terça-feira, 30 de outubro de 2012

A protestar é que a gente se entende: o exemplo da Ocidental


Neste país nada se consegue sem protestar. É a conclusão que frequentemente tiro perante as dificuldades de toda a ordem que surgem no relacionamento das empresas em geral, e dos serviços públicos, com os consumidores. Ninguém escapa...
Desta vez, o brilhante exemplo vem da Ocidental - Companhia Portuguesa de Seguros, SA.
Quando lhes comprei um seguro, num balcão do Millenniumbcp (que faz parte do mesmo grupo), disseram-me que podiam entregar os documentos relativos a "sinistros" na dependência bancária. Assim fiz.
A certa altura, a empresa InterPartners Assistance (já a ela me referi), deu-me parcialmente razão numa reclamação e disse que pagava mas que não tinha os documentos originais na sua posse. Ou seja: os mesmos documentos que eu tinha entregado no banco para a Ocidental!
Achei que era preferível perguntar à Ocidental se podia continuar a entregar os documentos que lhes eram dirigidos no mesmo balcão ou se devia enviar para qualquer outro local e expliquei porquê. Perguntei por duas vezes, e por carta, nos dias 29 de Agosto e 20 de Setembro.
Não me responderam.
No dia 15 deste mês reclamei junto do Instituto de Seguros de Portugal contra a falta de informação da Ocidental.
E com data de 22  (mas a carta só hoje a recebi) a Ocidental já me respondeu: que podia entregar em qualquer sucursal ou enviá-los directamente.
Custava muito ter respondido à minha primeira carta? Se calhar. Preferem a reclamação à entidade reguladora e e este registo público? É a vida... 

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

"The Killing" - a novelização em português


Eis uma ousadia editorial interessante: o lançamento da monumental novelização da série dinamarquesa "Forbrydelsen" ou "The Killing" (a que já nos referimos aqui, aqui e aqui) e que, entre nós, foi apenas exibida num canal fechado da televisão por cabo.

Sarah Lund (Sofie Gråbøl) e a camisola-fetiche 
 
"Forbrydelsen/The Killing" (e podemos manter o título original com o título traduzido que se popularizou) é uma das melhores séries "policiais" dos últimos anos e um exemplo magnífico do que pode ser feito para a televisão na Europa, encontrando um equilíbrio admirável entre os padrões anglo-americanos do "thriller" e a ficção europeia.
O êxito desta série em Inglaterra levou à novelização pelo escritor David Hewson, com experiência na matéria, e o resultado, segundo a crítica nacional, foi muito proveitoso.
Com mais de seiscentas páginas na edição de capa dura - que está na minha lista de leitura desde Julho -, o seu lançamento por Publicações Dom Quixote, e em dois volumes, é uma aposta arriscada mas é de esperar que represente mais um ponto de viragem na abordagem complexa (e às vezes complexada) que os editores fazem da literatura "policial".

Na minha lista de espera

"Forbrydelsen/The Killing" teve a sua primeira temporada em 2007. A segunda, mais curta, passou em 2009. E a terceira, que Søren Sveistrup, o seu autor, diz ser a última, começou a ser exibida em Setembro deste ano.
A adaptação americana (com o mesmo título, num "remake" quase de fotograma por fotograma) está a ser agora exibida na Fox portuguesa mas talvez nem valesse a pena: os produtores acabaram ingloriamente com a série ao fim da segunda temporada e sem a inesquecível Sofie Gråbøl também não valia a pena.
O original (primeira e segunda temporadas da série dinamarquesa) existe em DVD e recomendo-o vivamente.

domingo, 28 de outubro de 2012

O abandono e os maus tratos de animais domésticos (2): algumas ideias e propostas

Eis algumas ideias e propostas para combater o abandono dos animais domésticos denunciar (e envergonhar) os que o fazem, partindo do princípio de que haverá certamente pessoas com capacidade e poder de decisão que, acreditando numa causa destas e sendo capazes de tratar bem os animais, podem disponibilizar "pro bono" os recursos que têm à sua disposição:
 
- É possível unir boas vontades e pessoas socialmente e culturalmente influentes para criar a base de uma campanha nacional que seja pedagógica, directa e crítica.
- É viável chamar figuras públicas que, com sinceridade e bons exemplos, dêem a cara pelo tratamento digno de cães e de gatos.
- É relativamente fácil conseguir a participação de empresas com algum grau de responsabilidade social, ou com responsáveis que gostem de animais, para porem ao serviço de uma campanha desta natureza os meios e os recursos - de painéis publicitários a capas de livros (sobre animais, pelo menos) - que têm à sua disposição.
- É possível exigir às autarquias que disponibilizem os meios e os recursos - dos serviços municipais de veterinária aos instrumentos informativos - que são seus para alcançar estes objectivos.
- É desejável mobilizar voluntários para, nos supermercados, obter comida para animais - desde pequenos "snacks" às rações secas e às latas -, a exemplo do que tem sido feito pelo Banco Alimentar.
- É vantajoso envolver numa iniciativa destas, que deveria ter dimensão nacional, as clínicas veterinárias... que também ganharão, a outro nível, com um potencial aumento de clientes.
- E é indispensável garantir a efectiva colaboração das autoridades policiais para, como é seu dever, aplicarem a lei (que, convém recordá-lo, prevê penas de multa cujas receitas revertem para o Estado).

