sexta-feira, 28 de outubro de 2016

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Porque não gosto dos CTT (103): um atraso vergonhoso



Com data de 30 de Setembro, chegou 27 dias mais tarde.
A seguir fazem o quê? Começam a deitar fora as cartas?

Durante quase uma semana, e à excepção dos dois jornais regionais, não houve distribuição de correio na minha morada. E isto apesar de, na segunda-feira, o carteiro ter passado, fugazmente, por aqui.
O resultado disto é o inaceitável e vergonhoso atraso que acaba por se verificar na entrega da correspondência.
É uma situação de descalabro e de desrespeito absoluto pelo consumidor que está na fronteira do extravio de correspondência e que vai para lá da simples incompetência.
Hoje, dia 27 de Outubro, chegou isto:

- com data de envio de 30 de Setembro: correspondência da Via Verde e de um banco;
- com data de envio de 1 de Outubro: de uma entidade bancária;
- com data de envio de 3 de Outubro: de um banco;
- com data de envio de 11 de Outubro: dos Serviços Municipalizados da Câmara Municipal de Caldas da Rainha (a cerca de 9 quilómetros daqui);
- com data de envio de 11 de Outubro: de uma seguradora;
- com data de envio de 14 de Outubro: de uma seguradora;
- com data de envio de 16 de Outubro: de um banco;
- com data de envio de 16 de Outubro; de um banco.

O passo seguinte nesta miserável degradação de um serviço péssimo como este é a pura e simples destruição de correspondência. E não é de excluir que isso já possa estar a acontecer...

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Independentes dos actuais partidos ou dependentes de um futuro partido?

Os independentes deixam de o ser
quando se ligam a movimentos organizados
de âmbito nacional


Maria Teresa Serrenho foi candidata à presidência da Câmara Municipal de Caldas da Rainha em Setembro de 2013 por um grupo razoavelmente organizado de "independentes", que se intitulou Movimento Viver o Concelho (MVC).
O MVC teve uma votação apreciável nas eleições locais. Mas, menos de dois anos depois, com a actividade local do MVC praticamente extinta, Maria Teresa Serrenho juntou-se à campanha de um dos candidatos à Presidência da República, sem abandonar (nem suspender) o cargo de presidente do MVC.
Na prática, o MVC pegou nos votos que teve e levou-os para o candidato presidencial. Que, felizmente, como era evidente, foi derrotado.
Recentemente, o MVC (de que pouco parece restar) deu sinais de querer voltar a intervir nas eleições autárquicas de Caldas da Rainha.
Recentemente, o candidato presidencial anunciou o lançamento de uma organização nacional, a que chamou "Frente Cívica".
Maria Teresa Serrenho tem, de novo, lugar de destaque neste emergente projecto megalómano. E continua como presidente do MVC.
Quem, nas eleições de Caldas da Rainha do próximo ano, for ainda votar no MVC, pensando que são um grupo local de cidadãos independentes, estará a votar num projecto político nacional que assume claramente o formato de embrião de um partido político.  

Orçamento Participativo de Caldas da Rainha: agora, défice de transparência e clientelismo?!


Foi há dois que escrevi pela primeira vez sobre o mecanismo do Orçamento Participativo neste concelho (Caldas da Rainha), regressando depois ao tema para classificar este dispositivo financeiro como "uma treta, um embuste e uma fralda" (todos os pormenores aqui).
A explicação é simples, e facilmente comprovável: os projectos que maiores possibilidades têm de ganhar o apoio do Orçamento Participativo têm sempre o mesmo padrão: (a) estão restritos a uma área geográfica (como quase todos estão) e não interessam aos habitantes de outras áreas; (b) são projectos que cabem perfeitamente nas atribuições e competências da Câmara Municipal e/ou das juntas de freguesia; (c) são excluídos projectos de âmbito social e/ou cultural mais vasto que não cabem, automaticamente, no âmbito das competências autárquicas.
É nesta perspectiva que o Orçamento Participativo não serve o conjunto dos cidadãos do concelho, cria a ilusão de que serve e de que vale a pena tentar alguma coisa e serve para os órgãos concelhios terem qualquer obra que não lhes saia directamente do orçamento.
Os resultados e os projectos deste ano confirmam-no: uma reformulação de uma praça da capital do concelho (o projecto que vai por diante), melhoramento num parque infantil, um miradouro, plantação de árvores e arbustos e passadeiras de peões, por exemplo.

