domingo, 30 de agosto de 2015

Stephen King PG-13

 
"The Shining" é um dos primeiros romances do prolífico Stephen King. Publicado em 1977, faz parte do seu período inicial (mais virulento, mais criativo, mais directo). É uma boa história de fantasmas e de um local assombrado por coisas muito sinistras.
Stanley Kubrick levou-a ao cinema, com o mesmo título, em 1980 mas o filme, impecável, afastava-se da história original.
Uma mini-série, em 1997, andou mais próximo do romance mas nunca poderia ter deixado de ser, ela própria, assombrada pelas qualidades de qualquer produção de Kubrick. 
"The Shining" teve sempre um sobrevivente que é fundamental: o pequeno Dan Torrance, que é o herói da história. E é por aí que começa Stephen King para escrever o que é uma continuação do seu romance: "Doctor Sleep" (2013).
Nele Dan Torrance, com um percurso de vida bastante complexo, é adulto, a "luz" ou "brilho" (o que é descrito como "shining") é um fardo e a relação com o mundo só é satisfatória no acompanhamento de doentes terminais, que ajuda a morrer. Mas há mais gente que tem esse dom, como a jovem Abra Stone, que entra mentalmente em contacto com uma seita religiosa denominada True Knot. São vampiros (a fazerem lembrar os do extraordinário filme "Near Dark", de Kathryn Bigelow) mas de uma espécie diferente: o que os alimenta é o "vapor" (a alma?!) dos seres humanos, que são para eles uma subespécie.
E temos assim Dan Torrance, Abra e alguns aliados de ocasião a combaterem a seita, numa história  marcada pelo habitual brilhantismo narrativo de King mas, depois, insatisfatória.
A violência subjacente resolve-se em tom brando, o horror atenua-se, a emoção transfere-se para domínios mais espirituais e... não há uma gota de sangue derramado. Não seria obrigatório mas ajudaria a criar um clímax mais adequado ao desenvolvimento da história.
É como se "Doctor Sleep" tivesse sido escrito a pensar em qualquer versão audiovisual (cinema ou TV), adaptável sem alterações de fundo a uma classificação etária mais próxima do "PG-13" (genericamente desadequado para pré-adolescentes) do que do "R" (a classificação do "The Shining" de Kubrick, que obriga os menores de 17 anos ao acompanhamento por adultos) no padrão americano, longe, muito longe dos seus melhores títulos do género como "Cujo", "Firestarter", "The Stand" ou "Pet Sematary".

"Ó sr. guarda, não vi o sinal"

"Nos últimos quatro anos, o Ministério da Educação integrou 4197 novos professores mas perdeu 15 016. Encerramento de escolas e aceleração de aposentações ajudaram a reduzir o número de docentes. Quebra também está associada à redução do número de alunos. Desde 2011 há menos 215 mil estudantes." 
Este é o texto da manchete de hoje do "Diário de Notícias" (com o título "Nuno Crato abateu onze mil professores ao quadro"). O modo como está organizado é revelador da falta de perspectiva... ou da falta de visão.
Uma questão central do sistema educativo, e das políticas educativas e das políticas "de pessoal" no que se refere aos professores, é a diminuição drástica do número de alunos, em primeiro lugar nos ensinos básico e secundário. 
A diminuição do número de alunos (por geograficamente variável que seja, num Estado em que os professores ainda devem ser o sector mais pesado em termos remuneratórios e em que até o cauteloso Conselho Nacional de Educação considera que "a relação entre o número de alunos por cada professor no 2.º e 3.º ciclos e especialmente no ensino secundário continua a ser extremamente favorável") não pode deixar de condicionar o número de professores e é pena que ninguém queira atentar nisso. E, no caso vertente, é o mais importante da notícia.
Pode haver gente muito distraída, mas penso que são mais os que não querem atender à questão por medo ou por qualquer outro incómodo. E depois é sempre mais fácil dizer que não viram o sinal...

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

A Câmara Municipal de Caldas da Rainha está a financiar a "Gazeta das Caldas"?

 
A "Gazeta das Caldas" garantiu que Fernando Costa, o ex-presidente da Câmara, fez qualquer coisa que não deveria ter feito (e que envolve o actual presidente da Câmara). Fernando Costa, em carta ao mesmo jornal publicado esta semana, diz que não fez. A "Gazeta" garante que fez mesmo.
Mas, pelo meio, escreve o ex-presidente: "[...] Mesmo que a 'Gazeta' se sinta muito agradecida por, agora, a Câmara proporcional receitas de publicidade três vezes superior, isto não justifica este tipo de jornalismo".
Sobre isto, no entanto, a "Gazeta" já não se pronuncia. O que, no mínimo, é estranho...

