço pago)? Não.
É um belo “serviço público”, não é?

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Porque não gosto dos CTT (2)

Já repararam que nas estações dos CTT não há multibanco?
Aquilo que é hoje um instrumento de pagamento dos mais comuns está ausente das “lojas” desta empresa monopolista. O cliente tem de levar “cash” consigo ou, então, que o vá procurar.
Esta situação perfeitamente absurda – que só é suportada pela lógica de domínio completo do mercado por parte dos CTT (fazem o querem) – permite outra: qualquer pessoa que queira carregar um telemóvel pode fazê-lo em “dinheiro vivo” nos balcões dos CTT. Sem deixar rasto.
Ou seja, ao contrário do que acontece com carregamentos por multibanco, o possuidor de um telemóvel não precisa de qualquer tipo de identificação para continuar a usar o mesmo telemóvel, obviamente pré-pago, ao abrigo de qualquer ligação entre o que possa andar a dizer, ou a transmitir, e o meio por onde fala.
O que pensarão as autoridades policiais, que às vezes têm de andar a escutar suspeitos, destas facilidades?

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Porque não gosto dos CTT (1)

Na cidade de Caldas da Rainha, sede do concelho onde vivo, há uma única estação de correios.
É para aí que é canalizada toda a correspondência que não é entregue nos domicílios das pessoas ou outras entidades a quem é dirigida, por se tratar de correio registado, de correspondência volumosa e de outro tipo de correspondência que obriga a uma entrega em mão.
As condições desta estação são as de todas as estações dos CTT: um ambiente frio no tempo frio e demasiado quente no tempo quente; por norma, uma hora ou mais de espera desesperante; disponibilização de uma meia-dúzia de lugares sentados para as dezenas de pessoas que aí se dirigem, entre as quais muitos idosos, que se vão aguentando de pé com dificuldades bem visíveis à espera de vez.
E por detrás dos balcões (e raramente estão todos preenchidos) lá se vão movendo sem pressas os seus funcionários. Têm de cumprir um horário, têm de se levantar do assento para ir buscar a correspondência – não têm pressa nenhuma, portanto.
É possível enviar correio de outros dois pontos que ficam na periferia, a cerca de quatro e dez quilómetros do centro da cidade. Os registos é que não. Nem numa simples divisão geográfica.
Por que motivo é que isto não se resolve?

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Berros a mais

Tenho alguma dificuldade em aceitar, mesmo numa perspectiva especulativa, as expressões e os apelos de revolta contra as medidas de austeridade que - até prova em contrário - parecem ser as únicas capazes de impedir a falência do País e o que daí inevitavelmente decorrerá: pelo menos, a falta de dinheiro do Estado para satisfazer os seus compromissos, nomeadamente pagar os salários à função pública e as pensões e assegurar o funcionamento de serviços básicos.
Dos "indignados" novos e reciclados à extrema-esquerda tradicional, passando pelo PCP jurássico e pela legião de sindicalistas que, sabe-se lá porquê, não percebem que os tempos mudaram, não vejo propostas alternativas concretizáveis, credíveis e funcionais para o contexto em que nos encontramos. O que ouço são só berros, raramente racionais.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

As greves nos transportes públicos

1. Durante anos a fio, as empresas, públicas, de transportes públicos acumularam prejuízos.

2. Os respectivos gestores e trabalhadores acumularam benefícios.

3. Não há um único serviço de transportes públicos, dos que essas empresas asseguram, que possa ser considerado modelar.

4. Os prejuízos dessas empresas somam muitos milhões de euros, praticamente em regime de crédito mal parado. Vamos todos pagá-los, tanto os habitantes das cidades que têm transportes públicos (os dessas empresas e os das câmaras ou privados) como os que, residindo em zonas rurais (como eu), não beneficiam de transportes públicos.

5. Os trabalhadores dessas empresas fazem greve. Os gestores não são prejudicados pela greve. A população - que vai pagar os prejuízos dessas empresas e os benefícios acumulados dos gestores e dos trabalhadores - é prejudicada pela greve.

6. Acham bem?

domingo, 6 de novembro de 2011

Sai um processo, por administração danosa de dinheiros públicos e peculato, contra os ex-primeiro-ministro e ministro das Finanças...