Hugo Oliveira, vice-presidente da câmara, na contagem dos votos do Orçamento Participativo:
nem a Câmara Municipal parece interessar-se (© "Gazeta das Caldas")

"Votação influenciada
por uma clientela fiel"


O MVC (talvez na sua estratégia de relançamento para as eleições do próximo ano) quis intervir, há meses, no processo do Orçamento Participativo e até se ofereceu para ensinar a fazer projectos. A bondosa intenção não passou disso e, agora, pela voz da sua presidente, o MVC descobriu os pecados do Orçamento Participativo.
Ouçamo-la: "Quando o Orçamento Participativo é capturado pelo poder, como um meio de concretizar 'projectos', que embora há muito planeados pelos executivos, teriam muito mais aceitação e impacto se fossem fruto de uma proposta do Orçamento Participativo. Esses projectos muitas vezes estruturantes, ou de grande visibilidade mediática, que deveriam ser considerados como opções orçamentais do município, são propostos então, a pedido ou por sugestão, por pessoas ligadas de alguma maneira aos executivos, simulando uma abertura à participação dos cidadãos, que acabam por se sentir usados e desmotivados para participações futuras, criando-se assim o efeito perverso do Orçamento Participativo.  Esta situação ainda é mais impactante, quando a votação, pouco prática e pouco transparente, é influenciada, pelos mesmos do costume, uma clientela fiel, que vota no que lhes mandam, não conhecendo sequer o conteúdo dos projectos, nem o seu benefício em prol do bem comum."
Maria Teresa Serrenho tem razão em parte do que diz mas, no que se refere às suspeitas que levanta ("pouco transparente", "clientela"...), ficar-lhe-ia bem fundamentá-las. A bem da transparência, claro.
De qualquer modo, esta intervenção é importante. Pode ser que suscite outras intervenções, de preferência um pouco mais claras e mais incisivas. Eu, pela minha parte, já me pronunciei há dois anos.



E que tal um Orçamento Participativo para poupar a Junta de Freguesia a estas maçadas?


terça-feira, 25 de outubro de 2016

EDP - A Crónica das Trevas (69): regresso ao passado

Há precisamente 24 horas faltou a luz. O apagão durou talvez cinco minutos.
Esta manhã e à hora do almoço voltou a acontecer o mesmo, embora por menos tempo.
Parece que estamos a voltar ao "antigamente" incompetente de há meia-dúzia de anos...

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Pedro Dias? Ou Pedro Semanas? Ou Pedro Meses?...


Manuel Palito tinha, na sua insignificância, uma figura vagamente simpática. Parecia sempre enfezado, escondido atrás do bigode, fugido durante um mês à GNR que parece ter usado de pouca subtileza quando se atirou para o terreno onde, aparentemente em dois dias, a PJ o apanhou.
Pedro Dias, a monte há duas semanas, é diferente. Tem um olhar mais determinado, parece ter agido com maior frieza quando matou e agrediu e, mesmo com a PJ já no terreno, tem trocado as voltas às autoridades. E à imprensa também que, como sempre acontece perante situações mais complexas, não sabe bem o que há de fazer, gaguejando comboios de "então" a cada "directo".
Pode dizer-se que duas semanas ainda é curto, sobretudo quando a "caça ao homem" (expressão que horrorizou alguns liberais mais impressionáveis) tem muitos elementos policiais num terreno que o fugitivo parece conhecer muito bem (e onde pode, até, beneficiar de algum apoio, decerto que bem intencionado). Mas parece que já passou muito tempo e o que se vai sabendo, ou suspeitando ou especulando, sugere que pode passar ainda mais.
E Pedro Dias, algures noutro país, ou noutro mundo, até pode sonhar em mudar o seu apelido...