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Oposição a uma voz em Caldas da Rainha: será para continuar?


Pode ser que ninguém na oposição de Caldas da Rainha (PS, MVC, CDS e PCP) ao PSD que ocupa a Câmara Municipal desde há dois anos tenha lido o que aqui e aqui escrevi sobre a possibilidade de uma coligação de boas vontades conseguir afastar o actual presidente, Tinta Ferreira, nas eleições de 2017.
Mas não deixa de ser interessante ver os quatro agrupamentos da oposição na Assembleia Municipal a manifestarem-se agora em conjunto contra a restrição de um programa de reabilitação urbana apenas às freguesias da capital do concelho, sobretudo quando se percebe que eles também tendem a desprezar os munícipes que vivem fora da cidade.
Segundo se percebe da notícia hoje publicada no "Jornal das Caldas", a intervenção conjunto da oposição obrigou a Câmara Municipal a retirar a proposta, admitindo a sua alteração.
Normalmente arredado dos problemas do concelho e mais entusiasmado com o "pacto de agressão", o PCP, pela voz do seu representante, fez questão de salientar que não é a primeira vez que os quatro se juntaram para desenvolver iniciativas conjuntas "sempre em defesa dos munícipes", num pronunciamento algo inédito: "Estamos completamente abertos para que se possa continuar a trabalhar desta forma."
É de esperar que sim. Até porque já só faltam dois anos para as eleições locais.  
 
*
 
Recordando os resultados das eleições locais de 2013:
 
 
PSD
PS
MVC
CDS
PCP
BE
AM
8603
4766
2078
1986
1146
786
CM
9203
4866
1856
1967
1089
601
Fonte: Comissão Nacional de Eleições (eleições autárquicas de 2013)
 
Só 514 votos separaram o PSD (9203 votos) do total obtido pelo conjunto PS/CDS/MVC (8689 votos) nas eleições para a Câmara Municipal.
Nas eleições para a Assembleia Municipal (onde tem menos peso o carácter pessoal do cabeça-de-lista), o resultado é bastante diferente: o conjunto dos três partidos obteve 8830 votos enquanto o PSD se ficou pelos 8603, ou seja, menos 227 votos. Foi uma derrota clara para o PSD. E nem se contam aqui os votos do PCP e do BE.

Os dias do fim





Das sardinhas compradas para o jantar, a maioria tinha ovas. O que significava que estas futuras mamãs-sardinha podiam, em vida. dar origem a milhares de ovos, dos quais, no entanto, só sobrevive uma pequena percentagem (cerca de um por cento em milhares de ovos por semana).
Fiquei com a sensação de que estava a comer as últimas sardinhas deste ano, sem garantias para 2016.

Artesanato





Espetos multidisciplinares de pau de loureiro: servem para fazer espetadas de carnes e também para matar vampiros.

