domingo, 29 de março de 2015

Má fé e falta de seriedade?


Em meados de Novembro do ano passado recebi uma proposta de trabalho de uma editora que designarei apenas por Z., para traduzir uma história fantástica para adolescentes. Propunham-me que o fizesse em Janeiro (deste ano) e que o pagamento (propondo eu o valor) seria pago a 90 dias. Ou seja: três meses. Aceitei as condições e fiz um preço razoável, que foi aceite.

Poucos dias depois, a Z. perguntou-me se poderia traduzir o segundo livro da série, logo a seguir ao primeiro, e que propusesse igualmente o valor.
Assim fiz, juntando os dois trabalhos mas alterando a forma de pagamento. Porque receber o pagamento das duas traduções a 90 dias seria equivalente a estar quase quatro meses sem receber nada.
 
A Z. pediu-me também uma proposta para a remuneração e eu fiz um desconto global de 10 por cento, propondo 4 pagamentos com intervalo de 30 dias a partir do 30.º dia da entrega. Aceitaram. Pedi um contrato com os pormenores todos. Disseram que o fariam.

Ao mesmo tempo aceitei o convite para ir, em 1 de Dezembro, a uma reunião com a editora, pensando até que nessa altura já haveria contrato para assinar. A reunião de pouco serviu e, quanto ao contrato, garantiram-me que mo enviariam.

 
A questão do contrato era especialmente significativa porque não conhecia a editora, em termos de funcionamento, nem as suas dirigentes. Podendo não servir para nada no que se refere ao pagamento (já houve situações difíceis mesmo com contrato), era importante também para aquilatar da seriedade da entidade que queria contratar os meus serviços.


 
O mês de Dezembro passou, no entanto, sem contrato. Por alturas de 20 avisei que, não havendo contrato, seria difícil começar a trabalhar. No dia 30 telefonou-me uma pessoa da direcção da Z., garantindo-me que haveria contrato, pedindo desculpa por não terem respondido, etc. Eu adiei por um mês a entrega do primeiro livro (para não começar sem a situação se encontrar esclarecida) e fiquei à espera.
 
Apareceu-me nessa altura uma proposta de outra editora, em que comecei a trabalhar, preparando tudo para me dedicar ao tal primeiro livro da Z. logo a seguir.
Mas da Z. nada me chegava.
 
E quando lhe comuniquei que não poderia fazer outra coisa se não adiar também o segundo livro (e sabia que não iam ser publicados em simultâneo, pelo que haveria tempo), a reacção foi praticamente imediata: já não queremos nada, porque é muito tarde para nós, fica tudo sem efeito.
 
E o contrato? Nunca apareceu.

Eis o que se pode concluir: que a minha exigência de contrato serviu para demonstrar a falta de seriedade da editora que queria o meu compromisso (como prestador de um serviço) sem eu ter o compromisso de ser pago por ele, como se quisesse que eu fosse avançando, sempre na esperança de vir a ser pago... sem talvez o vir a ser.


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