"Anatomia de um Soldado", de Harry Parker



Uma tradução minha para a Elsinore (20|20).
Mais informações aqui, com as primeiras páginas.

"Anatomia de um Soldado" é um livro admirável. É sobre a guerra e sobre quem a faz, num lado e no outro, sobre a morte e a vida, sobre a sobrevivência e a destruição.
Harry Parker, o autor, capitão inglês e filho de um oficial de carreira inglês, viveu a guerra e conta neste livro a sua experiência sob a forma de romance: Parker pisou um engenho explosivo improvisado e tudo mudou. Não morreu mas perdeu parte de si.
A narrativa é também admiravelmente construída: pela sobriedade da escrita, seca e atendo-se ao essencial; e pelo ponto de vista - quem conta a história são as dezenas de objectos que entram em contacto com o capitão, desde o momento em que se prepara para partir para a guerra (no Afeganistão ou no Iraque, não sendo identificado o teatro de operações) até ao último momento.
O relato é pungente, violento, por vezes brutal, comovente noutras passagens, discretamente triunfante quando a última batalha é vencida. E se aborda a guerra aborda também a condição militar.
Traduzi-o a lembrar-me não de outro romance que tivesse lido sobre a guerra mas de dois filmes: "E Deram-lhe uma Espingarda", de Dalton Trumbo (1971), e "A Grande Batalha", de Sam Peckinpah (1977). O primeiro é sobre a destruição causada pela guerra e o segundo é sobre o modo como os militares lidam com ela. Os dois filmes enfrentaram diversas incompreensões.
"Anatomia de um Soldado" ("Anatomy of a Soldier", grande título que a Elsinore felizmente manteve), só não será um clássico com a guerra por tema se o preconceito não o deixar.



domingo, 23 de outubro de 2016

250 kg




Ontem (sábado) à tarde, no ginásio Balance Club, numa máquina "Leg Press" e numa sequência de repetições de 12 vezes (220 kg), 10 vezes (240 kg) e 8 vezes (250 kg), cerca de 10 anos e meio depois de ter começado a dedicar-me às actividades gimnodesportivas.

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Assim se vê... a sacanice do PCP




Na Assembleia Municipal de Caldas da Rainha, o PCP, que antes não gostava de impostos sobre o povo trabalhador e agora já delira com eles, votou contra a diminuição da parte do IRS de que as câmaras podem abdicar para benefício dos contribuintes.
A fonte é a "Gazeta das Caldas" de hoje.

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Pode cair, não é?

Foi no início de Junho do ano passado (como aqui demos conta) que o Penedo Furado, um monumento geológico situado na Foz do Arelho, começou a desagregar-se. Há 16 meses, portanto.
Um parecer do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), segundo noticia o "Jornal das Caldas" desta semana, recomendou já este verão medidas urgentes para travar a destruição, mesmo que isso implique a descaracterização do Penedo Furado.
O LNEC pode propor mas não lhe cabe, talvez infelizmente, a intervenção.
E por aqui ninguém se importa, nem a Câmara Municipal nem, por exemplo, os partidos que acham o local pitoresco para os seus comícios.
Portanto... Pode cair, não é?