O ex-primeiro-ministro, José Sócrates, o ex-ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, um ex-secretário de Estado do Ministério das Finanças, Sérgio Vasques e um ex-director-geral das Contribuições e Impostos, José Azevedo Pereira, foram acusados de administração danosa de dinheiros públicos e peculato numa denúncia apresentada pelo advogado Alexandre Lafayette.
A denúncia refere-se ao gasto de meio milhão de euros numa festa de anos da Direcção-Geral das Contribuições e Impostos em Maio deste ano.
A queixa, a que Alexandre Lafayette junta o pedido de reembolso à Fazenda Pública da verba gasta, acrescida de juros desde a data das despesas, foi aceite pelo Supremo Tribunal de Justiça, que admitiu também o advogado como assistente no projecto, decretando a abertura do respectivo inquérito.
Esta notícia, com todos os pormenores, foi dada pelo semanário "O Diabo" do passado dia 1 de Novembro. E não parece ter sido dada por mais nenhum órgão de comunicação social. O que é estranho.
E, que se saiba, também não foi desmentida por nenhum dos denunciados.
Sendo verdade, e não tenho dúvidas de que seja, está aberta a porta para o que muita gente defende: a responsabilização dos anteriores governantes pela situação de pré-falência do País.

Apresentação de "Vermelho da Cor do Sangue" na Biblioteca Muncipal de Caldas da Rainha


O maestro Joaquim António Silva, director do Grupo Coral de Os Pimpões (que abriu a sessão), Palmira Gaspar, em representação da Comunidade de Leitores de Caldas da Rainha, e o autor, no sábado, 5 de Novembro, na Biblioteca Municipal de Caldas da Rainha.

sábado, 5 de novembro de 2011

Dona Alentejana: a melhor gastronomia alentejana nas Caldas da Rainha

Longe, longe do Alentejo de origem, há um restaurante nas Caldas da Rainha onde as tradiçõeas gastronómicas dessa região são praticadas com saber, gosto, experiência e requinte, num ambiente sóbrio que não distrai do essencial que está nos pratos e que está "enfeitado" com poesia, com um notável vinho tinto a jarro da região de Évora, belas sopas à moda do Alentejo, doces admiráveis, profissionalismo, amabilidade e preços muito razoáveis.
Chama-se "Dona Alentejana", fica na Rua Principal no Coto, povoação dos subúrbios das Caldas da Rainha e tem como número de contacto o 914437656.
Comi lá ontem umas favinhas e não tenho memória de ter comido outras tão boas.
Como agora se diz: gosto. Muito!

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Teorias da conspiração: melhor do que isto é difícil

Uma conspiração em que convergem os jesuítas, a maçonaria, o Pentágono e Wall Street com os "Protocolos dos Sábios do Sião" e os "Illuminati" como esteios? Nem no tempo de Estaline, nem no PREC nem n' "o diário" de Miguel Urbano Rodrigues se chegou a este ponto. Eram tão bons rapazinhos quando eu os conheci...

terça-feira, 1 de novembro de 2011

40 minutos chegam

Não são necessários mais do que 40 minutos para contar uma história e, até, para fazer a sua ligação a uma história de carácter mais abrangente, a um "arco".
Falo, simplesmente, de televisão e dos tempos-padrão da maior parte das séries.
Podemos ter a noção de que a duração de cada episódio é maior, por ocupar uma hora ou quase da programação e por termos as interrupções para publicidade mas, vistos sem estes constrangimentos, percebe-se que os 40 minutos chegam, em séries que, não deixando de ser "comerciais" (como se pudessem deixar de sê-lo ou isso fosse um pecado), são de elevada qualidade em todos os domínios.
É o caso de "The Good Wife", a que já me referi e que se vai podendo seguir no canal Fox Life, às terças-feiras.
É também o caso de "NCIS", cuja oitava temporada, absolutamente notável, acabei de ver em DVD e que não aparece nos canais de cabo portugueses, e foi, exemplarmente, o caso de "ER - Serviço de Urgência" (agora só em DVD).
Será que estas coisas se ensinam nos cursos, pequenos e grandes, de televisão que por cá se fazem?

