quarta-feira, 18 de março de 2015

A "democracia" das petições idiotas

 
Nas eleições legislativas de 2011, uma associação aceite como partido pelo Tribunal Constitucional designada por "Movimento Esperança Portugal" teve 21 942 votos num universo de 5 585 054 eleitores. Imediatamente abaixo ficou, com 17548 votos, o Partido Nacional Renovador.
O MEP dissolveu-se um ano depois e o PNR ainda parece existir.
Será conveniente reter que o PSD teve 2 159 181 votos (e o PS 1 566 347), vencendo as eleições e formando governo. O número de inscritos total foi de 9 624 354 eleitores.
Estes pormenores são importantes para se perceber a relevância de uma petição que, requerendo a demissão do primeiro-ministro indicado pelo PSD para o Governo na sequência das eleições de 2011, não foi aceite pelo Presidente da República.
A petição terá reunido cerca de 20 mil assinaturas, ou seja, mais do que o PNR mas menos, até, do que o MEP.
Alguns dos subscritores da petição derramaram-se em insultos ao Presidente da República por não lhes ter feito a vontade.
Ou seja: houve 20 mil idiotas que resolveram "furar" os mecanismos instituídos pela Constituição da República para fundamentar a democracia parlamentar que temos, mandar bardamerda os restantes 5 565 054 concidadãos que foram votar e esperar que houvesse um Presidente da República que lhes fizesse a vontade.
Neste caso era a demissão do primeiro-ministro que se exigia.
Amanhã pode haver gente que faz uma petição para impor o partido único.
Depois de amanhã pode haver outros 20 mil que queiram montar uma organização paramilitar que extermine os 9 604 354 eleitores que não lhes assinarem a petição.
Na próxima semana até pode haver outra petição a defender que só podem formar governo pessoas de cabelos louros e olhos azuis.
Talvez faça falta, nisto tudo, uma petição a defender que só pessoas inteligentes é que podem assinar petições. Mas isso até já será pouco democrático...

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