Na 1.ª página do "Jornal das Caldas", esta semana

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

"Hotel Impossible": melhorar não é uma missão impossível



Anthony Melchiorri: aprendam com ele e divirtam-se

Uma colcha suja, os lençóis também, talvez com uma ranhoca e um pelo do nariz, sangue ou mesmo diarreia, um pelo púbico, dois ratos gigantes de louça muito pirosos à entrada, uma sala de reuniões ou de refeições onde pinga... para um caixote de lixo emporcalhado, reposteiros presos com fronhas... E isto só em dois, ou três, hotéis e sem incluir todas as falhas detectadas.
É este o reino de um programa de "reality TV" transmitido pelo canal Travel de que vi o começo de alguns episódios e meramente por acaso. 
Intitula-se "Hotel Impossible" e tem como cicerone Anthony Melchiorri, gestor e consultor da actividade de hotelaria, um homem frenético, completamente calvo e irritantemente divertido, que vai a hotéis degradados, mal geridos, decadentes e, em suma, nada recomendáveis, que ele irá ajudar a reabilitar, vencendo inércias e resistências internas. 
A abordagem é quase sempre a mesma: a caracterização do local, a entrada do hotel, o ambiente, um quarto, os donos. E o mais divertido é isso mesmo: cada começo e cada entrada a matar protagonizada por Anthony com quem, aliás, podemos de imediato começar a aprender como se deve apresentar um hotel aos seus eventuais clientes.
O grosso do programa pode ser especialmente interessante para quem trabalhe no ramo, ou em qualquer empresa de serviço directo ao público, já agora. Mas o começo, os 15 ou 20 minutos iniciais, é delirante e instrutivo, e uma bênção para o público em geral, que fica a saber como deve reclamar e porquê num estabelecimento hoteleiro.
Os pormenores sobre "Hotel Impossible" e o seu apresentador estão disponíveis no site do canal Travel aqui.


domingo, 16 de outubro de 2016

Como se escreve no "Expresso" sobre televisão


11 meses


A campanha eleitoral dele já começou
Falta menos de um ano para as eleições autárquicas de 2017.
Não se nota, em Caldas da Rainha, que o CDS, o PS, o PCP ou o MVC tenham interesse nesta eleições ou queiram derrotar a imprestável maioria absoluta do PSD, cujo candidato (e presidente da Câmara Municipal) já está em campanha eleitoral há várias semanas.

sábado, 15 de outubro de 2016

Uma modesta proposta para ajudar a “geringonça” a cumprir a meta do défice e para tornar a flatulência benéfica para a República: tribute-se o peido



... e goste da austeridade da esquerda ao mesmo tempo

É motivo de melancolia para aqueles que passeiam por este grande país verem por todo o lado tanta gente que pode andar a fugir aos impostos, ou que esconde o dinheiro que tem, ou que não tem nada a que o Estado lhe possa deitar a mão para compensar o facto de, pela sua condição económica, fazer parte da metade da população que não tem rendimentos para pagar IRS.
Imagine-se, o que é ainda pior, que essa gente não tem casa própria onde dê o sol, que não tem carro próprio, que não bebe coisas doces – como é que raio é que poderão ser ainda mais tributados em sede de IMI, em sede de ISPP e em sede de imposto dos açúcares estrangeiros?
Por uma única coisa, por aquilo que toda a gente produz e que eles também. E com um efeito multiplicativo que talvez resolvesse mais rapidamente o problema do défice e pudesse contribuir para um efectivo aumento salarial da função pública.
Ou seja: o peido. 
Ou, se o leitor for mais sensível, a flatulência.
A grande maioria da flatulência emitida pelos seres humanos não passa despercebida. Pelos outros seres humanos, claro, porque se for o próprio individuo… bem, é lá com ele. 
É isso que denuncia o autor da flatulência. A sua quantidade pode ser aleatória, variar ao longo do dia e da noite, ter som ou não, tocar as narinas das cinco pessoas mais próximas ou da 20 que o rodeiam.
E o truque fiscal está aí. Basta o cheiro – com esse indício, que nenhum tribunal fiscal e administrativo nem o Tribunal Constitucional poderão pôr em causa, poderia o Fisco intervir e cobrar imposto. 
Mas… depois de a coisa ter acontecido? Não, no momento: bastaria lançar sobre as multidões equipas de inspectores-cobradores de faro apurado. 
Até porque o mecanismo pode ser “simplex”. O imposto sobre a flatulência não seria aplicada ao putativo flatulente mas a todas as pessoas que estivessem no preciso local da flatulência. Porque qualquer um poderia ser o flatulente e porque o efeito cumulativo seria fiscalmente mais aconchegante. E porque, se não fossem atingidos pelo imposto, não quereriam fazer a conveniente pressão social em prol da correcção intestinal.
Imagine-se, agora, o acto único da flatulência tributado a 1 euro. Admite-se que haja peidos susceptíveis de valerem mais (os dos capitalistas, por exemplo) mas ficariam de reserva para outro Orçamento de Estado. 
Numa multidão de 20 pessoas, num simples momento de minutos, seriam logo 20 euros. E por aí adiante: os transportes públicos a ruas mais frequentadas, passando por restaurantes, centros comerciais e manifestações desportivas e políticas e festivais de música, poderiam recolher-se por todo o País milhares de euros todos os dias.
Com um argumento bem “verde”: seria para defender o ambiente.
Quem é que, neste governo de gente tão esclarecida e sabedora de tudo aquilo que é correcto, poderia rejeitar uma tão modesta proposta? Que, aliás, ficaria muito ao seu nível…


quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Um governo que só governa para Lisboa






Quando este governo aumentou, de emboscada, o Imposto sobre os Produtos Petrolíferos, demonstrou, de imediato, o que era e como queria ser: um governo preocupado apenas com alguns e não com o bem geral. 
O chefe do Governo, com a sobranceria que o caracteriza, recomendou nessa altura aos portugueses que passassem a andar de transportes públicos para não pagarem mais (ou ainda mais) pela gasolina e pelo gasóleo. Agora, e decerto que com a sua autorização, sai uma fuga de informação sobre o Orçamento de Estado para 2017 segundo a qual haverá deduções no IRS para quem andar de transportes públicos.
Ou é ignorância, ou é má fé, ou é demagogia ou é o contrário de qualquer racionalidade. Ou tudo junto. 
O País (o chamado “país real”) não tem transportes públicos.
Há-os, mal ou bem, em Lisboa, Porto e Coimbra, abrangendo subúrbios. Depois, e dentro das cidades, há transportes públicos em capitais de concelho. O interior e a sua população, aquela que vive a alguns quilómetros da capital do seu, não têm transportes públicos dignos essa designação. Não há carreiras regulares que passem pelas aldeias, ou pelos aglomeradas de casas onde vive gente, ou pelas freguesias e durante todo o dia. 
(Poderá, é claro, argumentar-se que não são rentáveis transportes públicos durante todo o dia em percursos onde poderão recolher três ou quatro pessoas e, em alguns casos. E que nenhum município se meteria numa aventura dessas. É verdade. Mas mais errado é, por exemplo, ter a população de concelhos sem transportes públicos a pagar os prejuízos dos transportes públicos de Lisboa e os privilégios dos seus trabalhadores.)
Resido há cerca de dez anos no concelho de Caldas da Rainha. Não na sua capital mas no interior, a cerca de dez quilómetros da cidade que é a capital do concelho. Tenho carro próprio e é o que utilizo para me deslocar à cidade, onde está tudo concentrado. E vejo como, sem carreiras de transportes públicos, andam pelas estradas em carros já muito velhos e pouco seguros, ou nos “papa-reformas”, pessoas de idade avançada que precisam de ir à cidade. Para uma consulta médica, por exemplo. Em alternativa, ou chamam um táxi (o que é caro), ou ficam dependentes de um familiar, amigo ou vizinho. E a elas, quando guiam, já as tenho visto a andar de carro no meio da estrada ou na via contrária.
A realidade do País é esta. Ou pior ainda: há concelhos maiores e de estradas muito piores do que Caldas da Rainha.
Se for real a intenção imbecil de garantir deduções no IRS aos passageiros de transportes públicos, gerar-se-ão o desequilíbrio fiscal e a desigualdade económica entre os que têm transportes públicos nos seus concelhos e os que não têm. Os primeiros terão desconto no IRS, os segundo não. É esta a agenda do Governo, realmente? Favorecer uns contra os outros? Mesmo a este nível?
Espero que haja partidos e candidatos eleitorais locais e presidentes de municípios que impeçam o disparate. Infelizmente não me parece que, havendo, o queiram fazer. Ou que percebam a essência da questão.


terça-feira, 11 de outubro de 2016

Porque não gosto dos CTT (102): 15 dias de atraso!

