sábado, 27 de fevereiro de 2016

Estamos todos à espera de novas eleições

O PS, partido que definitivamente só medra colado ao poder do Estado e dele dependente, precisa de legitimar o golpe de Estado parlamentar que lhe permitiu formar o actual governo e desembaraçar-se das muletas em que se transformaram o BE e o PCP. Precisa de eleições legislativas antecipadas.
O BE, uma espécie de protótipo do PS, já percebeu (até por ser essa sua origem social e cultural) que precisa de estar colado ao poder e que só cresce se conseguir mostrar que as veleidades revolucionárias dos seus “pais fundadores” (o trotskismo e o estalinismo) se apaziguam com o poder e todas as suas mordomias. Precisa de eleições legislativas antecipadas, se conseguir uma frente eleitoral com o PS.
O PCP não precisa de eleições legislativas antecipadas… a não ser que consiga chamar a si a autoria da chuva de intenções populares com que é penteado o Orçamento de Estado para 2016 e mostrar à população, em geral, que, satisfeitos os seus clientes específicos, não há greves nos transportes públicos e as escolas estão tranquilas. Mas, tendo de dividir a autoria com o BE e o PS, pode ficar em maus lençóis depois da estrondosa derrota da sua candidatura presidencial.
O Orçamento de Estado para 2016 é isto: a preparação do terreno para a realização de eleições antecipadas assim que for favorável, pelo menos, ao PS e ao BE. 
O PSD e o CDS, por outro lado, também precisam de eleições legislativas antecipadas, para confirmarem a vitória de Outubro de 2015. Mas não podem dar um passo em falso, indo para eleições quando, e se, o adversário (as “esquerdas”) for mais forte.
E a antecipação das eleições legislativas (que só deveriam realizar-se em 2019) depende da vontade dos partidos e das direcções partidárias?
Em parte, mas também pode depender de orçamentos rectificativos com mais impostos, de um aumento significativo do nível de trafulhice do actual governo, de um novo empréstimo internacional se a crise económica se agravar e o Estado deixar de ter dinheiro.
E, ainda, dos resultados das eleições autárquicas de 2017 (e recorde-se que as eleições autárquicas já conseguiram deitar abaixo dois governos, de Pinto Balsemão e de António Guterres) ou dos resultados das eleições europeias de 2018.
As eleições legislativas de Outubro de 2015 deviam ter servido (e o respeito pelos seus resultados reais tê-lo-ia permitido) para garantir um período de estabilidade, que era indispensável. Um golpe de Estado parlamentar conduziu a isto: estamos todos à espera de novas eleições.
 
 

Entre a arrogância e a democracia

 
 
O cartaz tonto do BE sobre os "dois pais" de Jesus Cristo, desastrado em absoluto mas proveitoso em termos relativos pelos danos que pode causar ao BE, revela sobretudo um triunfalismo e uma arrogância repulsiva que exemplificam bem a sensação de impunidade das "esquerdas" e do actual PS.
O futuro que o Governo e os seus "pais" nos querem oferecer só é risonho para os fiéis incondicionais destas "esquerdas".
Em princípio, as regras da democracia (se não forem rapidamente subvertidas) poderão salvar-nos desse "amanhã que canta" mas enquanto a ameaça permanece, a democracia ainda vai permitindo a réplica, como esta que aqui publicamos.
É de esperar que, como aconteceu com os "conselhos do costa", haja outras. Como se costuma dizer, só se perderão as que caírem no chão.

Inverno







sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

O Acordo Ortográfico já é politicamente correcto?

 
A polémica sobre o horrendo Acordo Ortográfico, que fervia, desapareceu de repente, foi de férias, passou à História, extinguiu-se... ou dissipou-se talvez no apostólico "tempo novo".
Desde que existe o governo da tríade PS-BE-PCP que o Acordo Ortográfico deixou de ser contestado e, pelo que parece, os apóstolos da Geringonça até o utilizam.
Terá passado a ser politicamente correcto?
 