Será possível transferir pelo menos uma parte do activismo social que eclodiu em Setembro para uma causa destas? Talvez baste começar...

A caca da caça

Acredito que seja difícil - embora pudesse ser divertido de ver - caçar rolas, coelhos, perdizes, faisões e sabe-se lá o que mais conseguirão apanhar, com uma simples faca e de patas da frente no chão. Mas a atitude desses energúmenos que andam por aí aos tiros, bem armados, bem montados e rodeados de cães normalmente maltratados a matarem pequenos animais assustados, transforma-os em cobardes sem perdão.
Não são caçadores. São verdadeiramente cacadores.

sábado, 27 de outubro de 2012

O abandono e os maus tratos de animais domésticos (1)

É possível que o abandono de animais domésticos (cães e gatos) tenha aumentado com a crise, ou que a crise possa servir de pretexto a esse acto.
Mas é uma prática - hedionda e criminosa - que está infelizmente enraizada no comportamento português há muito tempo e que é gémea de outra: o mau tratamento a que são quotidianamente submetidos muitos animais (e, em termos de animais domésticos, os cães são as maiores vítimas por estarem mais dependentes dos seus donos, ou "proprietários") e com os mais variados níveis de violência e de desconsideração.
A cidade esconde muitas misérias, e actos miseráveis, deste calibre: cães fechados em apartamentos, sem espaços próprios, empurrados para as varandas sem qualquer tipo de afecto, com doses mínimas e ocasionais de comida e água, tratados como objectos sem sentimentos e emoções.
Mas quem vive em zonas rurais, como eu, vê mais claramente a outra face da moeda: as casotas de cimento em quintais ou em verdadeiras celas sem tecto onde estão aprisionados e acorrentados cães que, um dia, podem ter sido recebidos em casa talvez com mais curiosidade do que afecto antes de serem condenados à morte lenta, com comida que se esgota, com água que vai secando ao longo do dia, sujeitos às temperaturas mais extremas. E, nas estradas, os cães parados que olham para os carros como se acreditassem que os donos que os abandonaram os vêm buscar.
Este tipo de atitude encontra-se em todo o tipo de seres humanos.
Podem ser pessoas muito esclarecidas, podem ter uma consciência social muito aperfeiçoada, podem alardear os sentimentos mais nobres e jurarem a pés juntos que adoram crianças e animais e serem politicamente correctos e convictamente "de esquerda" ou "de direita".
Mas depois, com a impunidade que a sociedade portuguesa lhes garante, são capazes de largar na estrada ou num sítio mais longínquo, e muitas vezes imobilizado, um cão ou um gato que um dia até os encarou com afecto ou com simpatia e que acreditou que podia depender deles para ser feliz à sua maneira.
O Facebook permitiu a divulgação de muitos casos monstruosos. Esta semana, uma revista de dimensão nacional, dedicou a capa à história de cães e de gatos que conseguiram sobreviver e que, infelizmente, devem ser uma minoria. São sinais de alguma consciência social genuína.
Sendo o abandono de animais um crime punido pela lei, havendo tantas expressões de repúdio perante esse tipo de atitude e mostrando tantas pessoas que são capazes de se mobilizar civicamente e de o fazerem em manifestações nas ruas, talvez fosse possível pensar em ir mais longe e unir esforços e vontades para combater com empenho e com convicção o abandono.
E, ao mesmo tempo, denunciar e envergonhar os miseráveis que o fazem.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Para a Turismo do Oeste, a Linha do Oeste já não existe?!

 
António Carneiro, que infelizmente ainda deve ser o chefe da Região de Turismo do Oeste (RTO), tem sido uma espécie de entidade divina ouvida com particular reverência pelos jornais das Caldas, por motivos que se desconhecem.
Mas agora estalou o verniz devido à omissão tonta no site da RTO da Linha do Oeste como forma de acesso à... Região Oeste. A "Gazeta das Caldas", que tem dedicado grande atenção à Linha do Oeste, faz a denúncia na sua edição de hoje (ainda sem link), ressalvando que ainda há ligações ferroviárias directas a Lisboa e a Coimbra.
Depois das queixas do presidente da Junta de Freguesia da Foz do Arelho ao desinteresse da RTO, há mais esta crítica pública que se regista.
Na visita que fiz ao fracote site da RTO, descobri mais motivos de queixa. A eles regressarei.

Silêncio... porquê?

