sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Dignidade

Há muitos políticos em que não votei e não votarei, ou em que (tendo votado) votei e nunca mais votarei. Há políticos que me merecem muitas críticas e muitas reservas, quer no que dizem quer no que fazem. Há políticos de cuja honestidade desconfio e que gostaria de ver investigados e com fundamento.
Mas as minhas reservas e as minhas críticas tomam sempre em consideração um pormenor: no caso de um Presidente da República, de um primeiro-ministro e de membros de outros órgãos de soberania, há limites (políticos, sociais, culturais e legais) que não se podem ultrapassar. Além disso, no debate político que caracteriza a democracia, não pode haver lugar para a confusão entre traços mais questionáveis de personalidade e as opções políticas.
Esses políticos não só representam o país e o Estado como foram eleitos por uma parte significativa dos outros cidadãos. Criticá-los é uma coisa, insultá-los é outra: é insultar o país, o Estado e o povo.
É por isso que me faz uma certa confusão como é que há pessoas que até podem considerar-se cultas e que têm actividades profissionais que lhes permite serem consideradas "intelectuais" ou que, como professores, andem (suponho eu) a reprimir os seus alunos quando estes falam mal ou se portam mal, e que deixam o pé escorregar para a chinela em delírios verbais histéricos, grosseiros e, muitas vezes, escritos com erros de ortografia.
É, para mim, uma questão de dignidade: a nossa e a de quem nos representa a todos e, por essa via, a dignidade do país.
E, ainda, da dignidade que a cobardia mata. Porque a grande maioria dessa gente, se não toda ela, ficaria transida de medo de pronunciar as suas opiniões insultuosas se o tivessem de fazer cara a cara contra os alvos das suas ridículas iras. Ou seja, mostram com isso a sua própria falta de dignidade.

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