 
 
 
 

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Um gigante chamado Elsa




De onde é que veio? Que experiências teve? Terá tido mais do que uma família? Dormia dentro de casa ou era cão de quintal? E o que é que comia? E porque é que um dia apareceu ali pelo mato, magra, à espera de quem a ajudasse?
Foi assim que me chegou a Elsa, que faz parte da família há cerca de um mês e que já tem o respectivo chip de identificação, vacinas, comida adequada e espaços físico e emocional próprios e cama (dentro de casa).
Terá, de idade, cerca de um ano e depois de estar connosco há cerca de uma semana, apareceu-lhe o seu primeiro (e último) período.
Talvez seja possível, até para perceber melhor como lidar com ela, especular com base no que nela se vai vendo e intuindo: que pode ter tido dois lares, o primeiro em pequena, tipo bolinha de pelo, o segundo em grande quando a primeira família não a quis ter; vinha habituada a tratar dos seus assuntos fora de casa, a aceitar algumas ordens humanas. E o que é que aconteceu para a abandonarem? Seria um incómodo grande demais?
Apareceu aqui perto pela primeira vez numa quinta-feira de chuva, foi recolhida por uma pessoa (Elsa, sua madrinha) atenta às desgraças caninas, ficou em casa de uma vizinha e... agora está connosco. Estava magra, com as costelas salientes, pesava 25 quilos. Agora já tem 30, cresceu e as costelas já se vêem menos.
Quando encomendei ração para ela, pela primeira vez, pedi para cão "grande". "Gigante", corrigiu o meu interlocutor da Telecão. 
De boa índole, controlável, ansiosa por festas e brincadeiras, a Elsa é uma criança grande. Melhor: é uma criança gigante. Quase me engole a mão com os seus dentes enormes sem quase me tocar na pele. E parece grata pela atenção que lhe damos.
Estamos todos a aprender a viver a vida numa dimensão diferente.

"Ulianov e o Diabo" vai ser publicado em França




 
"Ulianov e o Diabo", o meu segundo thriller, originalmente publicado em 2006 pela Temas e Debates/Círculo de Leitores, vai ser lançado em França por iniciativa das Éditions Chandeigne.


Vida de cão




Cá em casa, vida de cão é assim.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

O IVA, para o BE, é rendimento particular?!




Para Mariana Mortágua, a jovem "starlet" da política portuguesa que deve ser uma das "engraçadinhas" da versão do PCP, o Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) já não é imposto mas sim um rendimento... e particular.
Em entrevista à revista "Sábado", da passada quinta-feira, integra a baixa do IVA da restauração no capítulo dos rendimentos quando o IVA é um imposto cobrado por um prestador de serviços ou vendedor de produtos ao cliente e que deve ser depois entregue ao Estado.
Dito da maneira como o disse esta deputada do BE, parece que para o BE o sector da restauração andou ele próprio a entregar dinheiro ao Estado sem o ter cobrado aos clientes (e alguém consegue acreditar?!) ou pode agora fazê-lo porque, vejam lá, até lhe vão ser "redistribuídos" 175 milhões de euros como "rendimentos"!

domingo, 21 de fevereiro de 2016

Uma mosca em Alfeizerão


Impávida e serena, a deliciar-se (ou a pôr os ovos?) no açúcar da arrufada, numa pastelaria de bom tom e boa qualidade, na tarde desta sexta-feira.


sábado, 20 de fevereiro de 2016

As aparências iludem

 
Na cidade de Caldas da Rainha já há posto de turismo (de luxo, inaugurado com pompa e circunstância), também há turistas (mas nem se sabe de onde, com que objectivo e se pode haver mais) e motivos de interesse turístico ainda vai havendo (mas não um hospital termal por abrir, ou fechado).
Não há é um "leit motiv" para o turismo, nem uma política de captação de turistas nem qualquer tipo de promoção organizada, metódica e digna, nem tão pouco uma imagem de marca.
Ou seja: as aparências iludem.
É precisamente o mesmo mal da política caldense e da sua "nomenklatura".
 