A bizarra decisão da Assembleia Municipal de Caldas da Rainha de unir freguesias à força, mesmo sem qualquer relação territorial, justificava que a "Gazeta das Caldas" e o "Jornal das Caldas" ouvissem sobre o asusnto opiniões que não fossem exclusivamente dos "donos" do poder autárquico.
O que agora foi decidido é mais importante do que, por exemplo, a Linha do Oeste, que teve direito a páginas infindáveis antes de toda a gente chegar aparentemente à conclusão de que ela já não tinha salvação possível.
O silêncio mostra, pelo menos, uma de duas coisas: o desinteresse pelo assunto (mas a quem mora na cidade pouco importa se é preciso uma freguesia rural pular por cima de outra para se integrar à força numa freguesia em que não se ousou mexer...) ou o medo de o debater.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Um problema do IMI como diganóstico para a comunicação social

 
Se isto é verdade (e confesso o meu actual desconhecimento dos pormenores do código do IMI), bem se pode considerar que a situação da Imprensa em geral e de muitos comentadores e opinadores em particular é muito mais grave do que se poderia pensar, tendo em atenção a muita gritaria que o assunto suscitou.

Actualização às 6h40 de 26.10.12: A notícia desapareceu, entretanto, da "primeira página" do "Expresso" "on line" mas continua activa. Se é verdadeira, a sua importância torna o desaparecimento um pouco estranho. Se é falsa, teria sido preferível eliminá-la, ou corrigi-la. A dimensão do sintoma é agravada por este estranho desaparecimento...

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

"Cada Dia, Cada Hora", de Nataša Dragnić

Já me tem acontecido, como tradutor, deparar-me com livros que são uma surpresa muito agradável e que muito possivelmente não compraria e nunca leria por estarem fora do meu "radar" de leitor com interesses específicos.
Foi o que aconteceu com "Cada Dia, Cada Hora" ("Jeden Tag, jede Stunde"), da escritora croata Nataša Dragnić, cuja edição portuguesa, da Porto Editora, é posta à venda esta semana.
É uma história de amor muito bem escrita, narrada com humor e ternura e com duas personagens (Dora e Luka) que são difíceis de esquecer, uma mais forte e resoluta do que a outra e a outra... tão fraca como afinal tantas vezes acontece, quando o ser humano sucumbe às suas limitações e às suas fraquezas.
A narrativa de "Cada Dia, Cada Hora" é linear como a vida (sem tiradas filosóficas e sem angústias existenciais) e, por isso mesmo, fascinante.
Nataša Dragnić vai apresentar "Cada Dia, Cada Hora" em Lisboa (no dia 6 de Novembro, no Instituto Goethe) e no Porto (8 de Novembro, no bar Labirinto).
A autora tem o seu site aqui.


terça-feira, 23 de outubro de 2012

Reflexões sobre a literatura "policial" (7)

A destruição do avião em que seguia Sá Carneiro foi causada por um acidente ou por um atentado? O ex-deputado português Duarte Lima assassinou, ou não, a milionária portuguesa Rosalinda Ribeiro no Brasil? O que aconteceu realmente nos bastidores do "caso Casa Pia" e qual foi (ou é, ainda) a dimensão da exploração sexual e da prostituição de menores e do seu impacto social e político?
Estes enigmas com implicações políticas, e que incluem crimes (ou suspeitas de crimes) violentos, já teriam dado origerm, noutro país ocidental, a várias obras de ficção, escritas ou filmadas (para cinema ou televisão). Por cá, houve um filme (o estimulante "Camarate", de Luís Filipe Rocha, de 2001) e um romance (o meu "O Clube de Macau", de 2007, sobre o "processo Casa Pia").
Produzir um filme é caro, um telefilme (ou mesmo uma mini-série) sê-lo-á menos e editar um livro custa bastante menos e tem receitas mais garantidas. Mas o certo é que nada mais existe no domínio da ficção. E é pena.
É impossível não pensar que o "pântano" político-cultural português (e, a propósito, o primeiro-ministro que fugiu ao "pântano" tê-lo-á feito por causa do "processo Casa Pia"?) faz germinar muitos temores que limitam, de uma maneira ou de outra, a liberdade de criação e de expressão.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Faz o que eu faço e não aquilo que eu digo

 
Causa-me alguma impressão ver professores que enaltecem o papel de absoluta relevância social que atribuem à sua profissão e que depois "compartilham" insultos directos e indirectos a titulares de órgãos da República e outras figuras públicas nas "redes sociais", insultos esses que - julgo eu... - não permitiriam aos seus alunos na sala de aula.