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

"The Affair", de Lee Child

"The Affair", acabadinho de sair (não cá, claro), é o 16.º livro de Lee Child na sua série que tem por herói o ex-Polícia Militar Jack Reacher. E não é o melhor.
Como já aconteceu, Lee Child leva-nos ao tempo em que Jack Reacher está ainda no Exército, de onde sai devido à redução de efectivos mas também, como ficamos agora a saber, porque levou longe demais uma investigação. E, como já aconteceu, o autor dá também voz a Reacher e põe-no a narrar a história. É interessante a variação mas Reacher ganha com a narrativa na terceira pessoa.
O regresso ao passado (neste caso, a 1997, ano em que por acaso sai o primeiro título da série, "The Killing Floor") mostra-nos ainda um Reacher capaz de executar a sangue-frio quem cometeu alguns assassínios e de uma forma que não é exactamente cara a cara. E tem a menos os famosos, e divertidos, confrontos físicos de Reacher com adversários diversos que fazem parte dos cânones da série.
Em "The Affair", Lee Child leva tudo demasiado a sério. Não é isso que torna melhores as aventuras de Jack Reacher.

sábado, 29 de outubro de 2011

Dificuldades de aprendizagem

O "caso Duarte Lima" é a demonstração mais perfeita do erro cultural que as elites nacionais cometem ao pensarem que a "literatura policial" é só a dos homicídios de fantasia imaginados por Agatha Christie enquanto lavava a louça...

domingo, 23 de outubro de 2011

A cultura do "Expresso"


Para a fogueira, talvez?
"Os livros, quase na mesma proporção do cinema (isto é, a larga maioria) são meios de produção da imbecilidade e, se fosse possível introduzir aqui alguma justiça, deviam ser taxados como o tabaco. (...) É preciso perceber que o amor universal pelo livro, a ideia de que o livro é, em si, uma coisa boa, encerra uma mentira: a de que muitos deles são nefastos e não deviam gozar de nenhuma prerrogativa." (António Guerreiro)
 
Amor com amor se paga
"No sábado, o realizador João Canijo agrediu fisicamente Francisco Ferreira, crítico de cinema do Expresso. A agressão, cometida no cinema São Jorge, foi motivada pelo simples facto de Francisco Ferreira ter atribuído duas estrelas ao último filme do realizador português. É um ato inaceitável e que revela uma estranha incapacidade de lidar com o simples exercício de crítica e liberdade de expressão. E que apenas reforça a nossa certeza de não cedermos a pressões de qualquer espécie." (Editorial)

("Expresso", 22.10.11. Foi mantida a ortografia publicada.)

sábado, 22 de outubro de 2011

Nisto sou convictamente parcial mas muito objectivo

Eurico do Amaral, à esquerda na fotografia
Os vinhos da Quinta da Fata (Vilar Seco, Nelas) são os melhores vinhos do Dão que conheço e conheço muitos, e tenho conhecido muitos, incluindo os que primeiro saíram do Centro de Estudos Vitivinícolas de Nelas nos anos setenta. E conheço os seus produtores, Eurico do Amaral e Maria Cremilde, que fizeram uma obra notável no domínio do turismo de habitação e, desde há alguns anos, na produção de vinho.
É por isso que não resisto - até porque as fotografias me chegaram entretanto - a destacar que o tinto Touriga Nacional de 2008 recebeu, muito merecidamente, uma medalha de ouro no International Wine Challenge (de Londres) de 2011, sendo o único vinho a receber o troféu dado a um vinho do Dão. Os pormenores estão aqui. Parabéns, pois claro!

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Eu acho que há lugar para todos

Julgo que sou o único autor a escrever "thrillers" com publicação regular (seis livros em sete anos). Gostaria, no entanto, de estar enganado e de ver mais títulos de autores portugueses e não estou a falar do chamado "'thriller' histórico" ou "religioso", tipo "O Código Da Vinci", que acho execrável. 
O país é pequeno mas há "casos" que chegam para inspirar muitas histórias e há, decerto, ideias que cheguem para alimentar muitas outras obras de ficção e, até, séries de televisão e, possibilitem-no as circunstâncias, cinema.
Esta situação, para lá da condenação geral a que deve ser votada a inveja, deveria ser suficiente para impedir atitudes de bloqueio, e talvez de ciúme, por parte de quem se julga proprietário de espaços que apenas lhes são cedidos e de quem, não conseguindo ou não querendo escrever, entende que deve, à cautela, manter lugares cativos para um dia de inspiração divina.
O flagelo nota-se especialmente em sectores mais delimitados (no domínio da "literatura policial" e da "literatura fantástica", por exemplo) e está enfeitado de atitudes que se tornam ridículas, em especial quando são visíveis (e se cheiram) à distância.
Talvez um dia dê exemplos.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Do blogue Tralha Útil, um comentário bem interessante sobre "Vermelho da Cor do Sangue"

