terça-feira, 23 de outubro de 2012

Reflexões sobre a literatura "policial" (7)

A destruição do avião em que seguia Sá Carneiro foi causada por um acidente ou por um atentado? O ex-deputado português Duarte Lima assassinou, ou não, a milionária portuguesa Rosalinda Ribeiro no Brasil? O que aconteceu realmente nos bastidores do "caso Casa Pia" e qual foi (ou é, ainda) a dimensão da exploração sexual e da prostituição de menores e do seu impacto social e político?
Estes enigmas com implicações políticas, e que incluem crimes (ou suspeitas de crimes) violentos, já teriam dado origerm, noutro país ocidental, a várias obras de ficção, escritas ou filmadas (para cinema ou televisão). Por cá, houve um filme (o estimulante "Camarate", de Luís Filipe Rocha, de 2001) e um romance (o meu "O Clube de Macau", de 2007, sobre o "processo Casa Pia").
Produzir um filme é caro, um telefilme (ou mesmo uma mini-série) sê-lo-á menos e editar um livro custa bastante menos e tem receitas mais garantidas. Mas o certo é que nada mais existe no domínio da ficção. E é pena.
É impossível não pensar que o "pântano" político-cultural português (e, a propósito, o primeiro-ministro que fugiu ao "pântano" tê-lo-á feito por causa do "processo Casa Pia"?) faz germinar muitos temores que limitam, de uma maneira ou de outra, a liberdade de criação e de expressão.

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