Nos Comunicações: a intimidação e a manha de mãos dadas


Em Junho ou Julho de 2013 rescindi um contrato de serviço de televisão com a então Zon (contrato esse que fora inicialmente celebrado com a sua antecessora TV Cabo, vários anos antes).
A Zon não gostou e foi desagradavelmente insistente (como aqui escrevi) mas aceitou, como não poderia deixar de aceitar. Não tenho ideia de, nessa ocasião, ter ficado alguma mensalidade por pagar.
Mas na semana passada, já lá vão seis dias, recebi um e-mail da Nos Comunicações S.A. (que só sei pela comunicação social que integrou a Zon) a reivindicar-me o pagamento de 35,76€ (valor assim discriminado: "Facturas - 26,47€; juros de mora - 4,30€; despesas administrativas - 4,99€").
A exigência não vinha acompanhada de nenhum documento. Nem a atestar que a Nos Comunicações S.A. se substituía à Zon (se, por acaso, é disso que se trata) nem, contabilisticamente, a sustentar a coisa. A exigência era, por isso, inaceitável.
Aliás, se eu fosse na conversa, a Nos Comunicações S.A. poderia vir exigir-me tanto esse valor como até 3576€, 35 760€, 357 600€ ou mesmo um milhão de euros. Como eu à Nos Comunicações S.A., também.
Com esta exigência vinha uma ameaça: se, findo um prazo de oito dias, eu não pagasse, a Nos Comunicações S.A. intentaria "os procedimentos judiciais necessários à defesa da nossa Constituinte [sic], mediante a instauração da competente ação judicial para cobrança da dívida".
É aqui que, como se costuma dizer, a porca torce o rabo e a Nos Comunicações S.A. revela a sua manha: é que a dívida, a existir (e só posso conceber que, a ser verdade, teria a ver com esse contrato de há dois anos), estaria prescrita.
E isso porque (de acordo com o artigo 10.º da Lei 24/2008, de 2 de Junho, que alterou a Lei n.º 23/96, de 26 de Julho, também conhecida por Lei dos Serviços Públicos Essenciais) a dívida, a existir, estaria prescrita por sobre ela terem passado mais de seis meses.
Só isto explica que a Nos Comunicações S.A. privilegie a ameaça e omita o dado contabilístico fundamental: a factura original (a existir) revelaria a sua data!
É mais fácil recorrer à ameaça e à intimidação e, dessa forma manhosa, obrigar o eventual devedor a pagar por medo, sem lhe dar más ideias.
Neste caso, tiveram azar.


 

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Sardinhas: o silêncio dos ambientalistas

 


 
Uma das coisas que fiquei a saber quando há sete anos traduzi "O Homem, a Orquídea e o Polvo", de Jacques Cousteau e Susan Schiefelbein, foi que havia espécies marítimas ameaçadas de extinção e por dois motivos evitáveis: a massificação das técnicas de pesca, que não só apanham as espécies visadas como tudo o resto, incluindo os juniores, e a sujidade mortífera que vai enchendo os oceanos.
É por isso que não me surpreende que, como muitas outras espécies, as sardinhas estejam em risco de extinção e que haja quotas para a sua apanha no espaço da União Europeia.
A situação presta-se, naturalmente, ao conflito e ninguém que goste de sardinhas (e eu gosto) pode ficar indiferente: de um lado, os armadores e os pescadores, que olham para a sardinha pela perspectiva do lucro (quanto mais venderem, mais ganham), e as autoridades governamentais, que olham para a sardinha pela aplicação das regras quanto às quotas de pesca.
Como, nestas coisas, uns protestam e os outros pouco mais dizem, o problema adquire um aspecto mais complexo e seria útil que os ambientalistas lusos, habitualmente tão rápidos a disparar as suas opiniões, dissessem alguma coisa.
Mas, entre o lucro e a ordem institucional, poderão ter alguma coisa a dizer-nos? Infelizmente parece que não.

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

"Queremos-o de volta!"

 
"Queremos-o de volta!" - declara-me, amorosa, a empresa de antivírus Avast!, com quem tive um desaguisado criado pelo atraso na prestação do serviço contratado.
Pois eu não quero estar "de volta" quando uma empresa dá assim uma patada na língua: "Queremos-o"?! Não é necessário saber ler e escrever para atacar vírus mas convém...
 
 
 
 

domingo, 23 de agosto de 2015

Cenas do E. Leclerc


Esta embalagem, como se pode ver, está fechada e tem como prazo de validade o dia 7 de Outubro de 2015. É uma metade de outra que já tinha sido aberta e consumida e que estava no frigorífico.
O plástico deixa ver que há qualquer coisa esverdeada lá dentro.
 
 




Aberta, não há lugar a dúvidas: é bolor.






O produto foi comprado no supermercado E. Leclerc de Caldas da Rainha e já não é a primeira vez que isto acontece (como eu aqui contei). Neste outro caso, em Abril do ano passado, a loja recusou-se a receber uma embalagem de queijo cheio de bolor, fechada e dentro do prazo de validade, alegando que já haviam passado quinze dias sobre a sua compra, numa cena pouco digna de empresa responsável como parece que esta quer ser.
 
 
*
 
Aliás, o modo como os produtos frescos são tratados neste supermercado deixa muito a desejar.
Ontem à tarde, às 16h18, este conjunto de embalagens (que podem ainda estar, ou não, congeladas) aguardava a sua vez de entrar nos expositores de produtos congelados.





