segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

A função pública trabalha pouco? (2)

 

Há um sem-número de responsabilidades que o cidadão tem perante o Estado que o obrigam a frequentar os vários serviços estatais.
A situação está relativamente mais aliviada em alguns domínios, graças às novas tecnologias, mas acabamos todos por ir às "repartições públicas" mais tarde ou mais cedo. Ou, em alguns casos, a uma Loja do Cidadão, variante curiosa desse tipo de serviços que nasceu segundo o princípio tradicional do "não se resolve, cria-se outro e mantém-se o original".
A coisa tem um custo pesado: não vale a pena pensar em mais nada a não ser que a resolução de um problema que às vezes é muito simples pode levar-nos uma manhã ou uma tarde inteiras.
Não se trabalha, não se descansa, não se faz mais nada a não ser... ir para a fila de espera da "repartição pública".
Na maior parte dos casos, os serviços abrem às nove ou às nove e meia, fecham à hora do almoço e depois às quatro da tarde.
Pode acontecer, e acontecerá decerto, que o seu pessoal fique a trabalhar até mais tarde. Mas o contraste com o que se passa do lado de cá é enorme: a hora da entrada é em muitos sectores antes das nove, à hora do almoço também se atendem os clientes e o fecho não é às quatro horas.
Esta situação separou os trabalhadores do sector público dos trabalhadores do sector privado. Gerou, com e sem fundamento, a noção de que na função pública pouco se trabalha. E que, trabalhando pouco, tem o lugar garantido para sempre, independentemente do desempenho e dos resultados.
Os sindicatos, sempre excitados com a bandeira dos "direitos adquiridos", foram incapazes, também aqui, de perceber que os tempos estavam a mudar. E deixaram que se instalasse a imagem de uma função pública pouco dada aos interesses do público e sem vontade de trabalhar.
Hoje já é tarde para contrariar essa impressão e para pedir a solidariedade dos trabalhadores do sector privado, que também nunca tiveram a solidariedade dos trabalhadores da função pública.

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