quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

O galheteiro pessoal

 
Num restaurante popular a que vou com alguma frequência (e a sua modéstia não lhe retira dignidade) vejo às vezes alguns homens de boné enfiado na cabeça. 
Pelo aspecto, são de origens diversas e estatutos sociais diferentes mas convergem no mesmo: usam um boné enfiado na cabeça como se já fizesse parte do organismo e mantêm-no no sítio durante toda a refeição. Pela aparência devem viver com o boné na mona durante as vinte e quatro horas do dia e nem no banho (se é que o tomam...) o retiram.
Agora, no ginásio que frequento, já é a segunda vez que me deparo com um sujeito que também não larga o boné. Ou tem vários iguais ou então é sempre o mesmo. O boné, que até fica a matar com os dentes de cima tipo tira-cápsulas, também não lhe deve sair nunca da cabeça. 
A avaliar pelo cheiro que também rodeia estas criaturas, penso que a explicação para o uso  maníaco do boné é afinal relativamente simples. Eles empregam os bonés como galheteiros pessoais, espremendo-lhes um cantinho para conseguirem extrair do seu tecido um elemento natural: o óleo necessário para temperarem as suas saladas.

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