sábado, 27 de fevereiro de 2016

Estamos todos à espera de novas eleições

O PS, partido que definitivamente só medra colado ao poder do Estado e dele dependente, precisa de legitimar o golpe de Estado parlamentar que lhe permitiu formar o actual governo e desembaraçar-se das muletas em que se transformaram o BE e o PCP. Precisa de eleições legislativas antecipadas.
O BE, uma espécie de protótipo do PS, já percebeu (até por ser essa sua origem social e cultural) que precisa de estar colado ao poder e que só cresce se conseguir mostrar que as veleidades revolucionárias dos seus “pais fundadores” (o trotskismo e o estalinismo) se apaziguam com o poder e todas as suas mordomias. Precisa de eleições legislativas antecipadas, se conseguir uma frente eleitoral com o PS.
O PCP não precisa de eleições legislativas antecipadas… a não ser que consiga chamar a si a autoria da chuva de intenções populares com que é penteado o Orçamento de Estado para 2016 e mostrar à população, em geral, que, satisfeitos os seus clientes específicos, não há greves nos transportes públicos e as escolas estão tranquilas. Mas, tendo de dividir a autoria com o BE e o PS, pode ficar em maus lençóis depois da estrondosa derrota da sua candidatura presidencial.
O Orçamento de Estado para 2016 é isto: a preparação do terreno para a realização de eleições antecipadas assim que for favorável, pelo menos, ao PS e ao BE. 
O PSD e o CDS, por outro lado, também precisam de eleições legislativas antecipadas, para confirmarem a vitória de Outubro de 2015. Mas não podem dar um passo em falso, indo para eleições quando, e se, o adversário (as “esquerdas”) for mais forte.
E a antecipação das eleições legislativas (que só deveriam realizar-se em 2019) depende da vontade dos partidos e das direcções partidárias?
Em parte, mas também pode depender de orçamentos rectificativos com mais impostos, de um aumento significativo do nível de trafulhice do actual governo, de um novo empréstimo internacional se a crise económica se agravar e o Estado deixar de ter dinheiro.
E, ainda, dos resultados das eleições autárquicas de 2017 (e recorde-se que as eleições autárquicas já conseguiram deitar abaixo dois governos, de Pinto Balsemão e de António Guterres) ou dos resultados das eleições europeias de 2018.
As eleições legislativas de Outubro de 2015 deviam ter servido (e o respeito pelos seus resultados reais tê-lo-ia permitido) para garantir um período de estabilidade, que era indispensável. Um golpe de Estado parlamentar conduziu a isto: estamos todos à espera de novas eleições.
 
 

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