Reflexões sobre a literatura "policial" (6)

O "policial" esgotou-se no cinema por não precisar de efeitos especiais, para lá da representação de mortes variadas e de cenas de acção, como o mostram os grandes filmes do género da fase final do século passado, como "O Padrinho" (1972-1990), "Viver e Morrer em Los Angeles" (1985), "O Silêncio dos Inocentes" (1991), "Heat" e "Os Suspeitos do Costume" (1995).
Neste quadro, a televisão tornou-se o meio audiovisual de excelência onde o "policial" melhor se pôde desenvolver e explorar novos rumos.
"Hill Street Blues" (1981-1987), "The Wire" (2002-2008), "The Killing/Forbrydelsen" (2007) e "Boardwalk Empire" (2010) demonstraram, e demonstram, como o "thriller" beneficia não apenas com mais tempo de narrativa (a multiplicação de episódios entre os 40 e os 60 minutos, em média, em vez dos 90 ou 100 minutos únicos das longas-metragens) mas também com a possibilidade de forçar os limites das fronteiras temáticas.
A prolongada cena de incesto mãe-filho na segunda temporada de "Boardwalk Empire" e o realismo político-social de "The Wire" enfrentariam problemas muito complexos no cinema, pelo menos a nível da classificação etária e da correspondente circulação em termos de público.
O facto de as televisões e os produtores audiovisuais nacionais se manterem gloriosamente alheados desta tendência, explorando "ad nauseam" as telenovelas de intrigas amorosas, só revela o seu desajustamento em termos de ficção contemporânea, a sua falta de ousadia e o "parece mal" que amedrontam o sector livreiro.

sábado, 20 de outubro de 2012

Reflexões sobre a literatura "policial" (5)

Em geral, os editores portugueses não gostam do "policial", receiam que pareça mal publicarem histórias com crimes, não percebem o género e não arranjam quem lhes explique.
Preferem as modas e têm horror às preferências dos públicos plebeus de língua inglesa.
Arriscam pouco, não inovam, perdem oportunidades e desdenham as lições do audiovisual, meio com o qual também têm uma convivência problemática.
A sobrevivência do "policial" português, quando ele existe, é extremamente difícil nestas circunstâncias e, como tal, não gera receitas, não estimula outros autores e dá uma ideia errada da falta de interesse do público que compra e lê livros.
Ou seja, cometem-se verdadeiros homicídios intelectuais.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Reorganização das freguesias: esta gente serve para quê?!

Segundo a "Gazeta das Caldas", a Assembleia Municipal de Caldas da Rainha passou três horas a debater a proposta que resolveu fazer umas freguesias passarem por cima de outras (que aqui e aqui comentei).
O relato da "Gazeta" (infelizmente sem link) é assustador e a culpa não é da jornalista Fátima Ferreira, que faz a notícia.
O que impressiona, e muito, é o que ocupa aquelas almas que preenchem a Assembleia Municipal: não há uma única preocupação sobre a verdadeira defesa dos interesses genuínos das populações mas, essencialmente, um cortejo de lamentos sobre a estafada questão da diminuição do número de freguesias. Não se vislumbra uma única ideia, por modesta que seja, sobre a maneira de unir duas freguesias que têm outra pelo meio.
Durante três horas, as criaturas que a população das Caldas da Rainha elegeu para a Assembleia Municipal e para as Juntas de Freguesia debaterem os seus próprios interesses, como aliás sempre o fizeram.
É bom que nas eleições autárquicas do próximo ano nos interroguemos sobre uma questão muito simples: esta gente serve para quê?

Reflexões sobre a literatura "policial" (4)


Mesmo empiricamente se percebe que há público para a literatura "policial".
Não há, muitas vezes, é literatura "policial" para o público que a quer ler.
É uma lógica de pescadinha de rabo na boca que parece tolher os editores: não há público porque a oferta é quase imperceptível por falta de promoção e não há promoção porque... parece que não há púiblico.
Isto explica, em grande medida, a ausência portuguesa dos autores justamente mais consagrados da literatura anglo-americana, cujo estilo é, em geral, mais directo e mais acessível do que os seus colegas nórdicos.
Há autores americanos e ingleses que aparecem em edições portugueses desgarradas, criando a ilusão de que nunca foram publicados e/ou de que o seu potencial público se desinteressa quando, na realidade, nem percebe que autores e que obras foram publicadas.
Lee Child, George Pelecanos e a própria Ruth Rendell (que caiu em desgraça no mercado português por causas que seria interessante analisar) são só três exemplos de autores cujo potencial de êxito não se nota em Portugal por motivos a que as suas próprias obras e o público são alheios.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

A reforma das freguesias à moda das Caldas

 
1 - Durante um ano, os "proprietários" das Juntas de Freguesias e de outros lugares autárquicos do concelho de Caldas da Rainha e os membros das várias oposições, que ambicionam sempre comer à mesa dos exíguos orçamentos municipais, andaram numa violenta campanha de demagogia e de disparates a defenderem o que tomaram como seu sem discutirem com as populações a "reorganização" das freguesias.
 
2 - Com as normas entretanto aprovadas a decretarem o fim de seis das dezasseis freguesias do concelho (de 51 645 habitantes em 2011 e uma extensão de 255,87 quilómetros quadrados e com uma cidade até se dá ao luxo de ter duas freguesias), o presidente da Câmara fez uma estranha proposta: juntar à força freguesias que, territorialmente, não têm ligação nenhuma entre si, que engorda as freguesias urbanas e que "safa" um presidente de junta com interesses locais de já não se poder recandidatar por limite de mandatos. Para só se "perderem" quatro freguesias.