À espera de clientes...

Coreia do Norte "soft porn"

“Ora, aí está um desafio para comentadores e jornalistas que pretendam ser isentos: se querem usar o termo ‘geringonça’ para se referirem aos acordos de esquerda arranjem também um para os partidos de direita. Ou talvez fosse mais adequado guardarem as graçolas para os humoristas.”
Esta frase, recente de dias, é de Estrela Serrano no seu blogue Vai e Vem. A autora desta recomendação doutoral foi assessora de Mário Soares e é dada no Twitter como “professora, investigadora de média, jornalismo, comunicação institucional, comunicação política”, sem a parte da assessoria. 
Talvez não seja necessário ir mais longe e procurar outros exemplos (que os há, por aí, embora de ascendência menos ilustre) da tendência que está a generalizar-se de começar a condicionar os jornalistas nas suas apreciações do governo da tríade PS-BE-PCP. 
A questão, neste caso, foi a da “geringonça”, designação aplicada por Vasco Pulido Valente ao actual governo e depois popularizada por Paulo Portas. A palavra caiu no goto de muita gente e é usada com alguma liberalidade, naturalmente com maior gosto por parte de quem não consegue ser apoiante do Governo e do seu chefe.
Ao ler o texto da distinta criatura, pensei que ele fosse terminar por uma recomendação que tecnicamente até seria correcta: ponham aspas na geringonça. Ou seja, se é notícia, ponham aspas; se é opinião… chamem-lhe o que quiserem. Ou mesmo, segundo a moda actual, “alegada geringonça”. E se é legítimo pedir “isenção” aos jornalistas (objectividade seria no entanto mais rigoroso), já é muito mais discutível exigi-la aos que vendem não jornalismo mas opinião: os comentadores. 
Estrela Serrano não é uma estreia, no entanto. O actual chefe do Governo atacou, antes das eleições, dois jornalistas, um por SMS e o outro em directo na televisão. E nota-se que, estranhamente, muitos procedimentos governamentais (que se fossem do anterior governo desencadeariam notícias e opiniões incandescentes) são hoje passados em branco com uma inocência virginal de estarrecer.
O aumento de emboscada dos preços dos combustíveis, as contradições entre tudo o que o PS foi dizendo e o que este governo quer fazer ou a ocultação da entrada de uma empresa chinesa na TAP são três exemplos de um muro de silêncio que, na realidade, não só corresponde aos desejos de Estrela Serrano como à velha cumplicidade entre António Costa e alguns sectores da imprensa, passando pelas admoestações públicas (e privadas?) deste último.
E, nisto, o PS está sozinho? Não, o seu aliado n.º 1 também se cala por conveniência política. 
O BE, que quando crescer quer ser o PS, tem na sua herança genética o controlo da imprensa e da opinião que não lhes agradam na sua versão trotzkista - maoísta. E o PCP, que já deixou de tentar perceber a sua herança genética e que se revê agora nesse bastião da democracia que é a Coreia do Norte, como se percebe pelo “Avante!”, também alinha (como sempre alinhou) no controlo da verdade a que outros têm direito.
Se tudo isto não se resolver entretanto (a queda do Governo e a sua substituição por qualquer coisa que seja, pelo menos, “melhorzinha”), ainda vamos acordar um dia sob o jugo de uma versão “soft porn” de Kim Jong-il.
 