Um comentário muito interessante a "Vermelho da Cor do Sangue" no blogue Tralha Útil, que reproduzo na íntegra, com o sugestivo título "A partir desta hora, não morre mais ninguém":

"Não sei se o escritor Pedro Garcia Rosado leu os álbuns da Kingpin Books, mas, para lá da homonímia dos inspectores Franco e do género (thriller), as séries C.A.O.S. (BD) e Não Matarás (romances) partilham agora a atenção concedida a personagens russas a viver em Portugal. Garcia Rosado também tem o seu russo “de estimação”, que não se chama Boris Ivanov, mas sim Serguei Tchekhov, um ex-agente do KGB mais conhecido pelo nome de guerra de Ulianov. Criado por Garcia Rosado no livro Ulianov e o Diabo, o ex-KGB regressa em Vermelho da Cor do Sangue (Asa, 2011), o novo volume da colecção Não Matarás, brilhantemente escrito e sempre empolgante. Outra semelhança, mais indirecta, com as pranchas escritas por Fernando Dordio Campos reside no facto de Garcia Rosado remeter igualmente a origem da narrativa para um período da história contemporânea portuguesa, neste caso o PREC. O eventual apoio da União Soviética a um golpe comunista no Portugal de 1975 serve de base à acção. Apesar da premissa não ser muito verosímil, em termos literários revela-se interessante como ponto de partida."

(De facto, não li ainda os álbuns de BD citados mas já percebi que são um trabalho sugestivo.)

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Um elogio a "Vermelho da Cor do Sangue" nas recensões da Gulbenkian

Uma opinião que me entusiasma sobre "Vermelho das Cor do Sangue" na recensão de livros da Fundação Calouste Gulbenkian, com uma classificação de quatro estrelas e um link directo aqui:

"Depois de chamar a atenção dos leitores com o seu romance de estreia, Crimes Solitários, Pedro Garcia Rosado não tem desiludido quem passou a estar atento à sua obra. Munido com uma sólida informação de 'background' no que toca ao funcionamento de uma investigação policial, o autor confere verosimilhança aos seus relatos que são também inéditos no que toca ao realismo dos pormenores e dos diálogos. Portugal passa a ser o cenário credível de uma criminalidade violenta cujos ecos, por vezes, são notícia nos jornais. Sem medo das palavras, sem mascarar realidades cruas com descrições vagas que mais devem à poesia do que ao género policial, como sucede em muitos autores portugueses que enveredaram por este tipo de literatura, Pedro Garcia Rosado concentra os seus esforços na força que confere às personagens e às suas histórias, conseguindo uma assinalável qualidade literária. Um romance a ler com gosto."

sábado, 15 de outubro de 2011

"O Livro Sem Nome"... by Quentin Tarantino?

Eis mais um lançamento interessante da colecção 1001 Mundos da Asa (que incorporou as edições de literatura fantástica da Gailivro): "O Livro Sem Nome", de um autor apenas indicado como Anónimo.

Primeiro título de uma trilogia que inclui "The Eye of the Moon" e "The Devil's Graveyard", "O Livro Sem Nome" tem uma interessante galeria de personagens e uma delas é a de um aventureiro que dá pelo nome de Bourbon Kid (e que se transforma quando bebe "bourbon").
Passado na terra-de-ninguém de tantas aventuras que é a fronteira EUA-México, "O Livro Sem Nome" é uma amálgama bem organizada de personagens e de situações já presentes em muitas histórias, nomeadamente de filmes de acção, onde convergem traços dominantes de géneros diferenciados como o "thriller" e o fantástico, conseguindo no entanto articular bem todos os seus elementos. E é isso, aliás, que o torna mais interessante.
Mantendo-se rigorosamente anónimo, o autor (o tal Anónimo, que nem os compradores dos direitos da história, para livro ou cinema, conseguem conhecer) tem sido objecto de alguma especulação. Mas, e já que não há outros elementos, apetece dizer que se trata apenas de Quentin Tarantino, realizador, argumentista e produtor.
O seu cinema é também, em muitos casos, uma reorganização de temas e estilos (e quem não gosta de certos temas e estilos já gosta deles se tiverem a assinatura de Tarantino...). Por outro lado, a trama narrativa de "O Livro sem Nome" parece equivalecer a um projecto de argumento alargado. E, ainda, há a referência directa a um filme como "True Romance/Amor à Queima-Roupa" (um argumento realmente original de Tarantino filmado em 1992 por Tony Scott que Anónimo até diz preferir, relativamente ao outro irmão Scott, Ridley). Para lá de situações e de ambientes que só fazem lembrar os mais significativos filmes de Robert Rodriguez, realizador e produtor amigo de Tarantino.
Este será, também, um exercício divertido para quem quiser lançar-se à aventura de ler "O Livro sem Nome".