3 - Na votação na Assembleia Municipal, os mesmos "donos" das Juntas de Freguesia mantiveram-se calados porque perceberam que o negócio lhes era favorável e os das várias oposições verteram umas quantas lágrimas de crocodilo e foram pensar na melhor maneira de aproveitar a coisa para as próximas eleições.

4 - E Caldas da Rainha ficou com menos quatro freguesias, numa divisão completamente absurda em que algumas ficam separadas por freguesias que, afinal, já lá estavam.
 
(Os pormenores da coisa estão aqui.)
 

 

Reflexões sobre a literatura "policial" (3)

A tradição americana do detective particular que tudo investiga e desvenda é inaplicável em Portugal, onde esta actividade profissional tem limites rígidos que a circunscrevem à investigação de problemas quase só do foro privado.
Em termos práticos, uma história com uma personagem destas passada no nosso país transformaria o detective num criminoso (por estar a agir à margem da lei que regulamenta a sua actividade profissional) ou num justiceiro marginal, o que só por si centraria a acção nessa figura e não em qualquer intriga que pudesse ser pensada como tema da história.
Este paradigma limitou muito o "romance policial" português devido à fixação na tradição americana dos anos cinquenta e sessenta e ao desconhecimento do modo como o "thriller" evoluiu a partir daí na literatura anglo-americana.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

A decisão desastrada e suspeita da Assembleia Municipal sobre a "reorganização" das freguesias de Caldas da Rainha


O concelho de Caldas da Rainha foi "reorganizado" por decisão da Assembleia Municipal, que aprovou por maioria uma proposta completamente ilógica do presidente da Câmara, Fernando Costa (a que aqui me referi).
Com esta decisão, consegue-se o inimaginável: em dois casos, duas freguesias que não têm uma única ligação física ficam juntas à força, "saltando" por cima de outras, que ficam no meio.
 
O mapa que aqui se publica mostra bem o disparate a que conduziu esta misturada:
- Santo Onofre (uma das duas freguesias urbanas da cidade de Caldas da Rainha) agrega a Serra do Bouro, passando por cima do Nadadouro e da Tornada;
- Nossa Senhora do Pópulo (a outra freguesia urbana da cidade de Caldas da Rainha) agrega a freguesia do Coto, que fica ao lado, mas também a de São Gregório, passando por cima da freguesia de Vidais;
- a freguesia da Tornada consegue o milagre de se "ligar" à desvalorizada costa atlântica pela absorção da actual freguesia de Salir do Porto.



A decisão da Assembleia Municipal é ilógica, absurda e desastrada e não se livra, pelo menos num caso, da suspeita de lhe estar subjacente uma segunda intenção: o presidente da Junta de Freguesia da Serra do Bouro não se podia candidatar a mais nenhum mandato e poderá fazê-lo agora... na freguesia de Santo Onofre, continuando a dominar a Serra do Bouro.
A notícia do "Jornal das Caldas" (na edição impressa e ainda sem link) mostra também, por outro lado, a completa desorientação dos membros da Assembleia Municipal.
Durante mais de um ano andaram a cavalgar um cortejo de disparates e de demagogias e o resultado vê-se: em vez de terem feito alguma coisa pelos munícipes das Caldas da Rainha e de influenciarem uma decisão mais harmoniosa, deixaram-se literalmente "comer".
É um processo bem revelador da incompetência e da impreparação desta gente que nas eleições autárquicas do próximo ano vai voltar a pedir-nos votos como quem pede esmola, com o seu ar de virgens impolutas. Da minha parte o mais provável é que não levem nada.
 

Reflexões sobre a literatura "policial" (2)

Os autores do "romance policial" não fazem por mudar o mundo por intermédio do teclado do computador. O que querem é contar histórias com a liberdade de darem a conhecer, ou não, a sua visão do mundo. Que em geral até costuma ser mais crítica e mais certeira do que a visão normalmente angustiada dos outros autores porque conhecem melhor o "mal" e o "bem".

E se eles se lembram de fazer o mesmo?


© Correio da Manhã

Por um lado, a contestatação torna-se indubitavelmente mais interessante. Mas por outro - atendendo por exemplo ao populismo radical de figuras como Arménio Carlos, Jerónimo de Sousa ou Francisco Louçã -, é de começar a recear o pior.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Reflexões sobre a literatura "policial" (1)

A designação "policial" é ilusória por se aplicar com maior propriedade às histórias que têm polícias, ou outros agentes da lei, e não às histórias com crime(s).
A designação "thriller" (a palavra inglesa que tem a ver com "excitar", "emocionar", "inquietar") é mais apropriada para este tipo de literatura (ou de cinema, ou televisão) por ser mais abrangente.
A literatura "policial" em Portugal é uma literatura que... parece mal.
O melodrama de ir às lágrimas e a exposição dos maiores males de amor da literatura "realista" são do domínio do "bem". Mas histórias com mortes violentas, sangue, um ou mais tiros e polícias mais ou menos justiceiros já são do domínio do "mal".
Não há como manter as coisas "más" debaixo da carpete.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

domingo, 14 de outubro de 2012

A proposta de Fernando Costa sobre as freguesias que de facto não tem lógica nenhuma

