sexta-feira, 18 de abril de 2014

Sem "dimensão histórica nem científica": junta-se ao silêncio a peixeirada

 
Duvido do futuro do Hospital Termal de Caldas da Rainha, quer como estabelecimento de saúde só por si ou como estabelecimento termal, e já o escrevi.
Mas penso que o tema (estando agora nas mãos de competência duvidosa) da Câmara Municipal só ganharia em ser objecto de um debate sério e esclarecedor, assente em alguns princípios fundamentais e sem ser um desses prazeres solitários de que nada acaba por restar. 
Esse debate tem dois pontos incontornáveis: a proposta feita pelo Governo à câmara (conhecida já há duas semanas) e o relatório da auditoria da Inspecção-Geral das Actividades de Saúde, que levanta alguns problemas pertinentes e que será, além do mais, a posição oficial da entidade (o Governo) com que a câmara deveria negociar. E terá uma exigência, como qualquer debate entre pessoas civilizadas: a boa educação e a cortesia.
Só que não parece que lá cheguemos.
A "Gazeta das Caldas", sempre benevolente para com a gestão camarária da "nova dinâmica", abriu as hostilidades esta semana: "chantagem", "ridículo", "desplante", "funcionários que não têm a dimensão histórica e científica por norma" foram algumas das palavras empregues na sua crítica, onde vai ao ponto de sugerir a entrega do hospital "ao reino de Castela ou ao Império do Meio (China), invocando reis e marqueses com um inesperado pendor monárquico.
Se a esta posição associarmos o silêncio a que se remeteram os partidos da "situação" (ao contrário do MVC, que tem expressado posições cautelosamente inteligentes e com adequado sentido das proporções) e a câmara, podemos considerar que o tema deixou de ser importante... por ter passado de uma situação de indefinição a uma situação a resolver com prazo definido.
Há uma expressão francesa que poderíamos evocar com alguma elegância ("les beaux esprits se recontrent") a propósito desta coincidência de posições mas, sem descer ao mesmo nível, fiquemos por um "estão bem uns para os outros".
Só é pena, claro, que não sejam eles os prejudicados.

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Este texto de Miguel Miguel, no seu blogue Salubridades, é um bom exemplo do que poderia, e deveria, ser um debate sobre o assunto, sem fugir ao combate político mas fazendo-o com a elevação que a "Gazeta" parece ter perdido.

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