 

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Orçamento Participativo: o coelhinho foi com o Pai Natal e o palhaço no comboio ao circo


Agita-se a "nomenklatura" de Caldas da Rainha com a ilusão do Orçamento Participativo: a Câmara Municipal reconhece que está praticamente tudo por concretizar mas que os maiores de 14 anos já podem participar (a sério...), as oposições acreditam que é a melhor maneira de nem se sabe bem o quê e até há algumas almas caridosas que se oferecem para ajudar a apresentar projectos e a votar como quem promove candidaturas aos fundos comunitários.
E todos fazem de conta que é uma grande coisa e que as pessoas devem votar.
Mas não é e o voto, neste caso, não serve para nada, se não houver projectos de matriz diferente.
O Orçamento Participativo tem sido utilizado para a Câmara e as juntas de freguesia se desresponsabilizarem de certas obrigações e os projectos realmente abrangentes e numa perspectiva complementar dos deveres municipais não avançam.
Já o escrevi: O Orçamento Participativo é uma treta, um embuste (porque o dinheiro vai servir para cobrir obrigações camarárias) e uma fralda (porque serve para absorver o desinteresse da Câmara Municipal de Caldas da Rainha relativamente aos cidadãos e ao concelho). Está tudo aqui.
Para as oposições, que vão na cantiga, é uma espécie de crença no Pai Natal mas a um nível muito básico, do género "o coelhinho foi com o Pai Natal e o palhaço no comboio ao circo".
É por estas e por outras que as oposições não deixam de o (tentar) ser: oposições...
 


 

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

IVA: ignorância ou demagogia?




Manuel Nunes, Emanuel Pontes, José Carlos Faria, Rui Gonçalves,
João Frade e Lino Romão (© "Jornal das Caldas")
 
Conta o "Jornal das Caldas" que, no âmbito do painel que promove com a Mais Oeste Rádio, juntou seis representantes da nomenklatura política de Caldas da Rainha para analisarem a descida do IVA para a restauração.
O relato é elucidativo: as seis criaturas estão de acordo, dizem que o aumento foi miserável e que até pode haver mais emprego. Parece a demagogia do costume a tentar flutuar nas águas da ignorância. 
Nenhuma das ilustres luminárias achou oportuno realçar que o IVA não é um imposto que o Estado vá cobrar, sem mais nada, à restauração. E uma delas até é dada como empresário.
Acontece que o IVA é pago pelos clientes (contabilisticamente, o preço de venda de cada produto é x + IVA) e os profissionais da restauração, com o imprescindível apoio dos contabilistas certificados que estão obrigados a ter, limitam-se a entregar esse valor, depois de deduzirem o que puderem, ao Estado.
É certo que nesta matéria o mau exemplo vem de cima (com o governo da tríade PS-EB-PCP) mas estas ilustres cabecinhas bem podiam usar de alguma seriedade.
Até porque podemos ficar a pensar que desconhecem em absoluto como funciona o IVA, o que, de qualquer modo, em nada favorece membros de assembleias municipais e candidatos à presidência da câmaras, ao revelar o seu desconhecimento de coisas tão básicas.
 
 

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Os meus cães fariam melhor

Um dos meus cães compreende perfeitamente o que significa “comer” (conforto e barriga cheia). O outro compreende na perfeição o que significa “cama” (ficar quieto e dormir). 
Se eu lhes mostrasse uma imagem de um frango, por exemplo, animal que entra na composição das rações que comem, não perceberiam a relação. Se eu mostrasse ao segundo a imagem de uma cama (de cão ou de pessoa), a impressão seria a mesma. Mas ambos comem e dormem bem.
Há, nisto, uma identificação entre o ser vivo e o mundo real. Os dois cães sabem o que significa, para eles e para mim, duas palavras que fazem parte do seu ambiente e da sua vida. Não sabem mais do que isso, claro. E talvez nem lhes interesse. Também não precisam.
O primeiro-ministro António Costa e o ministro das Finanças Mário Centeno não se revelam muito diferentes.
 