A reforma das freguesias atingiu, nas Caldas da Rainha, um novo patamar de irrealismo que é capaz de ser pior do que o vendaval de insanidades demagógicas que tem caracterizado a intervenção dos presidentes das juntas de freguesia locais e dos aspirantes partidários a esses lugares.
O mais recente contributo é do presidente da Câmara Municipal, Fernando Costa, que divulgou através da "Gazeta das Caldas" (notícia sem link) a sua proposta para a redução do número de freguesias do concelho de dezasseis para doze.
A proposta (que o próprio admite, magnanimamente, poder não "cem por cento de lógica") prevê uma misturada que inclui, na prática, a absorção de três freguesias rurais por duas freguesias citadinas (Nossa Senhora do Pópulo ganharia Coto e São Gregório e Santo Onofre a Serra do Bouro) e a junção de uma freguesia do interior com uma freguesia do litoral que não ficam nada perto (Tornada com Salir do Porto).
Esta proposta é tão bizarra que faz pensar que a ideia de Fernando Costa é inviabilizar o processo e acabaria por destruir as freguesias rurais "apanhadas" pelas freguesias da cidade e daria ainda menos importância à costa atlântica, que precisa de ser valorizada e defendida (e reabilitada).
Como já aqui escrevi, o que defendo é diferente:
 

1 - Na zona interior do concelho devem manter-se as oito freguesias actualmente existentes (Salir de Matos, Carvalhal Benfeito, Santa Catarina, Alvorninha e Vidais, São Gregório, A-dos-Francos e Landal);
2 - A cidade de Caldas de Rainha deve ter uma só freguesia, sendo agregadas as freguesias de Santo Onofre e de Nossa Senhora do Pópulo, com uma designação alusiva ao nome da cidade;
3 - Na costa atlântica devem juntar-se as freguesias de Salir do Porto e Serra do Bouro, com uma designação que releve a importância do litoral e com a palavra «atlântico» no nome;
4 - As freguesias da Foz do Arelho e do Nadadouro devem transformar-se numa só, com uma designação que releve a importância da frente balnear oceânica e da Lagoa de Óbidos;
5 - A pequena freguesia do Coto deve ser agregada à freguesia da Tornada.

 
Alguém, ou alguma entidade, devia animar esta debate. Eu, pela minha parte, tenho uma proposta.  Que é mais coerente e mais vantajosa para todos do que a do ainda presidente da Câmara.

Mais coisas boas do Dona Alentejana

O restaurante Dona Alentejana, que é um dos restaurantes das Caldas da Rainha de que mais gosto (de que já aqui falei e que também se encontra no Facebook), pôs à venda doce de tomate e licor de poejo, de fabrico próprio.
O licor de poejo é muito bom e o doce de tomate, que é difícil de encontrar, é delicioso. Não são apenas bons para consumo próprio mas podem funcionar muito bem como presentes de Natal.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

A polémica sobre o Plano Nacional de Leitura...

... é sugestiva, depois de aparecer recomendado a crianças um livro para adultos, com a autora, Alice Vieira, a chamar "energúmenos" aos seleccionadores das obras (pormenores aqui).
Sobre outra particularidade do dito Plano Nacional de Leitura já eu tinha escrito aqui em Março deste ano: uma recomendação também bastante descuidada do sobrevalorizado "Papalagui".

terça-feira, 9 de outubro de 2012

A Câmara não garante que a água da rede pública de Caldas da Rainha se possa beber

É a única conclusão que posso tirar da falta de resposta dos Serviços Municipalizados de Caldas da Rainha a uma carta que dirigi a esta entidade em 30 de Agosto e às perguntas que eu e um munícipe do Chão da Parada fizemos na "Gazeta das Caldas".

domingo, 7 de outubro de 2012

A tiro

Comecei a ouvir os primeiros tiros pouco passava das sete e meia, quando o dia já estava completamente claro - são os caçadores, que invadem os campos vizinhos e que chegam a rondar as casas. Com disparos isolados, outras vezes a parecerem rajadas.
Ouvem-se, acompanhados de vozes excitadas e de cães a ladrar (e, às vezes, a ganir), durante quase toda a manhã. Depois à tarde há mais.
Não andam muito, ficam emboscados de arma em riste e olhar bovino, deixam cartuchos vazios e latas de atum e de salsichas e sacos de plástico. E cães perdidos e desorientados, em geral maltratados e esfomeados.
E matam - coelhos, faisões de cor garrida, rolas e rolas-selvagens, perdizes... tudo o que conseguirem, parece. Num combate estupidamente desproporcionado e sempre cobarde.
Felizmente também se matam a eles próprios, embora menos do que seria desejável.

sábado, 6 de outubro de 2012

"Segurança Nacional" - a importância de uma carinha laroca...