Na semana passada, pelo menos à conta do feriado de 5 de Outubro, não houve distribuição de correio. E só cá chegaram os dois jornais regionais que assino e que me parece serem vagamente prioritários em matéria de distribuição postal.
Depois de ontem nem ter havido correio (estariam demasiado cansados pela semana tipo feriado?...), chegaram-me hoje, dia 11 de Outubro:

- uma carta enviada de Lisboa no dia 27 de Setembro;
- duas cartas enviadas do Porto no dia 28 de Setembro;
- uma carta enviada de Lisboa no dia 29 de Setembro.

Ou seja, chegou tudo 15 dias depois e ao mesmo tempo, como se durante estes dias ninguém tivesse mexido nas cartas.


domingo, 9 de outubro de 2016

A traição sindical

Mário Nogueira (Fenprof) e o actual ministro da Educação: quem manda?

Vi ontem, num telejornal, duas notícias em sequência: na primeira, uma professora queixava-se de andar há anos a ser colocada de escola em escola por todo o País, estando agora a trabalhar num café por não ter arranjado lugar numa escola; na outra, uma escola do interior estava fechada por faltar qualquer coisa.
Este tipo de notícia não é uma novidade. O que é uma novidade é a falta de uma presença habitual: a dos sindicatos dos professores.
No caso da escola fechada, é estranho não haver professores, pais ou figurantes a protestarem com cartazes; no caso da professora, é estranho não haver um enquadramento: quantos há nestas condições neste começo de ano lectivo? Se o Ministério da Educação é lento a dar essas informações, havia quem de imediato as possuía: os sindicatos. Só que, neste caso, também não há sindicatos.
A situação nas escolas do ensino básico e secundário não se alterou sensivelmente, para lá da suspensão dos exames e da questão dos manuais escolares mais ou menos emprestados e à condição.
O orçamento das escolas continua a ser pobre, há professores e candidatos a professores sem trabalho, a indisciplina continua, os professores não beneficiam de melhores condições de trabalho, as carreiras continuam congeladas. Só que… ninguém protesta. Ou, mais precisamente, os sindicatos não protestam. Melhor: já não protestam.
Os sindicatos saíram de cena, calaram-se. E porquê? Já não conseguem fazer nada, ou conseguiram alcançar os seus objectivos, favorecendo os seus associados?
Não é o caso. A única explicação é, no caso dos sindicatos dos professores, o facto de estarem a cumprir a agenda dos partidos do Governo (PS, PCP e BE). E a única bandeira com que poderão acenar é com os benefícios obtidos para a função pública. Só que um deles (o das 35 horas de trabalho) em nada favorece os professores. E o outro (a revalorização salarial) favorece, no curto prazo, mas seria mais benéfico o descongelamento das carreiras, pelo alcance que teria a médio e longo prazo.
O silêncio dos sindicatos dos professores revela desse modo a sua dependência dos partidos, nomeadamente do PCP e do BE. Os dois partidos prometeram a “paz social” ao PS e decretaram que os sindicatos, e não só na educação, devem calar-se.
Os associados dos sindicatos dos professores e a classe profissional que sempre disseram defender foram traídos.
A palavra é essa: traição. E os seus dirigentes são, simplesmente, traidores.


(Publicado no Tomate.)


sábado, 8 de outubro de 2016

EDP - A Crónica das Trevas (68): às escuras

Às 7h09, quando me preparo para trabalhar (eu não trabalho só nos "dias úteis"), a luz desaparece.
Já há algum tempo que não há falhas na distribuição de electricidade, há algum tempo que não sou obrigado a explicar à estúpida criatura que me atende o telefone que não estou para ir às escuras à procura do "código de identificação local".
Voltamos portanto ao reino das trevas de uma empresa, a EDP, que vive à custa de todos nós, que mete milhões de euros num monumento à sua vaidade e que descura a manutenção das infraestruturas de que é proprietária em regime de monopólio absoluto.
Puta que os pariu!