“Não têm pão, comam brioches”
 
O primeiro, para sustentar o aumento do imposto sobre o preço dos combustíveis foi ao mais rasteirinho: “usem mais transportes públicos”. A exortação está ao mesmo nível da que é atribuída a Maria Antonieta perante os protestos dos pobres de Pais de que não tinham pão para comerem: que comessem brioches, de massa mais adocicada e mais cara.
Ao dizer o que disse, o chefe do Governo mostrou desconhecer a realidade, a realidade das regiões que compõem o país que quer, a todo o custo, dominar. 
Os transportes públicos são um luxo das maiores cidades e um serviço modesto das restantes. Nas grandes cidades chegam aos subúrbios. Nas outras não vão muito além do centro. Fora das cidades, mais perto ou mais longe, moram pessoas por opção, por inevitabilidade ou porque (no caso dos idosos) aí foram ficando. Quem o faz por opção tem de ter carro próprio. Os outros também têm de fazer por isso, com carros por vezes já velhos ou com os abomináveis e perigosos para-reformas.
O chefe do Governo compreende que os preços dos combustíveis vai aumentar mas não sabe estabelecer a relação entre essa realidade e a realidade do País. Não lhe interessa. O que lhe interessa é o poder pelo poder.
 
“A teia dos impostos”
 
O seu ministro das Finanças, a um outro nível (um é arrogante, o outro pouco discerne), fez o mesmo. Numa entrevista surreal ao “Expresso” aparecem estes diálogos:
 
“Expresso": Dá a impressão de que este é o Orçamento que o deixaram fazer, que não é o seu orçamento.
 M. Centeno: É sempre assim. Se quiser fazer o seu Orçamento vai para casa e faz o seu orçamento lá em casa.
 
"Expresso": Continua convencido de que a descida do IVA na restauração só para a comida, a meio do ano, vai criar emprego?
 M. Centeno: A teia dós impostos é uma coisa terrível.
 
Um ministro com dignidade pessoal e sentido de Estado fugiria à primeira pergunta e tentaria dizer, com alguma elegância, que o Orçamento é do Governo de que ele faz parte. E, quanto à segunda, explicaria tudo bem explicado (porque ninguém consegue explicar porque é a descida do IVA na restauração é bom para o País e para todos nós). 
Um ministro das Finanças que oferece como explicação a uma pergunta, por mais incómoda que fosse, um dislate como “A teia de impostos é uma coisa terrível” mostra que não percebe o que está a fazer. Ou seja: não percebe o que é ser-se ministro, membro de um governo e dirigente do Estado. Não estabelece uma relação com a realidade que o rodeia. E pior, muito pior, é o facto de não querer explicar a lógica destes aumentos de impostos da “austeridade da esquerda”. 
Os meus cães fariam decerto melhor do que eles nos lugares que estas criaturas ocupam. 
 
 

Idiotas (úteis)

 
Impressiona ver como algumas criaturas (inequivocamente de bondosa índole, diploma de ensino superior e com alguma inteligência tanto intuitiva como analítica) são capazes de vir a público dizer, com um fervor típico de Dia dos Namorados, que o aumento dos impostos sobre os combustíveis e os veículos automóveis é coisa boa.
Chegam a argumentar que só lhes custa a ninharia de 20 ou 30 cêntimos por dia e esfalfam-se a proclamar que ninguém poupa tanto como elas no uso do automóvel.
Esquecem-se, no seu afã tonto, de que (1) os aumentos dos preços dos combustíveis reflectem-se sempre nos produtos alimentares, por exemplo, tornando mais caro o custo da alimentação e (2) há pessoas para quem 20 ou 30 cêntimos por dia fazem realmente falta.
Era preferível que metessem a viola no saco.
 
 

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

4 perguntas sobre as eleições autárquicas de 2017 em Caldas da Rainha

1 - É verdade que o ex-presidente Fernando Costa anda mesmo a tentar formar uma lista (dentro ou fora do PSD) para correr com o actual presidente de câmara, e seu herdeiro, Tinta Ferreira (que o tem desconsiderado sempre que pode)?
 