Não consigo vislumbrar as qualidades da série televisiva "Segurança Nacional", à excepção da carinha laroca da actriz principal.
Em matéria de originalidade, "O Candidato da Manchúria", nas suas duas versões, já tinha inaugurado a ideia.
Não há qualquer tipo de inovação no estilo narrativo.
Não há interpretações memoráveis.
E nem os prémios a eito - num sistema de promoção das produções televisivas onde nem sempre o que é melhor leva prémio, e os exemplos são mais do que muitos - me convencem. E, sim, vi os primeiros episódios da primeira temporada.
Mas, se calhar, o defeito é meu, que só me tenho dedicado a coisas menos premiadas (e desprezadas pelos polícias do gosto) como "Boardwalk Empire", "Downton Abbey", "Game of Thrones", "The Good Wife", "House", "The Killing Forbrydelsen", "NCIS", "Sem Escrúpulos Damages", "The Walking Dead" e "The Wire". E ainda me falta "Breaking Bad"... 

A perversão dos jovens adultos

A pensar no público dos “jovens adultos”, dos que já deixaram formalmente a adolescência aos que ainda se acham sem idade para a literatura e o cinema dos “crescidos”, o imortal Sherlock Holmes foi rejuvenescido num recente assalto da televisão britânica à criação de Sir Arthur Conan Doyle (com uma interpretação vagamente adequada de Benedict Cumberbatch). A série teve êxito, pelo menos em Inglaterra, e continua.
Nos EUA fizeram, de certa forma, pior: rejuvenesceram o adorável Hannibal Lecter e o seu primeiro adversário do FBI, Will Graham, e fizeram uma série televisiva que se estreia em 2013 com o título "Hannibal".
O escritor Thomas Harris, que explorou "ad nauseam" a personagem que criou com tanta originalidade, não se deve ter importado com este acto de perversão criativa, depois do pântano que foi a história (com o modesto título de "Hannibal") com que quis explicar as origens do Dr. Lecter.
Enfim, já lá vão os tempos de Michael Mann, Jonathan Demme, Brian Cox, Anthony Hopkins, Jodie Foster e, até, Ridley Scott.
 
 

NCIS atrasado no AXN


O canal por cabo AXN já anuncia, sem data, a oitava temporada de “Investigação Criminal” (a famosa “NCIS”). 
Chega com atraso, estando a nona temporada já em DVD nos EUA e a décima a despontar. E, garanto-vos, a nona temporada já tem momentos memoráveis (do que já vi, pelo menos dois minutos e meio de antologia no episódio “Unborn Son” e o começo do episódio 200) e uma magnífica participação de Jamie Lee Curtis.
“NCIS” tem como heróis um grupo de agentes que são quase uma família (e a nona temporada acentua o papel de “pai” do fascinante Jethro Leroy Gibbs). Tendo nascida colada a um organismo de investigação criminal da Marinha dos EUA e quase à experiência, cresceu, desenvolveu-se e atingiu um estado de qualidade e de criatividade absolutamente notável, melhorando a cada temporada, ao contrário do que tantas vezes sucede a muitas séries televisivas (e “House” talvez seja o melhor exemplo de uma série que se arrastou sem glória nenhuma).
"NCIS" tem sido injustamente ofuscada no melancólico panorama televisivo nacional pelo muito débil sucedâneo que é "Investigação Criminal Los Angeles" apenas por esta ter a portuguesa Daniela Ruah entre os seus protagonistas. Mas é melhor, incomparavelmente melhor.
 




 

"Downton Abbey", a série da moda no Fox Life


“Donwton Abbey” é um "remake" hábil de “A Família Forsythe” (1967) e “A Família Bellamy” (1971-1975) mas não deixa de ser uma série televisiva simpática.
Os valores de produção são bons, as interpretações são sólidas, há um ar de autoridade paterna que se revela afinal bondosa e as tragédias são sempre vividas de forma diferente, e felizmente, pelo povo e pela aristocracia.
Tudo isto e também a saudade das outras séries em quem as viu e na memória colectiva fizeram de “Downton Abbey” uma série da moda, um fenómeno “de culto”, como agora se diz sobre tudo e sobre nada.
A terceira temporada regressa no dia 15, no canal Fox Life, e vai ter toda a gente a vê-la. É um bom entretenimento em tempos de crise e até pode ser que a evocação do "sangue, suor e lágrimas" alheio seja pedagógica. E, além disso, a aristocracia está sempre "in"... sobretudo quando é a dos outros.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Um contributo para o debate sobre a redução do número de freguesias


Em circunstâncias e com pessoas normais, seria de esperar que o projecto governamental de redução do número de freguesias tivesse sido debatido a nível local, com os presidentes de junta em funções a recolherem as opiniões dos eleitores e a procurar as melhores alternativas e contrapartidas em vez de se apropriarem das juntas de freguesia como se fossem coisa sua, defendo os respectivos cargos e não os interesses das povoações.
Não foi o que aconteceu e nunca existiu nenhum debate público, no concelho de Caldas da Rainha, sobre a questão.
Portanto, em função da decisão aprovada na Assembleia Municipal de reduzir em quatro o actual número de freguesias, proponho a seguinte alteração:
 