A reposição de produtos congelados (que algumas vezes já estão descongelados) é feita tranquilamente e com considerável lentidão durante o dia, com uma temperatura bastante amena. Ninguém, no entanto, se parece preocupar com isto e é natural encontrar neste supermercado (como nos outros) embalagens congeladas com produtos alimentares cobertos de gelo no interior.

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Quando, em Abril do ano passado, fiz a respectiva queixa à ASAE, referi-me também à situação desses produtos congelados.
Não tive resposta da prestimosa entidade nem para o caso do queijo nem para esta parte da minha queixa.

A segunda mulher de Henrique VIII


Mark Rylance como Thomas Crowell em "Wolf Hall"

A história das seis mulheres de Henrique VIII, de Inglaterra, ultrapassa em muito a curiosidade histórica devido à intriga política, à violência de Estado e à ruptura inglesa com a Igreja Católica de Roma que caracterizaram as tentativas do rei inglês de sucessivamente se ir livrando das mulheres que não lhe davam o filho que ambicionava.
É um conjunto de temas inspiradores que é sempre estimulante e que deu origem, entre 2010 e 2013, a dois romances da inglesa Hilary Mantel, "Wolf Hall" e "Bring Up the Bodies" (os dois estão publicados em português, tendo o segundo ganho o título de "O Livro Negro"), que cobrem o período em que Henrique VIII se prepara se livrar da primeira mulher (Catarina de Aragão), se casa pela segunda vez (com Ana Bolena) e, enquanto também se vai livrando dela, se aproxima da terceira (Jane Seymour).
Haverá, parece, um terceiro romance e pode dizer-se, naturalmente, que não falta material a Hilary Mantel.
"Wolf Hall" e "Bring Up the Bodies" (que não li) foram entretanto transformados numa mini-série de seis episódios ("Wolf Hall") pela BBC.
Thomas Cromwell, que se transforma no braço-direito de Henrique VIII, é a personagem central da versão de Hilary Mantel e impressiona a sua caracterização pelo actor Mark Rylance nesta série.
Cromwell é o exemplo do grande manipulador dentro do poder instituído, de aspecto quase sinistro mas movido por uma tristeza interior de conturbadas raízes familiares. Henrique VIII reaparece numa interpretação surpreendente de Damian Lewis (mais conhecido por "Homeland") e a dinâmica entre os dois é, a partir de certa altura, o fio condutor da história. Cromwell é um homem com uma missão, capaz de ser amável e gélido, fiel ao rei mas movido por um objectivo pessoal. E Henrique VIII apoia-se bem nele. A realização é segura, os diálogos são geralmente perfeitos e os ambientes, discretos, estão bem construídos.
As quase seis horas de "Wolf Wall" terminam com a morte de Ana Bolena. Cromwell consolida, nessa altura, o seu poder. Terá depois um papel fundamental na reforma do Estado e da igreja de Inglaterra mas acabará por ser mandado executar pelo temperamental Henrique VIII por motivos diversos e historicamente ainda controversos.
Não se esperando que a série fosse além da sua origem literária (que se resumem quase a Ana Bolena, com Catarina de Aragão e Jane Seymour com escassíssimo tempo de ecrã), fica no entanto a sensação de que a história fica por terminar e é isso que acaba por diminuir a relevância de "Wolf Hall", mesmo que saibamos com maior ou menor pormenor o que aconteceu nesse período (e no que se lhe seguiu, com Isabel I) e que já tenha havido diversas versões no cinema e na televisão.
No fundo, isto também significa que talvez toda a gente gostasse de ver como é que o Cromwell de Mary Rylance e o Henrique VIII de Damian Lewis continuariam a moldar a História de Inglaterra. Mas, infelizmente, nada feito. 


[Vi "Wolf Hall" numa edição em DVD da BBC para o Reino Unido de 2015, legitimamente adquirida.]

sábado, 22 de agosto de 2015

"Gazeta das Caldas": meia realidade é meia verdade

 
 A "Gazeta das Caldas" dedica esta semana seis páginas, num trabalho interessante, às 34 infraestruturas desportivas do concelho de Caldas da Rainha que, representando investimentos de valor diverso mas de qualquer modo investimentos públicos, se encontram subaproveitadas ou mesmo abandonadas.
Este trabalho jornalístico tem mérito mas faltam-lhe duas coisas: uma é saber quem foram as criaturas responsáveis pela criação dessas infraestruturas e depois pela sua manutenção; a outra é o facto de nele faltar uma infraestrutura que está bem à vista de toda a gente e na capital do concelho.
Trata-se do complexo desportivo da própria cidade, a que aqui já me referi várias vezes e que está no estado, ou pior agora, que estas fotografias (publicadas neste mesmo blogue) registaram:







 
 
Ao ignorar esta situação, como tem acontecido, a "Gazeta" está a contar apenas parte da história.
O jornalismo é mais do que isso.
 
