quarta-feira, 2 de julho de 2014

O silêncio das oposições só reforça a arrogância do poder


Houve quem não gostasse do que aqui escrevi há quase um mês sobre a situação de aparente declínio dos movimentos independentes, e dos seus activistas, que disputaram as eleições autárquicas de 2013. 
A questão, escrevi, é o silêncio e, mesmo que não seja um (mau) exemplo, o que se verifica em Caldas da Rainha pode ser significativo.
De qualquer modo, como a realidade serve para esclarecer muitas dúvidas, o que se passou com a questão-chave do Hospital Termal confirma essa debilidade.
Soube-se hoje (pelo "Jornal das Caldas")  que a Câmara Municipal, ao contrário do que parecia quando entregou um estudo prospectivo sobre a matéria a um amigo do presidente da câmara, aprovou a proposta governamental, limitando-se a propor alterações no que se refere aos encargos que quer assumir. (Sobre essa proposta já escrevemos aqui e aqui.)




Sobre a decisão camarária conhece-se apenas a posição do PS (que, muito significativamente, já a mostrara conhecer há cerca de duas semanas) e a sua abstenção na câmara.
Quanto aos restantes partidos, como é infelizmente habitual, nem devem ter percebido que havia alguma coisa em marcha.
Mas se isso é característico do CDS e do PCP, é lamentável perceber como o silêncio também envolveu o Movimento Viver o Concelho (MVC), que concentrou as suas atenções numa desconsideração que lhe foi feita pelo presidente da câmara. Distraídos, os independentes caldenses ficaram à margem. Tal, como aliás, o movimento popular de defesa do Hospital Termal.
A proposta que a câmara tenta agora não perder é, como escrevemos, interessante. Mas é dispendiosa, demasiado dispendiosa para uma câmara municipal. 
Depois da tentativa de obter a colaboração da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, a câmara aparece agora isolada a sugerir um compromisso financeiro para o qual não parece ter capacidade. Ou estará a pensar em acabar com as facilidades fiscais de que o ex-presidente Fernando Costa tanto se orgulhava de ter concedido aos residentes no concelho?
O modo como a câmara avançou é, por outro lado, revelador da segurança arrogante que sente perante uma "oposição" que só raramente a assusta. As negociações com o Governo deviam ter sido acompanhadas por uma comissão abrangente.
A atitude passiva da "oposição" (que inclui a "prova de vida" que foi a abstenção do PS) dá força à câmara para a dispensar.
Infelizmente não era esta, parece-me, a noção que esteve na base da génese do MVC.

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