1 - Na zona interior do concelho devem manter-se as oito freguesias actualmente existentes (Salir de Matos, Carvalhal Benfeito, Santa Catarina, Alvorninha e Vidais, São Gregório, A-dos-Francos e Landal);
2 - A cidade de Caldas de Rainha deve ter uma só freguesia, sendo agregadas as freguesias de Santo Onofre e de Nossa Senhora do Pópulo, com uma designação alusiva ao nome da cidade;
3 - Na costa atlântica devem juntar-se as freguesias de Salir do Porto e Serra do Bouro, com uma designação que releve a importância do litoral e com a palavra «atlântico» no nome;
4 - As freguesias da Foz do Arelho e do Nadadouro devem transformar-se numa só, com uma designação que releve a importância da frente balnear oceânica e da Lagoa de Óbidos;
5 - A pequena freguesia do Coto deve ser agregada à freguesia da Tornada.
 

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

A reorganização das freguesias: uma manada de revelações bem esclarecedoras

 
Mesmo que se considere que o modo como os presidentes das juntas de freguesias, e os outros que vivem na esperança de os substituir, agem como agem porque tomam como coisa sua as estruturas de poder local do Estado de Direito, às vezes é difícil perceber como essas criaturas resvalam para manifestações de demagogia tão absurdas.
No entanto, o extenso relato que, depois do "Jornal das Caldas", a "Gazeta das Caldas" (sem link) publicou da mais recente reunião da Assembleia Municipal de Caldas da Rainha (onde ninguém tentou ver de que modo é que as populações podem ganhar com a reorganização) é revelador do desvario dessa gente, como se percebe por apenas quatro magníficos exemplos.

A chatice são os lugares da lista
Diz Lino Romão (BE) que a agregação de freguesias "vai criar muita revolta, tanto no momento autárquico de constituição das listas como quando as pessoas virem que lhes estão a tirar os serviços".
Ou seja: o principal problema é o de os lugares já não sobrarem para todos. E depois... quem é que "tira os serviços"? O BE já não confia na luta do povo em defesa dos seus interesses?!

Este não tem mesmo a certeza...
Jorge Sobral (PS) vocifera contra a agregação e depois diz: "eu tenho quase a certeza que as pessoas não querem".
Ele protesta mas lá diz que, ao certo, não sabe...

... enquanto este não liga às eleições mas à herança dinástica...
Para Abílio Luís (presidente da Junta de Freguesia de Salir do Porto), o que conta é a herança dinástica da família e não o voto do povo: "Fui neto e filho de presidentes de Junta e coube-me a mim esta tragédia".

... e este confessa que é ele que não quer!
Diz Vasco Oliveira (presidente da Junta de Freguesia de Nossa Senhora do Pópulo) que está contra "por coerência, porque estou a defender as populações da minha freguesia e porque não quero que ela seja agregada".
Ele não quer. E é tudo.

O que lhes interessa são os lugares

A notícia da edição do "Jornal das Caldas" de ontem (sem link até este momento) sobre a reunião da Assembleia Municipal que deu "luz verde à Câmara para propor extinção de quatro freguesias das Caldas" confirma apenas o que já tenho escrito: os políticos locais, dos ainda presidentes das juntas de freguesia às oposições, voltaram por completo as costas aos interesses das populações e, apesar das afirmações demagogicamente mais delirantes e mais idiotas, só querem defender os lugares que ocupam.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

«DCI Banks» - os livros são melhores...


O inspector Alan Banks é uma criação interessante do escritor inglês Peter Robinson (site oficial aqui).
Apareceu pela primeira vez em 1987 no romance "Gallows View" e tem tido um êxito razoável. Não é um herói extraordinário, tem os seus problemas pessoais, conjugais e familiares, às vezes zanga-se, não anda de pistola em punho (na tradição britânica). É um "primo" afastado do Wexford de Ruth Rendell.
A série "DCI Banks", que está a ser exibida pelo canal Fox Crime às terças-feiras, tenta capitalizar o êxito das histórias de Alan Banks, tem um actor que é quase o Banks original (Stephen Tompkinson), distorce um pouco a personagem de Annie Cabot... e tem um problema de raiz.
Os seus produtores quiseram "despachar" a coisa. Ou seja, começaram a comprimir em dois-três episódios algumas das obras de Peter Robinson e o resultado deixa a desejar: as histórias passam a correr, Banks tem pouco tempo de antena, os diálogos são à pressão e o espectador - sobretudo o que já conheça as histórias - tem de pôr-se a pensar no que viu, depois de ter visto, para perceber o que se passou.
O formato, longe da opção mais recente de dar na televisão o tempo às histórias e às personagens que o cinema não pode dar, é curto e não parece ter favorecido o êxito da série. O IMBD inventaria três temporadas, Peter Robinson refere-se a duas.
É interessante seguir a série mas como uma mera recriação das personagens originais e de algumas situações com que se deparam.
Que - como já é costume - se encontram nas edições estrangeiras e não em edições portuguesas.