 



quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Reduzir o IVA pode ser relevante... mas em medicina veterinária

 
O PS voltou a insistir hoje, na apresentação do programa eleitoral (ou numa reapresentação, ou num novo programa, pouco interessa), na proposta demagógica da diminuição do IVA da restauração, sendo sempre conveniente lembrar que o IVA é um imposto que os prestadores de serviços cobram aos consumidores e entregam ao Estado, deduzido (quando o podem fazer) do IVA que eles próprios tiveram de pagar.
Neste mesmo dia, e segundo ouvi na televisão, a propósito do aumento de animais abandonados (quatro em cada cinco são cães), a Ordem dos Médicos Veterinários, e como uma forma de combater o abandono de animais, propôs a redução da taxa de IVA para a actividade dos veterinários (que é de 23 por cento, a taxa máxima) e a inclusão das despesas com animais domésticos no IRS.
Se esta segunda ideia é indiscutivelmente bondosa, pode ser de aplicação difícil.
Mas a diminuição da taxa de IVA nos serviços de medicina veterinária já poderia ser mais fácil e, ainda mais, ser um incentivo à protecção dos animais e uma medida civilizacional. Muito mais do que a demagógica promessa de diminuir o IVA da restauração.

Caldas da Rainha: prejuízos a acumularem-se, aumentos a caminho?


A decisão do presidente da Câmara Municipal de Caldas da Rainha de dar 27 500€ à Sonae/Continente para um concerto só reforça as preocupações que ninguém de boa fé pode deixar de ter sobre a situação económica e financeira do município, como já aqui fiz notar há seis meses.
Agora é o ex-presidente da câmara, Fernando Costa, que faz ouvir a sua voz, no "Jornal das Caldas".




"É preocupante a redução substancial do depósito a prazo de cinco milhões de euros, que deixei "destinados" ao Hospital Termal e Museu da Cerâmica e os prejuízos que se estão a acumular, que vão obrigar a subir as tarifas da água e outras e os impostos municipais em breve, depois do aumento do IRS", escreve Fernando Costa.
Não se nota, no entanto, que a oposição representada na Assembleia Municipal se preocupe...

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Fernando Costa pode ser uma alternativa a Tinta Ferreira

 
 
Se o PS, o CDS e o que resta do MVC de Caldas da Rainha não se conseguirem entender para as eleições locais de 2017, Fernando Costa (como candidato independente ou mesmo como candidato oficial do PSD) até pode ser uma alternativa para afastar da Câmara Municipal de Caldas da Rainha o actual presidente, Tinta Ferreira.
Fernando Costa será sempre, apesar de tudo, melhor para o concelho do que o sucessor que, talvez inadvertidamente, deixou na câmara.  
 
 
Fernando Costa
 
 
 
Tinta Ferreira (e que bem que se está na Cabovisão)
 

domingo, 16 de agosto de 2015

Visitas



 
 
 
 
 
 
 

Cidade-fantasma


Cidade de Caldas da Rainha, sexta-feira à noite: o "maior restaurante do Oeste" (o que devia ser uma mostra do produção regional, do artesanato e da gastronomia não passa disso, como reconheceu a "Gazeta das Caldas" e eu já escrevi há três anos) pode estar cheio mas o panorama no resto da capital do concelho é desolador.
Tomemos o que pode ser considerado um dos "centros" ou "zonas históricas" de Caldas da Rainha: a zona que fica entre a famosa Praça da Fruta e o Parque/Hospital Termal.
Com o cair da noite, as lojas (e são várias as que vendem peças de cerâmica característica do concelho) fecham-se, as pastelarias e café (que anunciam as "cavacas das Caldas") vão pelo mesmo caminho, um ou dois restaurantes mantêm-se a funcionar e com visitantes portugueses e estrangeiros, a Praça da Fruta fica deserta, a Rua de Camões (onde a crise e obras intermináveis destruíram o comércio, é o melhor símbolo de uma cidade-fantasma e no largo do Hospital Termal (desactivado enquanto tal) sobressai uma das mais estúpidas soluções de bloqueio do estacionamento que é possível imaginar.
Como já aconteceu no verão passado, o concelho encheu-se de turistas nacionais e estrangeiros. Grande parte desses visitantes pernoita no concelho. Mas a sua capital fecha-se, à noite, à actividade comercial, ao turismo, aos "estrangeiros" nacionais e internacionais.
As autoridades locais e a sua legião de simpatizantes, activos e passivos, podem excitar-se com as "tasquinhas" da Expoeste e com as festas e festarolas do "jet set" do concelho. Mas a realidade é esta: no seu centro existe uma cidade-fantasma.
 
