quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

As eleições autárquicas de 2013 nas Caldas da Rainha (1): brincadeiras de miúdos nas freguesias

Uma das coisas que me surpreendeu, quando me fixei numa freguesia rural de Caldas da Rainha, foi a propaganda partidária nas eleições autárquicas, primeiro em 2005 e depois em 2009.
Mais do que em Lisboa e nos seus subúrbios, os “programas” das várias candidaturas foram coisas que me fizeram lembrar, trinta anos depois, as eleições universitárias em que entrei.
Enquanto estudante, participei (entre 1975 e 1978) em eleições para várias estruturas da Faculdade de Letras de Lisboa e lembro-me de como se faziam os programas: as candidaturas estudantis, que pouca margem de manobra tinham na concretização do que propunham, inventariavam aspectos em que se propunham intervir, defender, chamar a atenção, lutar por, etc.
Normalmente, com excepções delirantes, era razoável a lista de reivindicações. Mas o alcance era limitado: os estudantes não podiam fazer mais do que tentar convencer os órgãos de gestão a fazerem o que eles defendiam.
No caso mais recôndito da freguesia caldense da Serra do Bouro, que agora já nem é freguesia, a situação era pior. Os partidos que não estavam na Junta de Freguesia portavam-se como miúdos, em versão mais alunos do secundário do que do superior, e eram capazes de prometer e exigir tudo e o seu contrário… incluindo um multibanco. Depois, sem votos, iam-se embora e nunca mais se dava por eles. Nós, os estudantes, pelo menos continuávamos onde estávamos.
Não vi, nos quatro anos que passaram desde as últimas eleições autárquicas, mudanças na freguesia da Serra do Bouro. E agora esta freguesia foi “agregada” a uma freguesia da cidade de Caldas da Rainha, saltando por cima de outra que continua onde estava: no meio. O poder – e a esse aspecto não deixaremos de voltar – transferiu-se para a cidade.
A nível nacional, o que vi foi os presidentes das juntas de freguesia a berrar e a balir contra a extinção das freguesias, como se as juntas fossem coisa sua. Em quatro anos, o que é que fizeram? Protestaram. No fim, e como era previsível, a maior parte perdeu. E alguns ganharam… novos cargos.
As eleições autárquicas deste ano parecem-me mais do que nunca, no que se refere às freguesias, uma verdadeira inutilidade.
 
Amanhã: As aves de arribação das oposições

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