domingo, 25 de junho de 2017

Coisas que ainda vale a pena discutir em Caldas da Rainha


Hospital termal de Caldas da Rainha (© "Gazeta das Caldas"/Solange Filipe)

A Câmara Municipal de Caldas da Rainha vai ceder o Hospital Termal e o Balneário Novo (que fazem parte do património termal do concelho) ao Montepio Rainha D. Leonor (que pode ser considerado um hospital privado local).
A câmara, beneficiária da concessão das termas que o Estado lhe outorgou, não tem capacidade nem competência para gerir este património.
Quis que ele fosse seu mas andou vários anos a fazer planos, projectos e contactos com entidades do sector da saúde (de preferência, ricas) e não conseguiu. Com as eleições à porta, optou rapidamente pelo Montepio, que aparenta uma boa saúde financeira. Parece um "ovo de Colombo" mas o negócio tem aspectos demasiado sombrios para ser satisfatório.
O PS e o CDS já avançaram com as suas dúvidas, com a "Gazeta das Caldas" a fazer um resumo das posições desta parte da oposição (o resto da oposição, como é hábito, anda distraída) e o PS a pormenorizar, num trabalho bem feito, todas as suas apreensões, trabalho que, no entanto, passa à margem do seu candidato oficial (de que apenas se conhecem visitas a empresas)
Agitada como bandeira fundamental para o concelho, a questão termal devia ser um dos temas obrigatórios da campanha eleitoral. A candidatura do PSD local (que domina a Câmara Municipal) vai apresentá-la como um grande feito seu. Infelizmente, o resultado é negativo. Eis um ponto que exigiria maior atenção por parte dos protagonistas políticos e sociais.
Mas não só, claro. Ao contrário do que pretende fazer crer a desastrosa gestão municipal, o balanço destes quatro anos do que, numa ironia tristonha, foi designado por "nova dinâmica", acumulam-se problemas por resolver, e vão surgindo outros.
A rede viária deficiente, o mau estado das entradas da capital do concelho, o abandono do interior do concelho (inclusivamente da costa atlântica), o abastecimento de água, o clientelismo em vez do apoio rigoroso às associações necessitadas e a destruição das freguesias rurais são alguns exemplos de como tudo consegue estar pior em quatro anos do que já esteve.

As palavras do presidente da Câmara
e a sua falta de palavra

Neste panorama sombrio há um exemplo que caracteriza toda esta gestão (revelado também pelo PS): o presidente da Câmara Municipal foi-se comprometendo com a construção de um canil e gatil municipal. Foi dizendo que sim, que ele existiria. E que até haveria a inauguração antes do final do mandato (agora, por outras palavras). Mas não há canil nem gatil.
A situação dos cães e dos gatos (perdidos, abandonados, a viverem na rua, a sobreviverem como podem, doentes e mortos sem qualquer tipo de assistência) é grave neste concelho. Os problemas da saúde pública associados são também graves. 
Há associações particulares que fazem o que podem. Os seus projectos não conseguem entrar na pequena farsa do "orçamento participativo". A mentalidade dominante, urbana e rural, não ajuda.
Uma iniciativa como a que foi propagandeada e depois abandonada seria fundamental. Mas não daria votos ao presidente da câmara. A falta de palavra também não, mas nem toda a gente repara.


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