 


Por todo o lado, nesta cidade, há obras em curso, intermináveis, nunca concluídas.
A imagem é de desleixo absoluto




Na calçada portuguesa, invadida pelos carros, foram espetadas estas dezenas de floreiras.
Servem para impedir o estacionamento mas alguns pilaretes num perímetro bem delineado teriam sido suficientes, sem criar este estúpido ruído visual
 

A Rua de Camões, com as suas lojas fechadas e passeios desproporcionadamente largos para multidões inexistentes, é o melhor símbolo de uma cidade que à noite se transforma em cidade-fantasma

sábado, 15 de agosto de 2015

Meorda


Tenho o serviço de telefone/televisão/internet ADSL há cerca de dois anos e há poucas semanas começou a ter avarias frequentes.
A situação, sem resposta dos serviços técnicos, tem-se agravado e, agora, estou sem televisão e sem internet desde, pelo menos, as 17 horas de ontem. Já lá vão mais de doze horas e, dizem-me, é uma "avaria de zona".
E eu digo que é um serviço de merda. Ou, mais apropriadamente, um serviço de meorda...
 







quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Mais obras intermináveis e paradas em Caldas da Rainha


A Câmara Municipal de Caldas da Rainha não consegue fazer obras que acabem de vez, ou que não fiquem paradas a meio, ou que se vão arrastando para prejuízo de toda a gente... menos dos construtores, que vão ganhando sempre o "seu".
Foi o que aconteceu durante quase dois anos. E veja-se o estado em que se encontra uma das entradas da cidade há várias semanas.
Prejudica quem aí passa e mora e é um desastrado cartão de visita para os visitantes que venham pela A8, para a capital do concelho ou para as praias.
 

Nesta rotunda, onde existe um monumento discutível, grande parte do pavimento não existe.



No local é raro verem-se pessoas ou máquinas a trabalhar.


Há várias semanas que desapareceu parte do asfalto junto ao passeio.  

domingo, 9 de agosto de 2015

"Hannibal" e "True Detective": entre o "remake" e a reinvenção


O realizador Michael Mann revelou ao mundo, em 1986, um novo tipo de psicopata assassino: o Dr. Hannibal Lecter, que no seu filme "Manhunter" ("Caçada ao Amanhecer") se chamava Lektor e era interpretado por Brian Cox, visitado na prisão onde se encontrava por Will Graham (William Petersen, acabado de sair do extraordinário "Viver e Morrer em Los Angeles"). Graham procurava apanhar o "serial killer" Francis Dolarhyde e pedia ajuda a Lektor/Lekter.
A história, baseada em "Red Dragon" (o segundo livro do escritor Thomas Harris), repetiu-se em "Red Dragon" ("Dragão Vermelho", 2002), já com Anthony Hopkins como Lecter e sob a direcção de um realizador pouco inspirado, Brett Ratner.
 
 
"Manhunter", 1986


"Red Dragon", 2002

 
Treze anos depois temos, em televisão, a terceira versão da história e o drama, pode dizer-se, termina aqui, depois de ter começado em 2002 com o esgotamento do filão de Hannibal Lecter.
Desta vez, a história de Francis Dolarhyde aparece ensanduichada numa espécie de segunda metade da série televisiva "Hannibal" (AXN), cuja terceira temporada, em curso, parece ser mesmo a última, talvez inevitavelmente.
 

