sexta-feira, 21 de novembro de 2014

"Happy Valley": se Ken Loach refizesse "The Wire"...



Sarah Lancashire nas ruas de um vale onde a felicidade é poder sair de lá
 
Uma cidade do interior num vale de Yorkshire, no Reino Unido, onde a única alegria é a certeza de sair de lá (segundo a canção de Jake Bugg) é o cenário da mini-série inglesa "Happy Valley", um exemplo grande do "thriller" que, respeitando todos os cânones do género, dá a maior das atenções às questões sociais.
Criada por Sally Wainwright, argumentista, produtora e realizadora, esta mini-série televisiva de seis episódios e 351 minutos tem como grande intérprete a actriz Sarah Lancashire, sargento da Polícia local que, como mandam as regras britânicas, não usa arma de fogo. Começa com um contabilista a precisar de mais dinheiro, o regresso do violador da filha morta da polícia Catherine Cawood, um rapto e tudo começa a correr mal. A toda a gente.
Sarah Lancashire (Catherine Cawood) é uma polícia inesquecível e, pela sua mão, o "thriller" combina-se com o melodrama e com um retrato seco e frio de um ambiente urbano desolado. Há três sequências de grande violência (a morte de outra mulher-polícia e dois embates físicos entre Catherine e o violador da filha, e raptor e homicida, também) e nem um único momento de tranquilidade. A violência não precisa de tiros (os dois únicos tiros são no fim e um pouco à margem do essencial da história) e os rostos, os diálogos e os ambientes mais sórdidos fornecem os elementos fundamentais.
"Happy Valley" pode ser caracterizado por um simples cruzamento de dois factos: se o realizador britânico Ken Loach fizesse um "remake" da grande série "The Wire" em Inglaterra, seria algo muito parecido com "Happy Valley".
 

[Vi "Happy Valley" numa edição em DVD da BBC para o Reino Unido de 2014, legitimamente adquirida.]

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