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Uma imbecilidade... na Fox

O grupo de canais de cabo da Fox vai concretizar à terça-feira uma imbecilidade que só pode ter nascido na cabeça de quem não sabe nem conhece os produtos que tem e o público que pode ter: consegue a proeza de concentrar à mesma hora em três dos seus canais as três melhores séries televisivas que vão estar a passar no nosso país. Tudo ao mesmo tempo!
"The Walking Dead" começa às 22 horas no canal Fox; "The Good Wife" começa às 22h10 no canal Fox Life; e "Southland" começa às 22h15 no canal Fox Crime.
Para lá do "bardamerda" com que são convictamente brindados os espectadores interessados, há outro aspecto a ter em conta: será que estas séries se arranjam na internet?...
Até a mim me desagrada, nestas circunstâncias, ter de esperar pela edição em DVD das duas que serei forçado a excluir!

Uma questão de rigor

J. Sócrates e os seus companheiros deviam exigir ser ouvidos por uma instância nacional independente para esclarecerem, em definitivo e de forma absolutamente clara, a sua responsabilidade pela situação financeira do País. E não há melhor instância do que os tribunais.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

"Die Hard"... 5!

O filme "Assalto ao Arranha-Céus" ("Die Hard") foi, em 1988, um marco do cinema de acção, consagrando um realizador (John McTiernan), um actor (Bruce Willis) e um estilo hiper-realista irónico, inteligente e abundante em referências que convidavam a pensar. Foi um êxito, merecido, e deu origem a uma série irregular de filmes que nunca conseguiram chegar aos calcanhares do primeiro.
Anuncia-se agora o quinto ("A Good Day to Die Hard") e, a avaliar pela descrição, dispensava-se. 

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

"NCIS": cada vez melhor

Com a nona temporada já em exibição nos EUA (o primeiro episódio foi a 20 de Setembro), a oitava temporada da popular série "NCIS" ("Investigação Criminal") ainda não chegou à televisão portuguesa e até pode dar-se o caso de estar a ser preterida a favor de uma sua excrescência, "Investigação Criminal Los Angeles"... apenas por esta ter a portuguesa Daniela Ruah no elenco.
David McCallum e Pauley Perrette como Dr. Mallard e Abby Sciuto (© IMDB)









É pena, claro, porque "NCIS" está cada vez melhor, com a oitava temporada a aprofundar os desenvolvimentos de várias personagens e os "arcos" que unem vários episódios, incluindo as consequências da execução do assassino da mulher e e da filha por Gibbs (Mark Harmon), recuperando personagens como os pais de Gibbs, de DiNozzo (Michael Weatherly) e de Ziva (Cote de Pablo, muito melhor do que Daniela Ruah) e, sem esquecer a existência de alguns segredos por revelar, mostrando como o novo chefe, Leon Vance (Rocky Carroll), já apoia com maior convicção a sua equipa, reforçando o humor e a ironia e dando belas lições de narrativa televisiva em menos de cinquenta minutos.
(Pormenores aqui e aqui, com a oitava temporada já à venda aqui.)  



domingo, 9 de outubro de 2011

Um esclarecimento do embaixador Francisco Seixas da Costa

A propósito desta nota, recebi um e-mail do embaixador Francisco Seixas da Costa, que aqui publico na íntegra:

"Vi que tomou por boa, no que toca ao embaixador de Portugal em Paris, a notícia publicada no CM. Não tenho a pretensão de que possa proceder de forma idêntica no tocante à minha palavra, mas gostava que soubesse que não apenas não fazia a mínima ideia que o engº José Sócrates tivesse tido quaisquer dificuldades na sua entrada para SciencesPo, como nunca tive o mais leve contacto com nenhum responsável dessa instituição com vista a ultrapassar tais alegadas dificuldades. Mas o que é a palavra de um servidor público com 40 anos de exercício face a uma "boca" mediática?"

