sábado, 30 de julho de 2011

A avaliação dos professores

Há três anos que o "patrão" (o Estado), depois de várias desconsiderações de alguns "capatazes", lutab por impor um sistema absurdamente complexo de avaliação profissional dos docentes do ensino não superior. Com alguma razão, os professores protestaram e protestaram e protestaram, com pequenas batalhas que aparentemente ganharam sem terem, no entanto, ganho a guerra.
Hoje, pelo que se percebe, o sistema actualmente em vigor - demasiado complexo para ter efeitos os efeitos práticos que qualquer pessoa racional considerará consensuais - está na prática aceite pelos professores que, para lá da parte burocrática a que estão obrigados, se derramam por lençóis de texto a garantirem ao "patrão" que são os melhores funcionários do mundo. Onde só falta indicarem o volume do som dos seus gritos contra o "casal" político Maria de Lurdes Rodrigues/J. Sócrates durante as manifestações de rua.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Para a seguradora Axa cada cliente é um potencial burlão...

A seguradora Axa tem um seguro para animais de estimação onde impõe que cada "sinistro" (doença, acidente, seja o lá que for) seja comunicado no prazo de 24 horas. Se o dono do animal estiver demasiado preocupado com a situação para se preocupar com essa imposição, for ao veterinário e pensar no assunto 24 horas depois... já não pagam.
A imposição é idiota e ofensiva.
Eis como a seguradora justificou a coisa, em comunicação ao Instituto de Seguros de Portugal: "(… ) tendo por base o produto em questão, que exige um controlo muito apertado e rigoroso de todas as situações, a participação do sinistro no prazo definido nas condições da apólice tem por objectivo permitir efectuar esse controlo muito apertado por forma a evitar potenciais situações de fraude que de acordo com a nossa experiência neste tipo de produto apenas podem ser minimalizadas mediante o cumprimento rigoroso deste procedimento, caso contrário, o risco potencial dessas situações aumenta exponencialmente dificultando, em muito, o evitar dessas situações." (respeitam-se a construção original da frase e o défice de vírgulas).
Ou seja, todos os seus clientes são burlões potenciais, prontos a cometer fraudes à primeira oportunidade.

terça-feira, 26 de julho de 2011

O tradutor e os seus autores preferidos

Há autores de que gosto muito (Ruth Rendell, John Le Carré, James Ellroy, Lee Child, Carl Hiaasen... e outros), de quem já li todos os livros.
E não gostaria nada de ter de traduzir qualquer uma das suas obras porque me sentiria sempre a atraiçoar um autor e o seu texto, forçado a encontrar correspondência em português para textos que, na língua original, são praticamente perfeitos.  

Traduz quem não consegue escrever?

"Tenho muitas vezes a sensação de que os tradutores são escritores frustrados, que têem o seu gozo com a reescrita das histórias dos outros", diz-me uma pessoa (que lê muito e que nunca fez uma tradução, literária ou "técnica").
É um dilema que, felizmente, não tenho. Traduzo as coisas dos outros (27 traduções publicadas e 6 a aguardar publicação, desde 2007) e escrevo as minhas histórias (5 romances e um sexto a sair, desde 2004). 

domingo, 24 de julho de 2011

Já está "nas bancas" mais um exemplar da MUDA

A revista MUDA, dedicada às coisas da cultura e do espectáculo numa perspectiva sem complexos, já tem o seu número 6 disponível nas "bancas" digitais aqui. Nela escrevo sobre as muitas "cidades do cinema" que têm sido anunciadas, e se calhar construídas, por esse Portugal fora com a colaboração de nomes sonantes de Hollywood ao lado de nomes não menos sonantes da política portuguesa... Já as conhecerão?...

sábado, 23 de julho de 2011

E se Lisboa se afundar no Tejo?