A versão televisiva, transformada em "remake"
 
"Hannibal", a série, começou titubeante, teve uma muito boa segunda temporada e depois caiu.
Há dois motivos para isso: o facto de se ter transformado num "remake" algo condensado e de o filão de base se ter esgotado. Thomas Harris (que brilhou com "Red Dragon", "O Silêncio dos Inocentes" e "Hannibal", perdeu por completo o pé com "Hannibal Rising", em 2006, que deu origem a um filme desinteressante e que foi a sua última obra) não tem mais nada escrito e a sua personagem Clarice Starling, de "O Silêncio dos Inocentes", não podia ser usada nesta série por questões relacionadas com direitos de autor.
A terceira temporada da série é um "remake" dos dois "Red Dragon" e de "Hannibal" (cinema, o filme de Ridley Scott, de 2001, que tem toda a história de Mason Verger e dos porcos) e com uma curiosa homenagem ao filme de Ridley Scott: a cena das tripas do polícia italiano que caem no solo florentino é decalcada de Ridley Scott. Homenagem, ou apenas o reconhecimento de que é impossível fazer melhor?


"Hannibal", 2001

Sem mais material de origem, sem a possibilidade de utilizar a personagem de Clarisse Starling (Jodie Foster/Julianne Moore), que resta a este "Hannibal" televisivo? Pouco, muito pouco, sob o manto de uma banda sonora que parece ter sido inspirada em Penderecki e enfeitado, como uma árvore de Natal, com efeitos gongóricos que só distraem e perturbam a narrativa.

 

A segunda temporada de "True Detective" mantém o nível da primeira (de que aqui falei)

"True Detective" (TV Séries), a segunda temporada, é diferente e ilustra da melhor maneira o preceito de que no "thriller" é mais importante o conteúdo do que a forma.
A segunda temporada desta série (e falta-me ver o último episódio) tem sido quase perfeita.
Há uma ou outra canção como música de fundo que não ficam bem (mas o genérico de abertura ao som fortemente cadenciado de Leonard Cohen é óptimo!) e alguns diálogos são dispensáveis. Mas no resto... está lá tudo: quatro personagens fortíssimas (sobretudo as que são compostas por Vince Vaughn, Colin Farrell e Rachel McAdams) que convergem habilmente no final do primeiro episódio, uma narrativa directa e que não se perde com pormenores secundários, atmosferas asfixiantes e uma cena de tiroteio com uma construção admirável.
O ambiente e os temas (os polícias e os políticos vendidos ao crime, o criminoso que de repente se viu desapossado de quase tudo o que tinha, as obras públicas de cariz suspeito, as várias dependências) podem ser banais mas o que faz uma boa história policial é a capacidade de os combinar, de os reinventar na narrativa, de jogar com o espectador (ou leitor) um jogo de inteligência. E "True Detective" tem isso tudo.
É o que faz de "True Detective" uma série fascinante por contraste, por exemplo, com a série crescentemente entediante em que "Hannibal" se transfigurou.


Actualização (17.08.15) - O último episódio de "True Detective", com os seus 86 minutos de duração, desequilibra a boa impressão deixada pelo conjunto da série. Consta que Nic Pizzolato, autor dos argumentos, e Cary Fukunaga, produtor e realizador, se desentenderam e o que fica é na realidade a desagradável impressão de que esse episódio, desajustadamente arrastado, não teve os cortes de que precisaria.

sábado, 8 de agosto de 2015

17 minutos

 
Foi o tempo de que precisei para entrar, visitar e sair ontem da Expoeste, nas "Tasquinhas" de Caldas da Rainha e ficar com a roupa a cheirar a fritos.
O certame, de que toda a gente gosta, continua a funcionar como um conjunto gigantesco de restaurantes improvisados, bons, medíocres e assim-assim, num pavilhão onde não existe um sistema de extracção de ar adequado ao fumo que sai das cozinhas igualmente improvisadas. E que já não frequento há dois anos porque nunca gostei de sair de um restaurante com a roupa a cheirar a comida.
Talvez este ano haja mais pavilhões e mais preenchidos, mas continuam a faltar algumas empresas de onde saem queijo (Flor do Vale, por exemplo), produtos hortícolas e vinho e produtos em cerâmica e artesãos diversos.
Feita a ronda, o que trouxe, além do cheiro a cozinha, foi um queijo e três farinheiras do Sabugueiro (Guarda). Teria preferido comprar alguma coisa produzida no concelho.


Um símbolo perfeito da idiota fusão de freguesias perpetrada neste concelho: o vazio absoluto

E se as várias freguesias do concelho estão representadas em expositores, a "união de freguesias" que resultou da anexação da freguesia rural de Serra do Bouro pela freguesia urbana de Santo Onofre estava assim: vazia de conteúdo... como sempre esteve vazia de significado. 