Respeito este esclarecimento e o ponto de vista afirmado pelo embaixador Francisco Pereira da Costa sobre a questão que envolve o seu nome, devendo também lamentar a "'boca' mediática" que, por abordar também outro assunto, ainda aqui mantenho.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

O que anda a fazer um dos candidatos às próximas eleições presidenciais

Em Junho, o "Sol" noticiou isto:

"José Sócrates poderá assumir, em breve, a função de representante de várias empresas brasileiras de topo para Portugal e toda a União Europeia – apurou o SOL junto de fontes próximas do Governo brasileiro.
A proposta e o convite foram intermediados pelo ex-Presidente Lula e pela actual Presidente Dilma Rousseff, ambos com estreitas ligações pessoais e políticas a Sócrates. E, na sua visita a Lisboa no final de Março, por ocasião do doutoramento honoris causa de Lula da Silva pela Universidade de Coimbra, Dilma terá reafirmado a Sócrates – já então primeiro-ministro demissionário – o seu empenho para que aceitasse o cargo."

Houve quem dissesse que não era verdade.
Agora, quatro meses depois, a propósito de duas recusas iniciais da admissão da "licenciatura domingueira" do ex-primeiro-ministro num instituto da Sobornne, o "Correio da Manhã" noticia:

"(...) À terceira lá foi aceite nos estudos de Filosofia, mas para isso teve de entrar em acção o diplomata Francisco Seixas da Costa, embaixador de Portugal na capital francesa, que mexeu e remexeu os cordelinhos necessários para permitir a entrada do ex-chefe de governo na universidade.

É útil saber-se o que ele anda a fazer...

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Ruth Rendell está de volta… e Wexford também

Ruth Rendell, a melhor escritora de “thrillers” de toda a literatura está de volta com “The Vault”.
Nesta nova história, o inspector Wexford reformou-se e anda a passear, com a mulher, entre a sua casa de Kingsmarkham e a casa de uma das filhas em Londres, e acaba a ajudar um antigo colega ao serem descobertos quatro corpos numa casa de Londres – a mesma casa onde foram escondidos os três cadáveres do romance “A Sight For Sore Eyes” (1998) e a que entretanto se juntou um quarto.
“The Vault” é uma criação extraordinária, no modo como se interliga com “A Sight For Sore Eyes” e como, num processo quase irónico, Ruth Rendell estabelece a ligação entre as duas histórias. E é um abençoado regresso, depois de a autora ter decidido pôr fim à série. O inspector Wexford é uma das grandes personagens da “literatura policial” e, mesmo reformado, pode continuar a entreter os muitos fãs de Ruth Rendell. Além do mais, “The Vault” tem uma vantagem adicional: funcionando de modo independente relativamente a “A Sight For Sore Eyes”, convida à releitura deste livro. Com o mesmo prazer da primeira leitura.
Ruth Rendell, fotografada para "The Guardian" por Murdo Macleod

E, a propósito, o que é pena que, há que repetir o lamento do costume: Ruth Rendell (mesmo com o “alias” de Barbara Vine) desapareceu da edição portuguesa, talvez por não estar na moda ou por não ser sueca ou porque a memória é curta e os conhecimentos também, ou porque, simplesmente, há muita gente distraída.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

O interesse público das águas "públicas"

A povoação onde resido está sem água canalizada há doze horas, por ter havido mais uma ruptura numa rede de abastecimento público que tem dezenas de anos e na qual nunca houve qualquer tipo de investimento e de manutenção. Ou de "requalificação", na grotesca terminologia autárquica dos nossos dias.
Os serviços municipalizados (da câmara de Caldas da Rainha) enviaram os seus técnicos de piquete ainda na noite passada que rapidamente bateram em retirada. Às dez horas, explicaram que o piquete "fechava" à meia-noite; às onze e meia, explicaram que o pessoal não podia andar à procura da ruptura às escuras. E que às oito regressavam. Pois ainda não se notou.
Os residentes e as empresas deste concelho pagam mensalmente, além do simples custo do consumo de água, quantias que podem atingir dezenas de euros graças às habilidosas taxas com que os municípios substituíram uma outra taxa "proibida" por lei. Mas essa pequena fortuna não parece ser suficiente para manter um piquete nocturno.
O interesse público das águas "públicas" é isto. É o que talvez defendam os idealistas que se arrepiam e uivam quando ouvem falar na "privatização" das águas.
A mim, é-me indiferente. Quero é ter um serviço público/ao público de qualidade e que não falhe assim. Sobretudo quando me sinto verdadeiramente roubado por ele.