Há cerca de sete anos, salvo erro, visitei uma parte exposta do subsolo de Lisboa que estava aberta ao público na sede da Fundação BCP e o que vi - restos da urbanização romana de Lisboa que as águas subterrâneas já não cobriam - inspirou-me, também, na escrita de "Ulianov e o Diabo".
Nesse meu segundo romance, as duas principais personagens tinham um contacto directo com o subsolo lisboeta: Ulianov trabalhava nas obras da estação de metro do Terreiro do Paço, a lutar contra a invasão das águas do Tejo, e o Diabo, um sem-abrigo, habitava em subterrâneos à beira-rio (onde hoje existe uma estação de barcos para a Margem Sul).
O que vi e o que fui lendo sugeriu-me sempre que poderia haver no "conflito" de Lisboa com o Tejo (do caneiro de Alcântara à estação de metro do Terreiro do Paço) material suficiente para uma história apocalíptica da submersão da capital.
Foi nisso que me fez pensar esta notícia, a das infiltrações de água numa estação de metro em parte situada abaixo do nível do Tejo.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Contas à incompetência

Em duas horas passadas a tratar de um assunto comercial, que envolveu uma compra e uma venda, verifico que só 50 minutos, incluindo deslocações, é que foram gastos com algum proveito. O resto foram diversas manifestações de incompetência, confusões de cariz burocrático (o Estado, às vezes, "descomplica" e o sector privado tende logo a complicar) e desorganização de serviços de uma empresa que dividiu os seus serviços por duas cidades sem cuidar da necessária competência.
Durante os 70 minutos restantes, nem os outros trabalharam (que se visse) nem eu pude trabalhar. Ou ir passear. Ou ir, pelo menos, fazer qualquer coisa mais interessante do que aturar a incompetência alheia. 

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Tristes, tristes, tristes

Eis um sinal claro da típica tristeza nacional: os carros eram maioritariamente cinzentos metalizados, agora começam a predominar os brancos; claro que vai havendo pretos e azuis-escuros mas aquelas cores dos anúncios, das próprias marcas, o vermelho, o azul menos escuro, os vários matizes de verde, até os deprimentes "bordeaux"... nada. Até na estrada somos tristes.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

"The Bark" - a revista essencial sobre cães para quem gosta de cães

Não será, decerto, a única revista de jeito sobre cães que existe no mundo mas apetece dizer, como tantas vezes se vê por aí nas mais desvairadas opiniões, que é "a melhor do mundo".
Trata-se da revista norte-americana "The Bark", destinada a todas as pessoas que têm cães e que gostam de cães... e, acreditando na bondade universal do ser humano, talvez se deva acrescentar que também se dirige a quem tem cães e os trata mal (ou maltrata), porque é capaz de dizer a essa gente muitas coisas que são essenciais.
Tendo como significativo slogan a expressão "Dog Is My Co-Pilot" (o cão é o meu co-piloto), "The Bark" não se vende entre nós, onde meteria num chinelo algumas das publicações manhosas que fazem de conta que são revistas de qualidade, mas pode ser comprada por assinatura a um preço razoável.
Os pormenores estão todos aqui... além de uma galeria, sempre actualizada, de cães que sorriem.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Uma "ordem" do procurador-geral dos EUA: façam mais "The Wire"

 
A série televisiva "The Wire" (criada por David Simon e Ed Burns) é, pelo menos, uma das melhores de televisão de todos os tempos e, muito possivelmente, a melhor série "policial" de sempre. Em cinco temporadas, os dois autores passaram em revista o flagelo da droga, o sindicalismo, a escola pública, a política e a comunicação social, criaram personagens inesquecíveis e definiram um novo paradigma para o "thriller" e para o "romance policial" para a televisão do século XXI e para a própria literatura. Em Portugal, a série passou clandestinamente e o desassombro com que abordou certos temas há-de ter contribuído para não receber prémios importantes. Para os mais interessados, acrescente-se que a série existe em DVD, com edição que tem legendas portuguesas.
Desagradando aos poderes instituídos de Baltimore (o cenário de "The Wire"), esta série foi publicamente elogiada pelo presidente dos EUA. E é interessante que, em Maio último, o procurador-geral dos EUA, o "attorney general" Eric Holder tenha "ordenado", num encontro com alguns dos actores da série, que fosse feita mais uma temporada (coisa a que a HBO, possivelmente, não se oporia) ou, pelo menos, uma longa-metragem.
A notícia encontrei-a aqui por acaso e, duvidando de que David Simon (ocupado com outra série, "Treme", em Nova Orleães) o queira fazer, não posso deixar de desejar que isso fosse possível. E e, muito possivelmente, os muitos milhares de fãs de "The Wire". Mas talvez não seja de perder a esperança, no entanto...