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Tão engraçadinhos que eles são







O idiota que inventou esta piada imbecil revela na perfeição a mentalidade e o programa ideológico da esquerda que tomou conta do Governo: uma visão retrógrada que ignora as particularidades do mundo em que vivemos e das pessoas que nele habitam.
Para esta gente, não há que trabalhar nos feriados. Só é preciso trabalhar quando o patrão ou o Governo mandam e, mesmo assim, sabendo que têm o salário garantido ao final do mês, também não precisam de se esforçar muito.
A realidade é, no entanto, mais complexa.
A economia e a o mercado existem aos feriados, assim como nos sábados e nos domingos.
Os centros comerciais não fecham, os supermercados também não.
Há empresas, sobretudo as mais pequenas, onde pode ser necessário trabalhar nesses dias.
Os trabalhadores independentes e os empresários por conta própria podem precisar de trabalhar nos feriados, porque há trabalho para fazer ou prazos a cumprir.
Quem fez a piada, e quem lhe acha graça, deve ser da função pública. Ou seja, do sector laboral que é, actualmente, o mais privilegiado de todos. Não têm trabalho. Têm emprego. À nossa custa.


quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Não, eles é que ganham




Não sou dos que pensam que um qualquer destaque de um conterrâneo ou compatriota numa outra dimensão geográfica seja de imediato um motivo de valorização dessa dita pessoa.
É como o manto de benevolência com que se aconchega cada morto público: era sempre uma excelente pessoa, incapaz de fazer mal ao seu semelhante.
Neste caso, o único ganho que vejo nisto (na bacoca manchete do "Público" e na percepção geral) é o que favorece Marcelo Rebelo de Sousa, António Costa e José Sócrates: deixaram de ter rival para as eleições presidenciais de 2021, o que poderia acontecer se a bondosa criatura andasse por cá. Ou então, mesmo dando-lhe o benefício da dúvida, como não é possível saber se ele conseguiria ser pior no cargo do que os acima citados, é realmente preferível nem fazer a experiência. Ainda bem que fica longe. 

domingo, 2 de outubro de 2016

A transferência da qualidade do cinema para a TV

"Os anos 70 foram os grandes dias do cinema de Hollywood, quando se faziam grandes filmes, filmes médios e pequenos filmes. Foi esse espaço de qualidade, entre os filmes de arte e ensaio e os 'blockbusters', que a televisão ocupou e é aí que os actores querem estar."
Esta observação do actor Sam Neill, em entrevista à revista "Empire" (n.º 328, Outubro de 2016), numa referência à sua participação na magnífica série "Peaky Blinders", ilustra bem o papel e o estatuto da ficção televisiva dos nossos dias: um terreno audiovisual intermédio onde se vai afirmando a qualidade em parte perdida pelo cinema que pode considerar-se tradicional e que começa a dividir-se entre as grandes produções e os "remakes" de êxitos e os filmes independentes ou de menor orçamento.
O futuro do cinema, ou da ficção audiovisual, em geral, passa todo por aqui. E nem sequer é difícil percebê-lo.


"Peaky Blinders", sem estreia nem "press releases" em Portugal,
é uma das melhores séries inglesas dos nossos dias

TV: "press releases" a mais e jornalismo a menos

Não há publicação dita "de referência" que, por exemplo, não anuncie a série televisiva "Luke Cage", com um super-herói secundaríssimo da Marvel numa produção da Netflix. Até pode ser que a série seja interessante, claro, e vê-la-ei quando puder.
Mas esta abundância é, mais uma vez, estranha: ao anúncio, vagamente noticioso, desta ou daquela série nunca se seguem uma referência crítica ou uma opinião.
Ao contrário do cinema (onde quase parece mais críticos de cinema do que espectadores nas salas), a televisão não existe além do "press release".
Será falta de profissionalismo, ignorância... ou ausência de episódios oferecidos para "visionamento"?