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

"The end": "Penny Dreadful" (T2) e "Justified"


Foi só depois de começar a apresentação da segunda temporada da série televisiva "Penny Dreadful" que fui ver a primeira. O episódio de abertura da segunda temporada é quase incompreensível para quem não acompanhara a primeira mas era suficientemente sugestivo.
Mas a primeira temporada foi mais surpreendente do que sugestiva, no entanto, na sua fusão de elementos, temáticas e autores diversos do fantástico (Mary Shelley e "Frankenstein", H. Rider Haggard, Bram Stoker e "Drácula", lobisomens, diabolismo, superstições egípcias)  na atmosfera da Londres de Jack, o Estripador. Foi como se os criadores da série não soubessem conter-se perante tanta fartura e o melhor exemplo disso foi o da brevíssima entrada em cena de Van Helsing (o veterano David Warner, que pouco sobreviveu).
Livrando-se dos laços demasiado apertados aos clássicos do género, "Penny Dreadful" melhorou, e muito, com a segunda temporada, que mostrou uma maior segurança ficcional e uma narrativa com menos tendências para se perder. E acabou bem, com o misterioso lobisomem, que até pode ser um "sasquatch",  bem interpretado por Josh Hartnett, a caminho da América numa jaula.
A terceira temporada (2016) será bem vinda.



Eva Greene, a enigmática e cativante Vannesa Ives de "Penny Dreadful"


 
"Justified" acabou de vez. Foram seis temporadas que cresceram a partir de um conto do grande Elmore Leonard, com uma interpretação rigorosa e cada vez melhor de Timothy Oliphant na pele de um "U.S. Marshall" (Raylan Givens) numa região atrasada do Kentucky.
O começo foi quase titubeante, como se os seus autores não estivessem seguros do que iam fazer. Mas depois, em 78 episódios, agigantou-se.
O último episódio (o 13.º da sexta temporada) é, aliás, um excelente exemplo de como contar uma história e de como a terminar, desenrolando-se numa série de quadros que preparam o final. Que não é uma explosão de violência, nem um ajuste de contas, mas o momento em que Raylan Givens desiste, contrariado, de usar a sua arma contra o seu contraditório inimigo Boyd Crowder (Walton Goggins), visitando-o depois na prisão para o fim de todos os fins expresso no "leit motiv" que regulou a relação entre os dois: "We dug coal together".
É uma série (sobre a qual escrevi aqui) que deixa saudades.


"Justified": muito bom



Guerra de ginásios em Caldas da Rainha

O ginásio A, que funciona fora da cidade, vai abrir um ginásio mais pequeno, a que vamos chamar B, quase ao lado do ginásio C numa zona central da cidade.
O ginásio A funciona num estilo mais abrangente e menos musculado do que o ginásio C e, explorando essa vertente, pode ir buscar clientes que se sintam menos à vontade no ginásio C.
Pode dizer-se, claro, que é um desafio directo e não faltará, pela parte do ginásio C, quem fale em "provocação".
No entanto, até parece haver uma extraordinária bolsa de potenciais clientes no local do ginásio C e do ginásio B porque este ginásio, o B, conseguiu obter um lucro milionário que até vai investir ainda noutro ginásio, a que chamaremos D, e por sinal bastante perto do ginásio A, fora da cidade.
É uma guerra multifacetada que não deixa de ser muito interessante.

domingo, 2 de agosto de 2015

Deus escreve direito por linhas tortas

 
O PS que se apresenta às eleições de 4 de Outubro é o mesmo. Não mudou.
Foi o PS que deu ao mundo um político como o recluso n.º 44 do Estabelecimento Prisional de Évora. Foi o PS que alegremente deitou fora um secretário-geral que não dava garantias à sua "nomenklatura" de regressar tão depressa ao poder e que gerou outro que também parece ir pelo mesmo caminho.
Foi o PS que prometeu um paraíso e o trocou pela bancarrota. Foi o PS cujo secretário-geral voltou costas à Câmara Municipal de Lisboa quando a capital sofreu inundações próprias de uma sociedade lacustre.
O cartaz original (descubra o leitor qual é...) parece ter sido concebido para endeusar o novo messias que volta a prometer o paraíso. As "redes sociais" aproveitaram a ideia e recordaram o inferno. Bem feito.



 

 

 

 



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