sábado, 9 de julho de 2011

Um engarrafamento de disparates

Segundo conta o "Jornal de Notícias" aqui, as salas de cinema terão perdido, no nosso país, cerca de meio milhão de espectadores.
A notícia não surpreende. Acho que foi em 2007, antes de deixar a Grande Lisboa por completo, que fui pela última vez ao multiplex do Oeiras Shopping. Num dos irritantes intervalos da sessão em que eu me encontrava, olhei para a alcatifa puída e suja, lembrei-me do som desequilibrado com que o filme estava a passar e pensei no preço do bilhete e decidi: àquele cinema não voltaria mais. E não voltei.
A história do decréscimo do público de cinema em Portugal é uma colecção de disparates equivalente a um engarrafamento na Segunda Circular - na programação, nos títulos, no desinteresse, nos preços absurdos, na falta de diversificação da oferta, nas más condições das salas, no combate hipócrita à "pirataria" e da hostilidade para com os clubes de vídeo e o público em geral, e tudo com o beneplácito imoral do Estado, as empresas de distribuição, de exibição e de edição de filmes para salas e para o mercado doméstico.
Na cidade de Caldas da Rainha, concelho onde agora resido, o pequeno multiplex local é desconfortável, o som deve ser controlado por deficientes auditivos e a programação é bizarra. Num ano, fecharam três clubes de vídeo num total de, pelo menos, cinco lojas.
Ainda há um. O proprietário respondeu-me "Por enquanto" quando descobri este clube de vídeo e lhe manifestei a minha satisfação.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Mercado Medieval de Óbidos em défice

O Mercado Medieval de Óbidos  (este ano até 24 de Julho) é, mais do que o festival do chocolate (que pode ser feito em qualquer sítio mas que foi habilidosamente aproveitado), uma iniciativa que fica bem na simpática vila, com a sua imagética de época, as "tasquinhas" em versão medieval e a sua vertente de feira e de teatro com muita animação também de época.
Mas talvez necessite de mais qualquer coisa para evoluir melhor, recorrendo, por exemplo, a tendências medievais de áreas do fantástico. Um dragão, por exemplo, ficava muito bem no recinto...
Ontem, na abertura, notei menos tendas e menos visitantes. A crise e a imposição de entradas pagas aos visitantes trajados a preceito podem ter afastado muitas pessoas. Ou, talvez, o facto de se repetir o mesmo figurino todos os anos.
Ainda lá voltarei este anos, mas só a pensar em alguns petiscos, porque me pareceu já ter visto tudo o que havia para ver.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Quantidade e qualidade

Nunca consigo deixar de me impressionar com as pessoas que, em inquéritos, dizem sempre que estão a ler vários livros ao mesmo tempo, citando um "mix" de romances, ensaios e poesia que parece demasiado pronto-a-comer. Talvez eu tenha sido sempre antiquado, porque nunca consegui estar a ler mais do que um livro de cada vez. 

domingo, 3 de julho de 2011

O recenseamento poderá ajudar ao desenvovlmento do interior do País?

Segundo os dados já divulgados relativamente ao recensamento da população (Censos 2011), o concelho em que agora resido, Caldas da Rainha, viu a sua população aumentar em 5,7 por cento em 10 anos. Ou seja, moram aqui mais 2799 pessoas, tanto nas freguesias rurais como na cidade.
Os dados divulgados não indicam pormenores sobre estes novos residentes: se ainda estão a trabalhar, se trabalham à distância para clientes noutros concelhos ou se estão reformados.
Seria interessante sabê-lo, e não apenas neste concelho, claro, porque isso talve fornecesse indicadores sobre as possibilidades de desenvolvimento do interior do País. Mais residentes novos significa, pelo menos, mais consumidores. E isso significa, de imediato, mais receitas para o comércio local e um aumento da percentagem do IRS recolhido para as câmaras municipais.
Ou seja: as câmaras municipais podem ganhar com mais residentes novos. Têm é de saber conquistá-los.
(E é necessário, também, que não haja presidentes de juntas de freguesia a hostilizar, por manifesto défice democrático e de inteligência, os novos residentes. Mas essa é outra história que vai ser necessário contar um dia...)