Fernando Costa: de regresso?
 
2 - É verdade que o n.º 2 de Tinta Ferreira, Hugo Oliveira, estaria disposto com as suas hostes a juntar-se a Costa para assegurar, mais tarde, a ascensão à presidência da Câmara Municipal como novo herdeiro de Costa?
 
 
Tinta Ferreira e Hugo Oliveira: divórcio por Fernando Costa em 2017?
 
- Qual foi o verdadeiro motivo que levou ao afastamento de Rui Correia, o ex-n.º 1 do PS nas eleições de 2013?
 
4 - É verdade que há membros do (quase ex) Movimento Viver o Concelho a tentar negociar a sua entrada nas listas do PS?

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Os indignados andam envergonhados?

 
 
O imposto sobre os produtos petrolíferos vai aumentar e os combustíveis que usamos em tudo vão aumentar de preço. Diretamente vamos senti-lo ao abastecermos os nossos veículos, indiretamente vamos senti-lo nos preços de todos os produtos que são transportados por estrada, alimentares ou não alimentares.
Na função pública o horário de trabalho semanal vai passar para 35 horas e no sector privado… salve-se quem puder. Os trabalhadores da função pública, que até já têm um sistema de saúde próprio que é melhor do que aquele que serve a restante população, vão poder reformar-se mais cedo. Os do sector privado que se aguentem.
O IVA da restauração vai diminuir em 10 por cento. As refeições servidas ao público não vão baixar de preço. A baixa deste IVA é, na prática, uma “borla” dada ao empresariado do sector em que o Estado vai perder milhões de euros. Os tradutores, o vinho português servido à mesa dos restaurantes, a edição em DVD de cinema de qualidade e de cinema português, os veterinários e mais uma série de actividades comerciais tão ou mais importantes em termos sociais (e onde a baixa do IVA se repercutiria directamente no preço dos produtos e serviços) vão continuar a ter o IVA a 23 por cento.
O secretário-geral do PCP atira com um piropo sexista às suas rivais do BE (“uma candidata engraçadinha”).
Os prometidos aumentos de reformados e pensionistas e da função pública assemelharam-se, no final de Janeiro, a soluços e não a qualquer tipo de “reposição de rendimentos”.
O BE, que está inchado de flatulência política, atingiu um nível de arrogância e de pesporrência paroxística que faz pensar que é esta aliança de maoístas e de trotzkistas que manda no secretário-geral do PS, que chegou ao Governo do País por um puro e simples golpe de Estado parlamentar.
Este seu governo já leva três meses de vida, entrámos em Fevereiro e o Orçamento de Estado para o ano em curso não passa ainda de um “esboço” em que ninguém acredita, quer arrasta ou é arrastado por um ministro das Finanças de repente desaparecido.
A “reversão” dos transportes públicos já deu viagens de borla aos familiares dos seus bem pagos funcionários, mantém o grosso do território nacional sem transportes públicos e pode vir a custar-nos a todos muitas centenas de milhões de euros.

… E perante tudo isto, o que é feito dos “indignados” que, a cada medida do governo anterior, gritavam pela “revolução” e um par de botas? Fugiram, emigraram, foram para o Governo, receberam “jobs for the boys”… ou andam envergonhados pela catástrofe governativa da tríade PS-BE-PCP?

