domingo, 3 de abril de 2016

Filha-da-putice em letras pequeninas

Em Janeiro deste ano paguei a conta da água (Serviços Municipalizados de Caldas da Rainha) pelo "homebanking". Ou seja, não paguei. Porque, por lapso, não completei a operação. E a conta ficou por pagar.
Seria normal, como acontece por exemplo nas telecomunicações, que essa quantia passasse para o mês seguinte.  Foi, aliás, a informação que me deram quando telefonei para os Serviços Municipalizados (SM).
A factura seguinte veio com uma soma maior e paguei-a. Devo ter pensado, sem ver, que a conta em falta estava incluída. A seguir veio outra factura, que também paguei.
Esta semana tive uma surpresa: uma intimação (penhora de bens, juros e mora e custos da execução) para pagar a tal conta. Que quase triplicou o valor inicial.
Verificadas as duas facturas anteriores, lá estava o aviso: "Nesta data existe uma fatura já enviada em dívida. Esta situação que pode resultar de esquecimento é regularizável nos nossos balcões." Em letras pequeninas, sem mais pormenores, sem ameaças, até com uma palmadinha nas costas ao falar em "esquecimento".
Mas, na prática, a dizer isto: "Não te preocupes, quando puderes vens cá, a gente logo fala... e quanto mais tarde vieres, melhor, porque mais te fodemos."

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Não admira, claro, num serviço onde não se liga às rupturas da rede de água, onde as reparações públicas passam para o horário pós-laboral quando já se pagam horas extraordinárias, onde as taxas aplicadas ao preço da água mais do que duplicam o valor da água consumida, onde atirar alcatrão e terra para cima de buracos mal tapados deve ser considerado um trabalho de excelência.

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