Adenda: a água regressou às 13 horas, ou seja, cinco horas depois de os trabalhos terem sido iniciados e dezassete horas de ter sido fechada; se houvesse um verdadeiro interesse público a salvaguardar, a reparação poderia ter sido concluída , pelo menos, até às 3h30.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Notas de prova de uma viagem ao Dão

1 – A empresa Dão Sul mantém, em Carregal do Sal, na Quinta de Cabriz original (esta designação não pode ser utilizada para os seus vinhos, que não saem de uma só quinta), um restaurante que continua a merecer visita. A cozinha é muito boa, o serviço também e os vinhos, à mesa, ainda têm preços no domínio do razoável. Mas alguma coisa se há-de ter passado para manterem os papéis das ementas com ar gasto e muito manuseado e para trazerem à mesa um balde de gelo… de plástico. Podem ter motivos muito fortes, económicos ou de estilo, para não utilizarem, pelo menos, os baldes de alumínio clássicos mas esta versão de balde não condiz com o resto e, isoladamente, quando chega à mesa, faz pensar que se esqueceram da esfregona.

2 – A célebre Casa da Ínsua de Penalva do Castelo renasceu pela mão do grupo Visabeira, com um hotel de luxo e um restaurante a condizer em instalações muitíssimo bem redecoradas. Mas depois promove os seus vinhos de marca própria, associando-os à região do Dão mas dando a preponderância à adocicada casta Cabernet-Sauvignon e passando para segundo plano a “subtileza da casta Touriga Nacional”, casta que nada tem de subtil e que é a mais nobre, e mais marcante, casta da região do Dão.

3 – Aliás, a casta Cabernet-Sauvignon, autorizada em menor quantidade para os vinhos do Dão, já chegou à região e há produtores que não têm pejo em recorrer a essa forma de tornar os vinhos instantaneamente amadeirados, embora o disfarcem. E nem vale a pena pensar que o facto de não haver referência no rótulo não significa que ela não esteja presente. É o que acontece com vários monocastas de Touriga Nacional que, para encher, se socorrem discretamente de outras castas.

4 – Não é o caso do multipremiado Quinta da Fata, nascido na propriedade do mesmo nome em Vilar Seco (Nelas). Todas as uvas utilizadas são mesmo da quinta e o seu extraordinário Touriga Nacional (já está à venda o de 2009) só tem mesmo uvas desta casta. Há muitos vinhos de elevada qualidade no Dão mas não consigo deixar de regressar sempre aos da Quinta da Fata, de Maria Cremilde e Eurico do Amaral, ao seu admirável Touriga Nacional, aos seus “clássicos” (que prefiro aos “reservas”) e ao seu imponente branco da casta Encruzado, que são todos do melhor que o Dão tem. Link com todos os pormenores aqui.

5 – Nos brancos, há outro que merece aplauso: é o da Quinta da Espinhosa, de Vila Nova de Tazem, de Alberto Oliveira pinto. Utiliza as castas brancas da região e, se não tem a altivez aristocrática do Encruzado, fica muito longe dos brancos frutados que, com os rótulos do Dão, são iguais a muitos outros vinhos brancos que aparecem em todas as regiões, tipo pronto-a-vestir. É imprescindível. Telefone para contacto: 965117259.

6 – O restaurante Bem-Haja continua a ser uma referência obrigatória em Nelas, com cozinha, serviço e ambiente excelentes. Mas conviria que corrigisse os preços da sua lista de vinhos (praticamente todos do Dão, o que é de saudar), alargando o leque e evitando constrangimentos inúteis. Não terá decerto prejuízo de apresentar alguns abaixo do nível dos dez euros.

7 – A Adega Cooperativa de Nelas faliu. A atenção com que o Estado segue, em vários domínios, as cooperativas devia impor qualquer intervenção que permitisse minorar os prejuízos dos seus associados. As adegas cooperativas do Dão, e a própria Udaca, podem andar a cometer alguns erros com a proliferação exagerada de marcas que desorientam os consumidores mas ainda têm património e produções que não deviam desaparecer em processos de insolvência.