segunda-feira, 4 de julho de 2016

José Sócrates, 1 - Marcelo Rebelo de Sousa, zero

É certo que todas as pessoas devem ser consideradas inocentes até transitar em julgado a sentença judicial que em definitivo demonstre o contrário e o próprio Presidente da República afirmou-o a propósito de um seu funcionário.
Mas o cidadão José Sócrates não é só um arguido à espera de acusação e, a haver acusação, à espera de julgamento. É um ex-primeiro-ministro que, para contrariar as suspeitas que até o levaram à prisão preventiva, forneceu explicações eticamente duvidosas.
Agiu mal, e provocatoriamente, o presidente de câmara que convidou Sócrates a estar presente na mesma cerimónia em que estaria o Presidente da República.
Agiu mal Sócrates ao aceitar o convite (mas não se esperaria outra coisa de quem quer vencer a justiça fora do seu âmbito específico).
E agiu muito mal o Presidente da República ao sujeitar-se ao encontro. Devia ter cancelado a sua deslocação (e há mil e uma maneiras de uma figura do Estado o fazer) ou feito saber, informalmente e com todo o cuidado, que não poderia ir se a principal figura da Operação Marquês lá estivesse.
Não havia, nem há, motivo nenhum (a não ser uma afinidade político-partidária em que ainda não é possível acreditar...) que justifique este encontro de Marcelo Rebelo de Sousa com o ex-primeiro-ministro arguido que insiste em influenciar políticos e juízes. Ao aceitá-lo, o presidente Rebelo de Sousa deixou-se rebaixar.
Talvez tenha recebido votos a mais.



Há "afectos" que o Presidente da República devia evitar (© José Coelho/Lusa)

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