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Distâncias


Vivo há mais de dez anos no interior profundo do concelho de Caldas da Rainha, numa zona rural que fica a cerca de 11 quilómetros da capital do concelho, distância que se percorre numa duração que oscila entre os 15 a 20 minutos.
Não é muito. Mas, para quem vive no interior rural e na cidade que é capital do concelho, é uma distância quase comparável àquela que separa a Terra de Plutão.
Há, na cidade de Caldas da Rainha, um sector social, político e económico que constitui uma verdadeira "nomenklatura" à escala local. Os seus membros vivem e circulam na cidade ("as Caldas" é só a capital do concelho e não o concelho), fazem aí as suas políticas e politiquices e parecem ter verdadeiro horror ao resto do concelho.
Um dos membros dessa "nomenklatura" deixou de residir em Caldas da Rainha há, pelo menos, oito meses. Hoje vive também "no interior profundo" mas noutro concelho. Eis o que escreveu numa rede social:
«Vivo há 7 meses no interior profundo de Portugal. Desde então, tenho conhecido melhor a realidade do mundo rural e da interioridade. Devo dizer que, do ponto de vista económico, o que se vê é uma tristeza. Há todo um potencial de riqueza e emprego que foi abandonado há 40 anos e que está longe de se conseguir aproveitar, Exceptuando as plantações de eucaliptos, os campos estão quase abandonados e o desemprego grassa entre a população do interior, sem que se vislumbrem os investimentos necessários.
Os programas de desenvolvimento rural que conheço, têm mais de burocracia e de afastamento e desconhecimento da realidade, do que de viabilidade e contributo eficaz para o referido desenvolvimento. Os técnicos do Min. da Agricultura fazem incursões às sedes dos concelhos, para desaparecerem de seguida com um percebido "até nunca". As câmaras municipais, por seu lado, dão mais atenção à cidade do que às freguesias rurais, faltando aproveitamento dos campos e conservação das bermas das estradas, das valetas, das ribeiras, etc. Antigamente, havia práticos agrícolas, guarda-rios, cantoneiros e outros homens de terreno que apoiavam, orientavam e fiscalizavam as populações. O que há agora?
»
Tudo o que o autor destas linhas citadas escreve podia, pode e poder-se-á aplicar à situação das freguesias rurais de Caldas da Rainha.
Foi pena que tivesse de ir para longe ver com o mundo com outros olhos para chegar à mesma conclusão a que eu cheguei.
 

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

"Dark Corners", de Ruth Rendell: a sua última história

 
Ruth Rendell (1930 - 2015), baronesa, Lady Rendell of Babergh, simpatizante do Partido Trabalhista e autora de mais de 50 romances e diversos livros de contos e que a certa altura usou também o pseudónimo Barbara Vine, foi uma das melhores autoras de histórias policiais, se não mesmo a melhor, conjugando todas as tradições do género uma extensa e multifacetada descrição do quotidiano inglês em vários domínios.
Não há Agatha Christie, P. D. James ou outra, que a suplantem em Inglaterra e, no universo anglo-americano, só a americana Karin Slaughter merece encómios quase à medida.
Em Portugal, Ruth Rendell foi publicada com algum êxito mas, por motivos que terão a ver com algumas peculiaridades pouco recomendáveis do mundo editorial nacional, desapareceu do mercado português.
"Dark Corners", que só agora li, é o seu último romance, pertencente à fase em que o seu herói,  Wexford, se reformou, e em que começou a usar o seu próprio nome (já não Barbara Vine) para escrever histórias admiráveis que são verdadeiras crónicas sobre o quotidiano da sociedade inglesa num estilo descritivo com menos diálogos do que é habitual.
"Dark Corners" tem um herói sombrio e psicótico no meio de uma teia de gente falhada: um escritor também falhado que nem senhorio de parte do seu prédio consegue ser. E que, sendo responsável pela morte de uma actriz também falhada, assassina o inquilino que lhe descobriu a sua má acção. 
Sendo o seu último romance, "Dark Corners" faz pensar que a autora poderia não o ter dado por completo. Talvez lhe façam falta algumas particularidades do seu estilo, que mais se notam na descrição de ambientes.
A dúvida não invalida, no entanto, a qualidade (a sempre habitual qualidade) da escrita de Ruth Rendell e o que parece ser, aqui e ali, uma imperfeição não corrigida só torna mais sentida a sua ausência, que nem uma releitura das suas melhores obras compensa.